22 agosto, 2024 Memórias dum corno - Parte 7
À hora marcada, cheguei a casa e ouvi logo um reboliço no quarto. Entrei e estava ela no meio de três africanos...
Depois da conversa com a minha mulher, não foi difícil chegarmos a uma plataforma de entendimento em relação aos procedimentos futuros. Estávamos esclarecidos quanto ao que queríamos fazer – ela queria foder com outros gajos e eu queria vê-la e participar.
Limitámo-nos, portanto, a estabelecer os termos e condições, regras e boas práticas, das nossas traições consentidas.
Nada complicado, o mais importante era mesmo distinguir a entrega física da entrega emocional. Ou seja, dar o corpo – cona, boca, rabo, mamas... – tudo bem. Mas a cabeça, nunca! A troca da paixão ficava só para nós.
Essa, aliás, foi a parte fácil, especialmente depois de tudo o que tínhamos vivido – desde a primeira vez que a apanhei a trair-me, passando por vê-la às escondidas dentro do guarda-fato espelhado do nosso quarto, até ao flagrante em que, finalmente, ela soube que eu sabia que me tinha posto os cornos.
Pior foi a seguir. Se antes nunca foi um problema para ela arranjar um amante, depois que a minha participação activa entrou no pacote de oferta, a maioria dos gajos cortava-se.
Entendível. A maioria dos homens fantasia com o menáge à trois, mas o que vem imediatamente à ideia são duas mulheres e um homem, não uma mulher e dois gajos, ou seja, um segundo galo na capoeira, outro pau nas imediações do nosso ameaçando contágios e promiscuidades indesejáveis...
Começando por mim, não fazia nenhuma questão que o meu caralho se andasse a roçar noutro caralho, nem mesmo em eventuais orifícios que não pertencessem à minha mulher. Nada contra, mas não era território que, para já, me agradasse explorar.
Chegámos, pois, à conclusão de que o nosso target era um público mais especializado, mais dado a fetiches. As poucas vezes que tentámos engatar um gajo num bar, deram para o torto. Por isso, acabámos por pôr um anúncio no Classificados X
e aí, quem se apresentava sabia de antemão ao que vinha.
Na organização do nosso novo ritual, decidimos que era eu a abrir a porta aos convivas. Aí as posições ficavam esclarecidas. Ele podia ser o convidado especial, mas eu era o macho alfa.
Primeiro, perguntava-lhe se queria tomar um duche, explicando que se não estivesse demasiado suado, não era preciso, pois se a minha adorada esposa não apreciava gajos a feder a cavalo, também não gostava deles a cheirar a água de rosas.
Depois de lhe servir uma bebida e de falarmos um pouco sobre tudo e nada, eu levantava-me e fazia sinal para que ele me seguisse.
Dirigíamo-nos então ao quarto, que tinha a porta estrategicamente entreaberta, e eu abria-a só o suficiente para ver sem sermos vistos. Aí já estava a minha mulher com as mãos na massa e, imediatamente, o gajo começava a escorrer suor da testa...
Como com certeza já perceberam, até pelas descrições que aqui fui fazendo dela, a puta da minha mulher, como agora eu lhe chamava carinhosamente, era uma mestra da sedução... Eu mesmo nunca sabia como a ia encontrar. Umas vezes de pernas escancaradas a esfregar a racha, outras de cu para o ar a convidar, noutras ouviamo-la a gemer ainda antes de abrirmos a porta e de darmos com ela de cona enterrada num vibrador gigante!
Fosse o que fosse, ficávamos um bocadinho a apreciar as vistas e depois eu conduzia-nos para o centro das operações.
Invariavelmente, ela virava as atenções para o convidado, afinal era ele a novidade. Media-o, provocava-o, chegava-se a ele, apalpava-o, beijava-o, começava a despi-lo... Eu ficava para segundo plano.
Meio atrapalhados, dada a natureza rara da situação, todos eles pareciam bonecos nas suas mãos. Ela lambia-os de alto a baixo, metia-lhes os testículos na boca, começava a mamar-lhes o pau. Eles começavam a miar fininho e acabavam a relinchar quando ela entrava no modo garganta funda.
Então, era ela que escolhia a posição: cona à missionário, cu à cão, ou variáveis. Aguentava preliminares de meias-horas, que os deixavam loucos, mas depois queria ser espetada com vigor.
Só aí, com um caralho a estocar-lhe as entranhas, me procurava para acrescentar sensações.
Se estava a dar o cu, pedia-me para lhe lamber a cona ou meter-lhe o pau na boca. Se estava a dar a cona, queria os meus dedos no cu ou o pau na boca. Verdade seja dita, e para meu benefício, só estava bem com ele na boca!
Rapidamente adquiriu o gosto pelas quatro mãos, quatro pernas, duas línguas e dois pénis, e quando fazíamos amor só os dois, já sentia falta de mais qualquer coisa.
