15 abril, 2021 Uma manhã na vida sexual de um casal moderno
Chego a casa e a Noélia está outra vez de trombas. Era tudo muito emocionante quando eu era apenas o barman que ela e as amigas se divertiam a engatar, mas agora que nos juntámos já não acha tanta piada à minha vida nocturna. Principalmente porque, às horas que eu chego, está ela a sair para o trabalho e já quase nunca nos vimos.
08h00
Para ser sincero, nem me lembro da última vez que fodemos, e isso é o mais cruel da situação. Eu chego a casa cheio de tesão acumulada e ela, com o seu mau humor matinal, só quer discutir.
8h15
Depois de uma troca acesa de palavras a Noélia mete-se no duche. Finalmente um pouco de silêncio. Mas a discussão, em vez de serenar os meus impulsos sexuais, só os aumentou. Começo a arrepender-me seriamente dos convites que recusei durante a noite. Nem que fosse um broche, já me acalmava.
8h30
Ouço a Noélia ir para o quarto e, impelido não sei bem por que sentimento, sigo-a. Dou com ela nua, a vestir as cuecas.
Só agora que o vejo reparo há quanto tempo não lhe via o cu. Foi por causa deste cu que eu me apaixonei por ela. Por ser um dos cus mais fabulosos que já tinha visto e porque me deixou brincar com ele logo na primeira noite. Não até ao fim, mas o suficiente para deixar uma marca e criar uma esperança. Nunca soube que uma mulher tivesse um orgasmo ao ser lambida no cu, mas Noélia quase chega lá.
8h35
O meu último pensamento racional, elaborado em condições precárias enquanto vejo Noélia vestir-se, é que o pensamento racional me anda a foder a vida sexual. Portanto, cago para tudo.
Ela acabou de ajeitar as cuecas, bem entaladas nas bordas da cona, por baixo da saia, quando me chego a ela e lhas arranco de um puxão.
8h36
Noélia percebeu ao que venho e faz-se contrariada. Que a largue porque está atrasada, para isso tinha chegado mais cedo. Faz-me querer calá-la, por isso sento-a na cama, tiro o cacete para fora e enfio-lho nas goelas. Ela começa logo a mamar e tudo parece ir com civismo.
8h38
Afinal Noélia não quer caralho. Cospe-o e levanta-se rispidamente, declarando que vai trabalhar. Não chega a sair da minha frente enquanto mo comunica, mas mal a ouço. Agarro-a pelos colarinhos e abro-lhe o vestido à força. Saltam botões. Depois empurro-a para cima do sofá. Cai desamparada e aproveito para lhe rasgar o resto do vestido.
8h39
Noélia está olhar para mim feita parva. Não percebo se é tusa ou ódio no seu olhar. Parece demente. Finalmente quer levantar-se e escapar… Apanha-me de surpresa, mas salto-lhe para cima como um gato e caímos os dois sobre o sofá.
Começo imediatamente a apalpá-la toda. Forço a mão entre as suas pernas, o que ela tenta impedir com bastante energia. Não tem hipóteses.
8h42
Há mais de dois minutos que a masturbo e Noélia, ainda assim, não se abandonou. Responde com prazer, mas com uma grande dose de raiva misturada ao mesmo tempo. Ora me puxa para ela ora me afasta vigorosamente.
Deduzo que seja preciso ir mais fundo para abrir caminho até à sua rendição…
8h44
Agora que a penetrei luta consideravelmente menos, ainda que a tenha bem manietada. Ela não é de constituição forte e eu, pelo contrário, sou um atleta. Mas também percebo que, a espaços, ela se deixa ir e até acompanha o balanço das minhas investidas.
Sou adepto de ir aumentando o ritmo, seguir a partitura do Bolero de Ravel com ele bem entalado, mas hoje, com Noélia, só tenho o ritmo pneumático de um martelo de construção.
8h48
Noélia começa a gemer quando a monto em cima de mim e a fodo com um dedo enfiado no cu. É o seu ponto fraco ou, como dizem os ingleses, neste caso mais ajustadamente, o seu soft spot. Como poderia não deixar brincar com ele no primeiro encontro, se é o seu ponto erógeno preferido? E ainda assim, um dos maiores focos das nossas discussões.
Por muito que amasse a carícia anal, Noélia sempre temeu avançar para algo mais. As tentativas do seu histórico foram todas mal sucedidas, por isso, deixou de tentar.
No apogeu dos nossos momentos íntimos, era uma ferramenta de carinho, uma promessa que me oferecia e fazia sonhar. Mas bloqueou sempre todas as minhas tentativas.
8h51
Noélia geme como uma puta enquanto a enrabo. Pelos vistos, afinal gosta. Os seus receios não tinham justificação. Como não sou doente mental, tenho o cuidado de lhe passar uma dose generosa de creme no cu. Depois, percebo logo que a coisa vai bem quando lhe aponto a cabeça ao buraco e o caralho praticamente desliza lá para dentro, como se fosse sugado. Nem um queixume. Absorve-o todo e permite-me quase imediatamente bombar num ritmo mais rápido do que os inícios geralmente aconselham. Sem problemas, recebe tudo como uma pré-dotada.
8h59
Não sei como chegámos aqui mas a Noélia e eu fodemos como dois apaixonados. Não sei o que mudou, ou se algo mudou. Mas nunca a senti tão receptiva à minha expressão na cama, nomeadamente nos capítulos mais rough. Já consegui que me lambesse e metesse um dedo no olho do cu enquanto me mama no caralho. Sempre se havia recusado.
9h04
Noélia entrou em modo orgásmico e já se veio algumas vezes, e o caminho é para mais. Eu consegui passar a onda de rebentamento que por duas ou três vezes quase me fazia esporrar, e agora navego numa tesão calma e perfeitamente sob controle. Sei que posso foder como quiser e durante todo o tempo que quiser. Isso permite-me explorar mais e mais das suas ofertas, aproveitando que estão completamente disponíveis. Noélia já escorreu tanto líquido da cona que tem as pernas todas molhadas.
9h13
Noélia está a vestir-se. Tem as faces vermelhas e uma expressão de felicidade infantil. Sorri sozinha. Dá-me um beijo selvagem na boca antes de sair, o que faz deixando-me esta recomendação:
– Assim é que tens que me foder sempre!
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com