13 abril, 2020 Cafeína - I e II
Violo a sua boca. A minha língua enrola-se na dele, chupo-a como se do seu pénis se tratasse.
Tudo girava à volta do café. O café sempre tinha sido um pretexto para o ver, para estar com ele. Mas agora não passa apenas de mais um vício. Uma rotina mórbida que começa de manhã com o “beijo matinal” e apenas termina com o café após o jantar. Somente depois deste último café é que o meu coração e mente ficam livres. Livres da nuvem negra que me atormenta ao longo do dia.
Segunda-feira de manhã.
Acordo e só penso “Um café para aquecer a minha alma”. É apenas disso que preciso.
As memórias do meu marido ainda me atormentam. Morreu enquanto estava ao serviço do exército português Amava-o com todas as minhas forças e quando ele levou aquela bala no seu corpo eu também a senti a atravessar-me o peito.
O Jaime era um marido carinhoso, mais apaixonado do que eu, mas, aos poucos, me fazia apaixonar pelas suas formas tontas de como me fazia sorrir quando eu mais queria era chorar.
Foi-me retirado muito cedo e eu só fiquei com as memórias e com a presença das minhas irmãs para me ajudar. Todas elas estão casadas e têm já descendentes, contudo eu nunca consegui tal coisa com o Jaime. Estamos no ano de 1929. Muito pouco se sabe de ciência e o médico que a minha família me destinou disse-me que o problema, muito provavelmente, seria meu. Mesmo sabendo esta pequena desgraça que se abatia sobre o nosso mundo, o Jaime permaneceu junto a mim, mesmo eu sabendo que nas suas noites loucas com os seus irmãos ele não se conseguia segurar, nunca houve mulher alguma que o procurasse a não ser eu.
Lidei com o luto da melhor maneira que eu sabia na altura: garrafa atrás de garrafa de uísque irlandês.
Numa noite chuvosa, movida pelo álcool a correr-me pelas veias, encaminhei-me pelas ruas enlamaçadas para ir ao encontro da minha irmã Fernanda.
Bati à sua porta. Não sei que horas seriam.
- Fernanda! - grito enquanto bato à sua porta.
O meu cunhado João aparece à porta e diz-me enquanto olha ao meu redor:
- O que estás a fazer Fernanda? Estás louca?! Está a chover a potes! Entra imediatamente.
Entrei meia a cambalear. Ria-me que nem uma perdida quando me sentei no seu sofá na sala de estar. Até que continuou:
- Mas que estavas tu a fazer debaixo daquela chuva tão grossa? Endoideceste de vez Lídia?
Olho para os olhos do meu cunhado e deixo-me rir. Levanto-me do sofá e vou até junto da lareira.
- Mas onde está a minha irmã?
- Ela não te disse?
- Disse-me o quê? - paro com a brincadeira e o tom da conversa agrava-se.
Demora a surgir uma resposta vinda do meu cunhado, por isso continuo a questioná-lo, mas desta vez faço-o de forma mais determinada e num tom confiante:
- Mas disse-me o quê João?!
Nesse momento ele levanta-se e pergunta-me:
- Queres algo para beber? Gin, uísque?
- Que uísque tens? - digo num tom arrogante.
- Tenho o que desejares.
- Uísque. Irlandês, nada escocês. Não sei como a minha irmã bebe isso.
Junta-se a mim perto da lareira, dando-me o copo para a mão. Está apreensivo.
- Lídia, não sei como te dizer isto…
A sua conversa começa a deixar-me assustada.
- Mas o que se passa afinal João?
- A Fernanda deslocou-se para o norte. Foi ver a tua tia. Não há grande previsões de melhorias, Lídia. Por isso ela foi com a tua irmã Inês.
- Por que raio não me avisaram? - desvio-me da lareira e sento-me novamente no sofá.
- Porque não estavas e nem estás em condições. - diz-me enquanto se senta ao meu lado.
- E disseram-te quanto tempo iam lá ficar?
