04 março, 2021 Foda Acidental
E foi um festival de conas, de cus, de mamas, de línguas, de suor, de sumo de sexo a transbordar!
Há situações na vida que, mesmo testemunhadas com os nossos próprios olhos, ainda assim nos fazem duvidar da sua veracidade. São aquelas coisas que dizemos que só acontecem nos filmes.
Mas também há situações em que é irrelevante se são reais ou uma ficção orquestrada pelos devaneios do imaginário. Esta foi, decididamente, uma dessas situações.
Janto todas as quartas-feiras à noite num restaurante diferente de Lisboa. É um ritual meu, que me permite exercitar dois prazeres: por um lado, descobrir recantos menos conhecidos da cidade, e por outro, claro, explorar mundos gastronómicos variados.
Faço-o às vezes em solitário, mas prefiro levar uma companhia. Uma boa conversa é tão importante como um bom vinho quando se planeia passar duas horas à mesa. E no final, às vezes, em dias de sorte, uma coisa pode acabar por levar à outra e acabamos na cama a partilhar a sobremesa. É a outra vantagem de peregrinar em casal.
Desta feita, a minha parceira era uma bibliotecária de cerca de 30 anos, com quem saía ocasionalmente. Tínhamos uma dinâmica de cultura e sexo, a minha preferida e razão pela qual quase sempre escolhia mulheres que, mais do que a beleza, me estimulassem pela inteligência. Não julguem, no entanto, que a minha bibliotecária não tinha todos os atributos físicos que fazem as mulheres desejáveis. Tinha tudo no sítio mais o cliché dos óculos, que faziam dela uma fantasia perfeita.
Fazia toda a intenção de a levar para casa ao fim da noite.
Escolho as quartas-feiras por serem noites calmas. Mais uma vez, isso confirmava-se. Dois homens de fato e gravata, dois casais, cada um em seu lado da sala, e nós. Quatro mesas ocupadas apenas, num espaço bastante amplo. Ainda assim, a luz média e boa música ambiente tornavam a atmosfera propícia a desenvolvimentos românticos.
Foi enquanto esperávamos pelas ementas e ia dando uma vista de olhos em redor, que reparei inadvertidamente na troca de olhares entre as duas mesas onde se sentavam os casais. Vigiei um bocado para ter a certeza, e não havia dúvidas. Enquanto os respectivos pares se distraiam, um com a comida e outro com a conversa, as duas mulheres olhavam-se, sorriam, passavam a língua pelos lábios, flirtavam descaradamente uma com a outra...
O meu primeiro impulso foi contar ao meu par o que se estava a passar, para poder desfrutar comigo do cómico filme que se desenrolava diante dos nossos olhos. No entanto, não o fiz. Por qualquer motivo, não quis atraiçoar aquela cumplicidade secreta, cujos direitos pertenciam exclusivamente às protagonistas e que só eu, acidentalmente, testemunhava. Isso fazia-me sentir cúmplice também, o que era excitante.
O empregado chegou com os menus no preciso momento em que ambas, à sua vez, se desculpavam aos companheiros, se levantavam da mesa e seguiam na direcção das casas de banho.
Não pensei sequer sobre o assunto. Não houve tempo. Levantei-me de um pulo e quase derrubei o pobre garçon. Foi a minha vez de pedir desculpas. Prometi voltar rapidamente mas teria que me ausentar por uns momentos. Era autoexplicativo, apesar de apenas eu saber o motivo. E marchei para os lavabos.
Cuidadosamente, confirmei que não havia mais ninguém à volta e entrei na casa de banho das senhoras. Vazia. Só podiam ter ido para a casa de banho dos homens... Um pequeno extra de marotice, portanto.
Senti logo as pernas tremer. Estava disponível para atacar e teria sido uma profunda decepcão se não tivesse encontrado o que encontrei assim que abri a porta do compartimento...
Nem se tinham dado ao trabalho de se esconder num dos sanitários. Uma estava de pé, com as cuecas a meio das pernas e ela própria erguia o vestido curto. Enquanto isso, a outra, agachada, lambia-lhe a cona, consideravelmente peluda, enquanto lhe penetrava o cu com um dedo. Tinha a outra mão dentro das cuecas e masturbava-se freneticamente.
Nenhuma delas gemia, mas ambas tinham os olhos semi-cerrados e, na boca, aquele esgar típico da volúpia que às vezes se chega a confundir com demência sexual.
Como eu entrei de repente, as duas pararam a olhar para mim. Então, a que estava a lamber a outra limpou a boca com a manga da blusa e, levantando-se, disse com um sorriso franco:
- Olá.
Depois, sem mais nada, aproximaram-se ambas de mim e beijaram-me, beijaram-se, beijámo-nos, num jogo de três línguas que me deixou imediatamente em estado de êxtase...
Pegando elas nas minhas mãos, levaram-nas a explorar as partes húmidas dos seus corpos. E então sim, entrámos para um dos reservados, fechámos a porta e comemo-nos de todas as maneiras e feitios, contra a parede, contra os pudores instalados e contra as melhores expectativas iniciais daquela noite. Foi absolutamente maravilhoso, ilícito, imoral... Um festival de conas, de cus, de mamas, de línguas, de suor, de sumo de sexo a transbordar!
Senti como se estivesse numa celebração com 20 virgens incumbidas de tratar exclusivamente do meu prazer. Uma sessão de gemidos surdos e de orgasmos fluidos, que fez transpirar as paredes...
Voltámos às nossas mesas como se não se tivesse passado nada. Elas retomaram o morno conversé com os seus dates e eu sentei-me finalmente a folhear a ementa.
A verdade é que perdera a fome. Todos os meus sentidos tinham sido saciados naquele triunvirato de pintelheiras fartas.
A intuição feminina da minha companheira deve ter disparado nesse momento, pois perguntou-me:
- Estás bem?
Estava mais que bem. Foi quando percebi que tinha perdido a fome, mas não a vontade de comer...
- Estou, querida.
- Por que é que estás com essa cara?
- Tenho a cona toda molhada... Porque não saltamos o jantar e me deixas levar-te já para casa e me fazes vir na tua boca...?
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com