25 março, 2021 Casamento de conveniência ou (in)conveniências de um casamento?
Um poema com valentes pares de cornos…
Raul era de elegâncias e manias
Fora educado para ser um cavalheiro
Rezava um terço com a mulher todos os dias
Persignava-se e ia para o galinheiro
Aí, no seu prostíbulo de eleição
Rasgando pintainhas pelo gozo
Revelava grande bolso e coração
Reinava o seu caralho monstruoso
Uma vez a cada quinze dias
Cumpria a matrimonial função
De missionário, como a Bíblia dizia
E depressa, para não ofender a devoção
Faziam o amor em câmara escura
Ele com todo o respeito, a esposa sem um lamento
E aqueles dois minutos de doçura
Eram o sumo e o sal do casamento
O que Raul pelos vistos não sabia
Ou nunca foi capaz de calcular
Era que depois de tão breves orgias
À mulher sobrava muito por desejar…
Foi como sempre o último a saber
E descobriu-o da forma mais cruel
Ao apanhar o negro jardineiro
Com a narça enfiada na mulher!
Abalou esbaforido e inconformado
À procura de alívio no bordel
Ele, um nobre comendado
Encornado num romance de cordel!
Teve que ser a madame Ju,
Com a sapiência de quem dita um evangelho
A enfiar-lhe um dedo no cu
Antes de lhe introduzir o conselho:
Na vida há dois tipos de mulher
Ao marido cabe decidir por qual luta:
É a puta duma santa que ele quer
Ou prefere os favores da santa puta?!
Raul foi sempre de inteligência rápida
Por alguma coisa era o rei das tabernas
Chegado a casa nem lhe perguntou por onde as queria:
Rasgou-lhe as cuecas e abriu-lhe as pernas!
Vendo-se apanhada de surpresa
Impotente para segurar o assaltante
Não teve sua esposa outro remédio
Senão meter uma almofada entre os dentes
A tarde toda Raul a violou
A emporcalhou, a fodeu, a enrabou
Esporrou-se-lhe abundantemente nas tetas
E até a lamber-lhe o cu a obrigou!
Depois disso acabaram-se as noites santas
E o casamento fez-se lua-de-mel
E, pasme-se: desde que fez da mulher puta
Raul até deixou de ir ao bordel…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com