“Uma mulher que nunca foi apalpada por quatro mãos nunca foi fodida como deve ser”, passou a ser uma das suas frases de guerra. E a verdade é que ela que sempre foi de orgasmo finalizador, passou a vir-se com muito mais facilidade.
Anteriormente, só se vinha no fim, agora ia-se vindo enquanto duravam as sessões e no final, às vezes, nem sabia quantos orgasmos tinha tido.
E assim passou a ser a nossa vida de casal. Andávamos sempre excitados, eu de pau teso e ela de racha pingada, constantemente a antecipar novas aventuras.
Aquela programação sexual que se apoderou dos nossos corpos, e das nossas mentes, levava a que a qualquer momento, em qualquer lugar, tivéssemos que parar para procurar um sítio para foder, porque não aguentávamos esperar. Muitas vezes, no carro, metíamos pela primeira mata que encontrávamos e fodíamos ali mesmo, sem nos preocuparmos com quem poderia passar.
Se muitos casais com os nossos anos de casamento dão consigo em épocas de crise, em nós, o elemento transgressor despertou-nos como nunca. Eis como, acabando corno, nunca tive uma vida sexual tão satisfatória como agora.
Não sei quantos gajos já trouxemos para a cama, deixámos de contar. E não pensamos em parar, pois foi como se descobríssemos um filão. Ela adora pelas razões óbvias. Como já referi, basicamente, já não consegue ultrapassar as penetrações duplas, as sensações que já antes a faziam delirar e agora a satisfazem em dobro.
Quanto a mim, são várias coisas misturadas, desde logo o voyeurismo e a humilhação, a estética e o sonoro, mas também o poder, pois, invariavelmente, sou o lado que começa como “vítima”, o corno, mas sou eu que acabo a ditar ordens – o “faz isto e faz aquilo, lambe aqui e chupa ali, aperta-lhe os mamilos, com força que ela gosta, agora mete-lho no cu, esporra-lhe essa boca toda!”
Adoro sentir esse poder e adoro observar a posição de submissão em que os outros homens se colocam, assim como a minha própria mulher, quando eu, tal como um deus ou um ditador casmurro, os manipulo ao sabor dos meus caprichos.
Toda a justiça, talvez até mesmo a minha vingança, se revela aí, nesse momento particular em que eles se submetem ao meu comando... Não diria que é o elemento que me dá mais tusa, mas é definitivamente o que mais a amplifica.
Eventualmente, a minha mulher acedeu também a cumprir fantasias que visavam mais particularmente a minha satisfação. Afinal, se ela tinha direito a bis, porque não teria eu também?
E assim começámos também a convidar mulheres para a cama, e foi a minha vez de me deliciar com quatro mamas, duas bocas, dois cus e um par de conas a ronronar...
Curiosamente, revelou-se mais fácil arranjar mulheres do que homens nos bares, muito pela motivação lésbica, que muitas nunca experimentaram. Ou seja, levavam um gajo para casa à mesma, que era o que procuravam em primeira instância, mas com mais esse condimento extra e excitante de se envolverem com um par assimétrico e assumidamente aberto.
O proverbial caralho para as preencher, mas também as cavidades e concavidades do eterno feminino que alimentavam o seu fetiche...
Até que, aos poucos, e chegando onde estamos agora, fomos perdendo a medida das regras e qualquer coisa passou a ser aceitável.
Há umas semanas foi o meu aniversário e quando a minha mulher me perguntou o que eu queria de prenda, disse-lhe que gostava de a ver num gang bang.
Ela não disse nada nem voltámos a falar do assunto, mas chegado o dia, almoçámos em casa e ela mandou-me dar uma volta, instruindo-me a só regressar por volta das quatro e meia.
À hora marcada, cheguei a casa e ouvi logo um reboliço no quarto. Entrei e lá estava ela no meio de três tipos africanos, todos musculosos e de pau enorme, ajoelhada a mamar neles.
Nesse dia, nem ousei intrometer-me, sentei-me no sofá e fiquei a bater punhetas enquanto a ouvia gritar como uma puta e espirrar de gozo enquanto os três lhe rebentavam os três buracos ao mesmo tempo!
Deixaram-na estendida em cima da cama, estafada e coberta de esporra, e aí tive mesmo de a foder. Estava toda pegajosa e acho que nunca tinha sentido tanta tesão na puta da vida!
Reparei no outro dia que as pessoas já nem nos perguntam se somos felizes, porque é tão notório que o somos. Estamos sempre agarrados, aos segredinhos, cúmplices e apaixonados.
Todos os tabus que fomos juntando a vida inteira, chutámo-los para canto e entregámo-nos a esta nova vida que nos preenche e realiza.
O amor tem muitas formas, não há certo nem errado, e esta é a casa que encontrámos para ele, para o mimar e adorar, até que a morte nos separe.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com