- Não determinaram. - faz uma pausa no seu discurso, até que continua - Queres um cigarro?
Não lhe respondo, limito-me a acenar-lhe afirmativamente com a cabeça.
- Queres um pouco de neve Lídia?
- Neve??
- Sim, é como as da burguesia a chamam.
- De neve? - rio-me – Porque não?
Após o primeiro cheiro. Após o meu primeiro nevão, tudo se tornou ainda mais confuso na minha mente.
Da noite em que procurei pela minha irmã Fernanda pouco me recordo. Turbilhões de imagens, momentos, toques, carícias, beijos. Quero aquelas fora da minha mente, pois não poderiam ser verdade.
Os dias foram passando e eu tomando conta do negócio de família, contudo vi-me um pouco atrapalhada com o mundo dos negócios. Eu era apenas mais uma funcionária, não queria nenhum papel importante no negócio, só queria manter a minha mente ocupada enquanto costurava e remendava as mais diversas peças de roupa. Os meus cunhados ajudaram-me com o resto.
A Inês e a Fernanda tinham mais jeito para negociar. O nosso pai, por diversas vezes, dizia que tinha dois filhos e uma filha, pois as minhas duas irmãs mais velhas tinham olho para o negócio e eram capazes de ser tão arrogantes, violentas, diretas e decididas, tal como os homens de negócios, enquanto que eu me parecia mais com a minha mãe, uma pessoa melosa e ingénua, com um olhar demasiado adormecido, para ter a perfeita noção do que me rodeava naquela altura.
Sobre o que aconteceu na casa da minha irmã Fernanda, eu e meu cunhado João nunca falamos sobre isso. Nunca o questionei e ele também não desenvolveu o assunto.
Os dias passando devagar, demasiado devagar.
Era sexta-feira, já tinha anoitecido mas nós, família, permanecíamos dentro do local de trabalho. Os meus cunhados no gabinete, que era dividido pela Inês e pela Fernanda, e é ainda agarrada à maquina de costura.
- Então já te encontro lá João. - diz o Miguel ao fechar a porta do gabinete.
- Até amanha Lídia. - diz-me quando passa por mim.
Pouco tempo depois surge o João ao meu lado. Coloca um copo de uísque ao lado da minha mão. Eu olho para o copo e depois para ele, enquanto este dá a volta à mesa de costura e se coloca à minha frente.
- Porque continuas a trabalhar Lídia? Desfruta de um momento de pausa. - diz-me num tom calmo.
Pego no copo, bebo o seu líquido de uma única vez e respondo-lhe enquanto recomeço a coser as calças de algum ministro:
- Preciso de manter a minha mente ocupada.
O João pega-me na mão, numa forma de captar toda a minha atenção.
- Lídia, temos que conversar.
Os meus olhos abrem-se, fico espantada com a forma como ele me falou. Ele continua a falar.
- Anda, vem comigo. Vamos para o gabinete.
Assim que entro no gabinete ele começa a movimentar-se com velocidade. Encerra à chave as portas do gabinete e desloca-se até ao pequeno bar que o gabinete dispõe. Serve-me uma bebida sem sequer me questionar. Estende-me a mão segurando no copo de forma a que eu o agarre. Senta-se na cadeira que está à minha frente e começa:
- Lídia... - suspira – Não consigo mais.
- O que é que não consegues João? - sinto-me intrigada.
Abre uma gaveta da grande secretária. Vejo um pequeno frasco. Coloca um pouco de neve entre os dedos e cheira. Recompõe-se e recomeça.
- Lídia, naquela noite... - faz uma pausa – Não consigo esquecê-la por mais álcool, ópio ou neve que tome.
Não sei o que dizer. Apanhou-me desprevenida. Bebo de uma assentada só o resto da bebida que ele me tinha servido. Coloco o copo em cima da secretária.
- É melhor encher esse copo. - levanta-se e pega na garrafa com uísque e enche-me mais uma vez o copo.
