08 julho, 2021 A menina do papel-higiénico
Eu ia sempre ao mesmo minimercado e já a tinha visto lá. Não é que fosse difícil, ela não era propriamente um exemplo de discrição: era muito loura, muito exuberante e falava muito alto.
Mas, principalmente, vestia-se como quem anda à procura de sarilhos, prêt-à-porter da cabeça aos pés, com curtas mini-saias e longos decotes que mostravam mais do que escondiam. A chamada tipa “vistosa”, impossível de não reparar mas que se lembra tão depressa como esquece. Conhecem o género.
Ela era, conforme percebi, representante de uma das marcas que abasteciam a pequena loja, e não era raro vê-la de cócoras a fazer reposições nas prateleiras mais baixas. Quando o fazia, dependendo do ângulo do espectador, este acabava sempre a beneficiar com as vistas de um belo rego de mamas ou de um aparatoso rego de nalgas. Não havia como escapar.
Para o macho solitário que vai às compras e se vê repentinamente a pasmar entre latas, pacotes e uma infinidade de tetra paks, funcionava como uma espécie de curiosidade local que tornava a fauna mais alegre e pitoresca. Só posso falar por mim, mas cada vez que a via só me apetecia encostá-la à parede e espetar-lhe o narço no meio das mamas.
Ainda assim, remeti-me sempre ao meu espaço e nunca tentei sequer comunicar. Incluía aquele encontro, como outros, na carteira de fantasias que gostamos de ter nos caminhos do nosso quotidiano e nunca me ocorreu que pudesse passar daí. Até que…
Naquele dia eu tinha-a visto logo à entrada. Não fiz nada de diferente dos outros dias, limitei-me a ignorá-la com uma pinta do caralho e segui directamente para a secção do papel-higiénico, em busca, como se impõe, do melhor binómio preço qualidade. Empenhava-me cerimoniosamente nesta análise quando uma voz bastante aguda me chegou do outro lado do espaço:
– Leva esse e nunca mais vais querer outro!
Olhei para trás e confirmei que era para mim que ela falava. Olhei para a embalagem que tinha na mão, um volume com seis unidades, bio-qualquer coisa, reciclado, de ar manhoso, meio engelhado.
– Sou eu que vendo esse papel, podes levar à confiança. Eu cá não uso outro, é muito bom! – insistiu.
Já tive a minha dose de conversas exóticas em estabelecimentos comerciais, mas era a primeira vez que me via envolvido numa discussão pública sobre as boas práticas de limpar o cu.
Comecei a rir e disse-lhe:
– Obrigado, vou confiar na tua experiência. E fica descansada, não te vou pedir mais pormenores.
Peguei na embalagem e continuei as minhas compras.
Minutos mais tarde dirigi-me à caixa para pagar. Ela estava lá a dar conversa aos dois rapazes da loja, num flirt de tal maneira descarado que já nenhum deles se preocupava em receber o pagamento dos clientes. Olhei-a nos olhos e ela sorriu.
– Fazes bem em confiar em mim. Vais ver que não te arrependes – diz-me.
Aí qualquer coisa se alterou no meu processo. Em vez de assentir, sorrir e ignorar como normalmente faria, a resposta que me saiu foi a seguinte:
– Sabes, quanto mais gabas o papel-higiénico mais a minha mente te imagina a usá-lo… Sabes, só tu e o teu papel, na intimidade do lar.
– Ai sim? – perguntou, com um ar de desafio.
– Sim. Vejo tudo muito claramente.
Foi como se de repente a imagem se libertasse e ficasse disponível para todos verem. E nos 5 segundos seguintes, todos ficaram alheados, ela inclusivamente, a imaginar as suas mãozinhas louras, munidas daquele pedaço de véu miraculoso, a limpar com uma carícia sensual as delicadas bordas e demais zonas limítrofes da cavidade anal. Até se sentia no ar o perfume barato do papel, devidamente mesclado com um bedunzinho de cu.
Acabei, com esta conversa, por convocar a atenção dos dois rapazes da loja que, nesse caso, me incitaram a pagar. Enquanto discutiam qualquer coisa entre eles, aproveitei para me dirigir à minha interlocutora:
– Moro umas portas mais abaixo. Número 14, 3º esquerdo. Adorava uma demonstração.
– Uma demonstração? – perguntou ela, sem perceber.
Peguei na embalagem de papel-higiénico e mostrei-lha, sorrindo. Então percebeu e desmanchou-se às gargalhadas.
*
* *
Meia hora depois comecei a pensar que o meu convite não fora bem entendido. Já pensava em esgalhar uma por conta da história, acrescentando os capítulos que não chegara a vivenciar, quando ouvi três pancadas na porta. Abri e lá estava ela do outro lado.
– Tenho campainha.
– Eu vi. Mas gosto mais de bater.
Para preâmbulo, chegava. Agarrei-a por um braço e puxei-a para dentro, fechando a porta. Como na minha fantasia, nem cheguei a passar do hall de entrada, encostei-a à parede e saltei-lhe em cima como um lince ibérico acabado de libertar do cativeiro.
