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09 junho, 2022 A Pensão da D. Judite - Capítulo 2

Atrás do biombo...

Deixei-me estar muito quieto, sem me atrever a olhar para a cama, até que comecei a ouvir pequenos suspiros. Finalmente, levantei o pescoço sobre o biombo e reuni coragem para ver…

A Pensão da D. Judite - Capítulo 2

… E lá estava ela! Deitada na cama, de frente para mim, com as pernas flectidas e bem abertas e uma mão dentro das cuecas, que eram duma cor berrante que ninguém imaginaria que uma senhora tão casta pudesse usar.

Tinha uma mama fora da camisola, sugerindo que mais tarde ou mais cedo planeava recrear-se com ela, e arregaçava os lábios da racha de alto a baixo, dando a ideia de tratar-se de uma peça elástica.

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Tentei concentrar-me para não fazer nenhum movimento brusco, pois encontrava-me já com uma tesão fulgurante de mirone de praia. Mas não tinha razões para alarme, pois a velha permanecia de olhos fechados enquanto suspirava e se manuseava a si mesma.

Há dois tipos de pessoas no que concerne às “iluminuras” do sexo: as que se excitam a ver tudo e as que se entregam a não ver nada, apenas a sentir. As que fodem por fora, usufruindo de todo o ambiente, e as que fodem por dentro, na reclusão do imaginário. A foda altruísta e a foda egoísta. A foda solidária e a foda solitária. As últimas são as que praticam o amor de olhos fechados ou de luzes apagadas.

Felizmente para mim, a Dona Judite era das que fecham os olhos mas se esquecem de fechar as cortinas, o que convinha perfeitamente à situação...

Do meu esconderijo via tudo perfeitamente como se estivesse na fila G do cinema. E ela, abandonada assim a dedilhar a rata, estava longe de desconfiar que alguém a observava.

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Dengosa, a derreter a olhos vistos, a dama dos meus pecados passou um belo bocado com a mão dentro das cuecas, continuando a fuçar nos lábios da cona e desvendando com o entusiasmo as suculentas cartilagens moles escondidas por baixo.

Até que decidiu despojar-se do pequeno empecilho sensual e aí o meu coração quase parou. 

Para começar, mal destapou as miudezas, um bafo de cona atravessou o quarto e chegou até ao biombo! Era um cheiro intenso e carregado, suficiente para que qualquer cego a encontrasse numa lota pejada de sopeiras.

Não tirou as cuecas por inteiro, deixou-as enfiadas só numa perna, onde começaram logo a enrugar, como acontece aos tecidos molhados.

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Depois, ao abrir-se completamente, pude observar com toda a nitidez as suas abundâncias. Toda ela era bojuda, de pernas, de cu, de mamas. Toda ela brilhava com suores e excrescências. Mas era a sua parte central que se destacava no conjunto.

A pintelheira era farta, ia-lhe do cu às virilhas e assentava como um tapete que lhe cobria a barriga inteira. Um triângulo negro e imenso que faria inveja a 10 mil russos do tempo da outra senhora.

E aí deu largas à sua volúpia... Masturbava-se com os dedos do meio, sobretudo em movimentos circulares sobre o clitóris, mas de vez em quando massajava também os lábios da racha e enfiava os dedos lá dentro.

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Não sei como não me vim logo. Tive que tapar a boca para não zurrar como um gavião... Mas não podia desmascarar-me, portanto, não tive outro remédio senão aguentar. Não conseguia desviar os olhos dela... Sentia-me uma cobra hipnotizada por um vendedor de banha dela própria.

Dona Judite acelerava agora o pulso e brincava com a mama tesa, acariciando o mamilo que se eriçava numa coroa larga, mais clara que o bico saliente.

Sentia-se um calor estranho no quarto e ambos estávamos perto do ponto de ebulição...

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A dada altura a velha susteve-se com as pernas e começou a alçar e baixar o rabo aos soluços, até que emitiu um grunhido violento, que abafou com uma mão na boca, esmagou as pernas com os dedos lá dentro e todo o seu corpo começou a estremecer...