Mais uma vez, pego no copo e bebo-o de uma vez só.
Não dizemos nada um ao outro, só nos olhamos durante algum tempo até que digo:
- Vais-me oferecer um pouco de neve, ou terei que ser forçada a dizer à minha irmã que se casou com um homem que não tem nada de cavalheiro?
O João remexe na cadeira, mas pouco levou até abrir a gaveta da secretária novamente e retirar de lá a tão desejada neve. Dá-me o frasco e eu coloco um pouco na mão, cheiro e guardo depois o frasco no bolso do casaco.
- Continua a fornecer-me e nada acontecerá. Sim?
Vi na sua expressão que foi apanhado de surpresa, não esperava por esta.
A neve e os três copos de uísque começavam a aquecer-me o corpo. Começo por tirar o casaco.
- Lídia, por favor, temos que falar.
Diz-me ao ver que me levantei da minha cadeira e me começo a encaminhar para junto dele.
- Lídia, com o devido respeito, penso que…
Não lhe dou hipóteses de continuar o seu discurso, pois nesse momento puxo-o pela gravata para bem junto do meu rosto. Os meus lábios estão prestes a tocar nos seus, os meus olhos estão fixos nos seus que tentam não me olhar, até que diz:
- Lídia, por favor…
Não o quero ouvir. Quero-o a ele. Dentro de mim. Rapidamente.
Violo a sua boca. A minha língua enrola-se na dele, chupo-a como se do seu pénis se tratasse. Ele agarra-me com uma mão no pescoço e com outra agarra-me bem junto da sua cintura. Consegui sentir a sua urgência em ter-me.
As suas mãos seguravam-me com força, com necessidade, com desejo, com o diabo a começar a apropriar-se dos nossos corpos.
Empurro-o com a força suficiente para o sentar na cadeira.
- Lídia... - diz ofegante ao sentar-se na cadeira.
Encaminho-me na sua direcção. Coloco-me entre as suas pernas e começo a desapertar-lhe as calças de forma a expor o seu pénis. Ao saltar de dentro daquelas vestes incomodativas, o seu pénis grandioso e magnífico apareceu, fervente e molhado. O João tenta falar:
- Lídia, o que estamos a fazer... - coloquei o seu pénis dentro da minha boca.
Novamente, não lhe dei hipóteses de terminar o que ia dizer. Quis aquele pénis dentro da minha boca, tinha fome. A neve tinha-me dado apetite e ânsias que não sei se conseguiria apagar ali.
Ele agarra-se aos meus cabelos e vai repetindo o meu nome. Continuo a chupar aquele pénis grosso que nem um tronco. Queria-o todo, tanto que ao colocá-lo todo na boca, retive-me assim ainda alguns momentos, enquanto deixava a minha língua continuar a rodopiar e a estudar cada centímetro glorioso daquele majestoso pénis. Estou endiabrada.
Ao senti-lo a fazer cada vez mais pressão na minha nuca a agarrar-me violentamente nos cabelos, senti que estava próximo do orgasmo. Nesse momento, afasto-me do seu pénis, levanto a minha saia e sento-me em cima dele. Cavalgo sobre aquele garanhão com todo o desejo e luxúria que existe em mim. Beija-me o peito coberto pelas minhas roupas. Agarro com força nos seus cabelos enquanto o beijo violentamente.
O desejo percorre velozmente as nossas veias. Tanto os nossos corações como os corpos estão descontrolados, não estão em si. Fomos possuídos pelo fogo ardente do inferno.
Atingimos o auge do prazer em uníssono. Ficámos abraçados por breves momentos enquanto tentávamos acalmar o corpo desequilibrado.
Saí de cima do João e ajeito as minhas vestes.
- Lídia, temos que, mesmo assim, conversar sobre o sucedido.
Visto o casaco e depois de me recompor, tanto as minhas vestes como a minha mente, digo-lhe:
- Já está decidido, Senhor Nogueira. - virei costas e saí do gabinete.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...