Para começar, pus-lhe imediatamente as mamas de fora. Não foi preciso mais que enfiar as mãos pelo imenso decote e libertá-las da fraca resistência de tecido. Eram alongadas como melões, com belos mamilos largos e proeminentes, mas não em demasia.
Esfreguei abundantemente aquelas uvas volumosas, usando as palmas das duas mãos e envolvendo-os um contra o outro. Faziam um maravilhoso enrolado de carne.
Ao mesmo tempo, lambia-a por todo o lado e mordia-lhe o pescoço, enquanto com um joelho lhe ia roçando o meio das pernas. Ouvia-a a respirar muito depressa e senti um par de unhas afiadas a rasgar-me as costas.
Nessa altura afastei-me um pouco e fiquei a olhar para ela. Era um quadro digno de ser visto. Despenteada, com as duas tetas nuas fora da camisa e um ar tarado, de absoluta tesão, parecia pronta para tudo, fosse o que fosse.
Com a minha mão esquerda agarrei-a gentilmente pelo pescoço e encostei-lhe a cabeça à parede. Depois, levantei-lhe a curta saia e meti-lhe a mão direita dentro das cuecas.
Tinha o tapete todo molhado... Quando digo tapete refiro-me, evidentemente, à densa e volumosa pintelheira, em cuja extensão felpuda fluía toda a liquidez sexual que ela produzia naquele momento.
Comecei a masturbá-la com grande intensidade e o cheiro a cona molhada que se libertou das suas cuecas era inebriante. Gemeu com vontade e escorreu os seus sumos de racha pelas virilhas. Dada a boa reacção, decidi continuar, mas baixando-lhe primeiro as cuecas para facilitar os trabalhos. Tinha uma racha linda, cheia de pêlos acastanhados à volta dos lábios, muito carnudos e entreabertos. Estavam mesmo a pedir e eu queria muito dar.
Enfiei-lhe dois dedos e iniciei uma punheta à chinesa, imprimindo um movimento vertiginoso de vai e vem, mete e tira. Com prática e muita lubrificação, atingem-se velocidades bastante consideráveis e, quando bem executado (as falanges distais, flectidas para dentro, devem encontrar e friccionar o ponto G), poucas mulheres resistem a um orgasmo fulminante, bastando para isso, às vezes, pouco mais de um minuto. Foi mais ou menos o tempo que a minha amante precisou para as pernas lhe começarem a tremer. Já muito perto do climax começou a espirrar líquidos da cona até que, por fim, colapsou de gozo, com um grito arrastado que ninguém no prédio pôde deixar de ouvir. Enquanto se vinha, as pernas sapateavam como a Tina Turner ao levar um choque eléctrico.
Quando se acalmou, havia uma poça no chão e toda ela escorria.
– Só podes ser de um signo de água… – brinquei.
– Sim. Sou Aquário.
E eu tinha exactamente o que ela precisava.
Meti as mãos no saco, que tinha ficado à entrada, e retirei um rolo do papel-higiénico que ela me havia recomendado meia-hora antes. Desatou a rir outra vez.
Limpei-lhe minuciosamente a vulva, a pintelheira, as virilhas, a barriga. O papel ensopava nas minhas mãos. Por fim, quis virá-la para a limpar atrás.
– Aí não é preciso. Está limpinho.
Observei atentamente o buraco, um perfeito, redondo e catrapiscante olho do cu.
– Por agora.
Por trás, passei-lhe as mãos entre as pernas e vi que já estava molhada outra vez. Delicadamente, introduzi o polegar no ânus.
– Foi isto que imaginaste? – perguntou.
– Quase – respondi.
Quase ao mesmo tempo que o disse, abri-lhe o máximo possível as grandes faces das nádegas e apontei a cabeça do caralho ao centro. Como encaixou bem à primeira, comecei a pressionar cuidadosamente até que, finalmente, consegui enfiar a ponta.
O resto, como se costuma dizer, foi pescoço.
Enrabei-a em crescendo, a contrastar com a punheta inicial. Ela não emitiu qualquer protesto. Para finalizar, uns minutos depois, acelerei os movimentos. As últimas quatro estocadas foram realmente violentas, mas ela aguentou tudo. E vim-me. Esporrei-lhe o cu todo.
Não o tirei logo. Deixei-me ficar lá dentro até ao último espasmo. Então saí repentinamente e ela desatou aos peidos, e em cada peido bolsava uma dose considerável da minha nhãnha. Até fazia bolhas.
Voltei a pegar no rolo de papel-higiénico e, agora sim, comecei a limpar-lhe o cu, massajando-lho energicamente.
Feito isto, esfreguei-lhe o papel pela cara toda, deixando-lhe grandes pinceladas de esporra e merda nas bochechas, e disse-lhe:
– Foi isto. Foi assim que imaginei…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com