Estava a vir-se que nem uma virgem na noite de núpcias.

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Nem tive que levar as mão ao tarolo, vim-me nas cuecas...

Abafei também eu os gemidos do êxtase, sempre com muito cuidado para ela não dar pelo intruso. Mas logo após o orgasmo ela hibernou num transe profundo e minutos depois estava a ressonar como um repositor de supermercado.

Pude finalmente respirar fundo e sem me preocupar em abafar a emoção, duplamente aliviado, nos tomates e no sigilo que me obrigava ao silêncio absoluto. Nenhuma das coisas era fácil quando à nossa frente estava a pintelheira mais épica que já vimos na vida...

É muito diferente ver uma mulher a masturbar-se num vídeo qualquer, num site pornográfico, ou observar uma mulher masturbar-se mesmo à nossa frente, sem saber da nossa presença e tão perto que a podemos cheirar. Sentia-me a alucinar e com dúvidas de que aquilo me estava mesmo a acontecer...

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Aproveitei a deixa e saí do meu esconderijo, aproximando-me então para ver de perto toda aquela selva amazónica, que estava mais tropical do que nunca depois de ela se vir pelo rego e pelas pernas.

A cona ficara de boca escancarada, alargada pelos dedos e meio envernizada pelo consequente derrame de águas vivas, e lembrava o bico aberto de um passarinho esfomeado à espera que o pai ou a mãe lhe trouxessem alimento.

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Contudo, o seu sono tranquilo e respiração compassada ilustravam bem o postal de um animal saciado. Naquele momento, a minha bela senhoria não era senão uma odalisca enfartada...

Toda ela era cheiro a suor e sumol conífero. E o matagal humedecido estava ainda mais negro e resplandecente. Ainda não me tinha vindo há um minuto e já sentia o pau às cabeçadas.

Cheguei ao meu quarto a tremer, com a adrenalina a disparar. Baixei as calças e tive que bater outra punheta. Nunca me tinha vindo duas vezes num espaço tão curto de tempo...

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A partir daí a cena repetia-se todos os dias.

Planeei tudo e comuniquei à mesa que tinha arranjado um emprego em part-time num restaurante fino, onde sabia que jamais um dos meus comensais proletários alguma vez entraria. Inventei que o meu horário me ocupava das 13h30 às 16h, o que me dava a janela perfeita para me enfiar no quarto da velha, assistir à sessão da tarde e ir à minha vida mal ela adormecesse, sem que ninguém desse por nada ou desconfiasse de alguma coisa.

Durante duas semanas, o plano correu às mil maravilhas.

À margem das minhas actividades de tarado-sexual, mantinha o personagem que todos conheciam e ignoravam. Andava mais bem-disposto e até já conseguia sorver a aguadilha que a Dona Judite chamava pomposamente de “sopa”.

A velha continuava a dar-me chapadinhas de teta nas ventas mas, sabendo o que sabia agora, isso deixara de ser um evento constrangedor para se tornar uma actividade recreativa que me enchia de tesão.

Portanto, tudo continuava como sempre foi, com a diferença de estar tudo melhor. A sopa continuava rala mas a outros níveis, mais essenciais, o meu rancho fora substancialmente melhorado.

Ia prosseguindo a pantomina de sair para o falso emprego e, ao início da tarde, voltava a vestir a pele do espião camuflado que se deleitava a ver uma mulher de 55 anos a bater punhetas antes da sesta.

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Sempre à hora certa, previsível como um relógio suíço, Dona Judite saltava para cima da cama e desatava a desorvalhar mato. Atrás do biombo, eu via tudo e sonhava com o resto.

Além do espectáculo lúbrico de lhe ver a cona a salpicar todos os dias, assistia em simultâneo e na primeira fila ao desfile do catálogo da Victoria´s Secrets, pois todos os dias a velha se aperaltava com uma lingerie diferente, que vestia antes de se deitar e ia despindo à medida dos avanços da punheta.

