20 agosto, 2024 Participa neste inquérito para melhorar o teu acesso a serviços de saúde
Se és trabalhadora do sexo, faz-te ouvir e partilha como é que o SNS te pode ajudar.
A investigadora brasileira Alessandra Senna está a estudar de que forma é que se pode melhorar o atendimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para responder às necessidades específicas das mulheres que fazem Trabalho Sexual. Para isso, quer "dar voz" às trabalhadoras do sexo cis, transexuais e travestis.
Doutoranda em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva na Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestra em História, Alessandra Senna está a realizar um estágio doutoral na Escola de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP/Nova).
Nesse âmbito, está a fazer um estudo sobre "Trabalho Sexual e acesso à Saúde" para "entender como funciona o sistema de saúde" e como é que faz "os atendimentos" às trabalhadoras do sexo.
Dá o teu testemunho por mais e melhor saúde
Estas mulheres estão em "situação de vulnerabilidade um pouco maior" do que a maioria das mulheres devido a uma série de conjunturas, incluindo o "estigma" e as "questões inerentes às moralidades", explica a historiadora ao Classificados X
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Assim, Alessandra Senna quer "dar voz às mulheres" para entender quais são as suas condições no acesso ao SNS, para definir políticas públicas que melhorem esse atendimento.
Nesse sentido, está a realizar um inquérito anónimo e confidencial junto destas profissionais para "que elas digam do que precisam realmente" e "o que é importante em relação ao acesso à saúde no SNS".
A investigadora também vai fazer entrevistas com trabalhadoras do sexo para obter o seu feedback quanto ao que é preciso melhorar para terem um melhor acesso ao SNS.
Estas entrevistas serão anónimas e confidenciais, e pretendem melhorar as tuas condições de saúde. Se te sentires confortável para dar o teu testemunho, podes entrar em contacto com Alessandra Senna através do número +351 91 174 69 06, ou do email sansilsenna@gmail.com.
"Medo de procurar assistência médica"
O inquérito que a historiadora brasileira está a realizar vai complementar a sua tese de doutoramento.
Alessandra Senna também fez uma pesquisa semelhante no Brasil, e nota que há sempre "pequenos detalhes" a que o sistema "precisa de se adequar" para poder responder às reais necessidades das pessoas. E quem melhor do que as trabalhadoras do sexo para dizerem o que lhes faz falta?
Atualmente, o trabalho do SNS no âmbito das pessoas que fazem Trabalho Sexual, está "muito focado" na prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) e no rastreio, monitorização e cuidado das que contraíram VIH/SIDA, nota Alessandra Senna.
Contudo, "deixa outros aspetos de fora", como, por exemplo, a hipertensão, a diabetes e a saúde mental, entre outros problemas.
Portanto, é "um atendimento que é superficial porque há outras necessidades dessas mulheres para além do ponto de vista sexual e reprodutivo", explica a investigadora.
Alessandra Senna fala ainda da situação de muitas mulheres imigrantes que são trabalhadoras do sexo e que estão em situação de "maior vulnerabilidade", até por estarem indocumentadas.
Deste modo, "podem ter medo de procurar assistência médica por medo de deportação", ou de "sofrerem algum tipo de violência por parte do profissional de saúde", sublinha.
Por tudo isto, é importante "escutar as mulheres" para apresentar propostas de políticas públicas que melhorem o acesso à saúde das trabalhadoras do sexo, causando "impacto social" e ajudando a "melhorar o mundo", conclui Alessandra Senna.
Se és mulher trans, participa neste inquérito e ganha 20 euros
A saúde das mulheres trans com mais de 40 anos que são trabalhadoras do sexo é a temática central de outro estudo de doutoramento realizado pela investigadora Mariana Melo no âmbito do Programa Doutoral em Sexualidade Humana da Universidade do Porto.
Este projeto é sobre o envelhecimento e a saúde de mulheres trans que fazem Trabalho Sexual. O objetivo é entender melhor o impacto do envelhecimento no seu bem-estar, abordando questões como as suas trajetórias de vida, as suas vivências e as dificuldades que enfrentam enquanto mulheres trans mais velhas e trabalhadoras do sexo.
Se és uma mulher trans trabalhadora do sexo com mais de 40 anos podes dar o teu contributo para definir cuidados de saúde mais adequados para a tua situação. Se o fizeres, recebes um cartão oferta (Cartão Dá) com 20 euros para gastares no que quiseres em lojas como Continente, Zippy e Wells.
Para mais informações, entra em contacto através do número +351 910 004 126.
- Acesso ao Serviço Nacional de Saúde para Imigrantes
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- GAT Almada e GAT Setúbal têm saúde de trabalhadorXs do sexo e migrantes como prioridade
Plano AproXima
O Plano AproXima é um projecto financiado pelo Classificados X que se destina a trabalhadorxs do sexo, independentemente do género, orientação sexual, nacionalidade ou condição social. Temos uma postura livre de moralismos e preconceitos em relação ao trabalho sexual, pois acreditamos que todas as pessoas que decidem seguir esta actividade como profissão são auto-determinadas e devem ver garantidas a igualdade de oportunidades e os direitos fundamentais.
Visita-nos no website https://www.planoaproxima.org/ onde poderás encontrar informação importante e contactar a equipa directamente para esclareceres as tuas dúvidas.