Era cada peça mais sugestiva do que a outra, todas íntimas, todas ínfimas, todas revelando pelas bordas inchadas o manancial de polpas e geleias que aquele corpo imenso e transpirado produzia.

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Foram tempos idílicos. Passava a primeira metade do dia à espera da hora H e a segunda a revivê-la até à exaustão. Andava a bater meia-dúzia de punhetas de sol a sol e nunca me sentira tão feliz, tão calmo, tão relaxado.

A minha parte preferida era sempre a mesma, quando a velha despia as cuecas e aquele odor a sexo, a depravação, a luxúria delirante se libertava pelo quarto.

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Quase que me vinha, só com aquele cheiro!

Sentir aqueles tons de ameijoa amarga a penetrar nas minhas narinas, enquanto a observava completamente exposta, de pernas abertas para mim, como se eu fosse o seu ginecologista secreto e ela a minha paciente inatingível, era quase demasiado para um humano suportar.

No meu coito, atrás do biombo, baixava as calças e as cuecas e esgalhava o caralho livremente, mas quando estava a vir-me metia-o para dentro, para não deixar vestígios.

Todos os dias sujava umas cuecas, que depois tinha que lavar no lavatório, para não levantar suspeitas no balde da roupa suja. Mas não queria repetir o deslize do segundo dia em que, incapaz de me segurar, acabei a escorrer no soalho à frente dos meus pés. O chão era de madeira preta, flutuante, e vi-me negro para limpar aquela merda até tirar a mancha.

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Aprendi também a vir-me silenciosamente, o que era um desafio monumental. Cada vez que saía do quarto da velha só me apetecia ir berrar para o meio duma autoestrada enquanto me esporrava para os vidros dos carros que iam a passar...

Comecei a ficar doido! 

Nada naquele secretismo era ideal quando me sentia um animal encegueirado que apenas queria dar largas à sua expressão mais primitiva e despejar os colhões pelas paredes do mundo inteiro...

O esforço mental que fazia para me controlar, para inibir todas as loucuras e depravações que o meu cérebro fabricava, para não saltar sobre ela como um nadador olímpico num triplo mortal encarpado, consumia-me uma energia absurda...

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Mas, em contrapartida, neste formato sigiloso não tinha que esperar até chegar ao quarto para derramar o leitinho armazenado, e na maior parte das tardes fabricava duas papinhas maisena enquanto ela batia uma... Não tinha nada que me queixar, portanto. E no entanto…

Chega sempre o  momento em que já nada nos faz ansiar senão o próximo momento...

O problema foi o que se esperava, porque é sempre o mesmo, repete-se sempre: como qualquer outra coisa que nos obceca, como uma ideia fixa ou uma droga, logo sentimos necessidade de “mais”. E quando sentimos uma comichão, não há nada a fazer, temos que coçar...

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Começava por essa altura a sentir-me o diabrete cheio de comichões a quem as circunstâncias tinham amarrado as mãos atrás das costas, impossibilitando-me portanto de alcançar o ponto fulcral do prazer que ambicionava. Era como encontrar o tesouro debaixo do arco-íris e não lhe poder meter a pata sob pena de ficar sem ela... Troquem a pata pelo badalo, que é disso que aqui se trata, e digam-me qual é a sensação...

O mesmo também é dizer que, uma vez instaurada a rotina, a surpresa morre na praia e o que vem à tona já não é apenas o desejo, mas sobretudo a necessidade de o aprofundar.

Sentia-me agradecido ao destino, mas estava satisfeito e não estava. E quando é assim, nasce o impasse...

Não foi, portanto, com surpresa, que percebi que precisava de levar as coisas para o próximo nível. Mesmo correndo o risco de deitar tudo a perder...

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A pensão da Dona Judite - Capítulo 3

A pensão da Dona Judite - Capítulo 1

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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