23 maio, 2024 Um homem simples - Parte 2
Júlio não podia saber que ela nunca tinha feito um broche. Nem qualquer outra coisa sexual com um homem.
Foi, nesse momento, quando se veio na boca dela e os pequenos fios de esporra começaram a escorrer-lhe pelo queixo, que Júlio, grunhindo como um louco, se apaixonou por ela...
Nunca mais essa imagem lhe saiu do espírito, substituindo categoricamente todos os temas de interesse que usualmente o ocupavam. O que era a geometria, a ciência, a astronomia, os saraus culturais ou os temas estruturantes da sociedade, comparados ao pingar da meita em boquinha tão virginal?
Aí sonhou ainda com mais força, mas não alimentava ilusões, adivinhava que tudo não passava de um gesto piedoso da parte dela. Enganou-se...
O conceito de piedade era perfeitamente desconhecido no léxico da inocência. Melhor do que isso, ela compensava essa e outras falhas com uma genuína curiosidade sobre todas as coisas. Júlio não podia saber que ela nunca tinha feito um broche. Nem, em boa verdade, qualquer outra coisa sexual que incluísse um homem.
Há anos que não era virgem, é certo, mas desflorara-se a si mesma, usando para isso um grande dildo que foi achar na gaveta da mãe, ainda dos tempos em que o pai vivia com elas.
Por isso, foi uma surpresa para ela também quando, por volta da uma da manhã desse mesmo dia, quando a casa já dormia, ela se esgueirou para o quarto do patrão, levantou as cobertas e entrou para a cama onde o senhor ventilava no seu pijaminha de flanela. Ela, claro, já ia nua.
Aninhou-se a ele, de frente para as suas costas, e começou a acariciar-lhe o peito e o rabo. Ele não acordou, mas de alguma forma acusou o toque e virou-se, ficando a sonhar para o tecto.
Com a via desimpedida, ela meteu-lhe a mão pela frente das calças, onde o grande adamastor que chupara à tarde se recolhia agora flácido, em repouso. Não foi preciso muito manuseamento para que despertasse e espontaneamente começasse a tomar a forma que ela procurava.
Quando o sentiu duro e empinado, baixou-lhe as calças só o suficiente e montou-se nele com muita delicadeza. Doeu-lhe ao início, mas logo o incómodo deu lugar a uma sensação nova e maravilhosa, o prazer de sentir, centímetro após centímetro, um grosso pénis a abrir-lhe a vagina.
Júlio acordou pouco depois, já com ela a cavalgá-lo com uma fúria sem reservas e, infelizmente, isso acabou por precipitar o desfecho sensual.
Tivesse-se mantido a dormir e tinham gozado ambos bastante mais. Assim, e mal a viu e ouviu no recorte da noite, a gemer nua com as mamas aos saltos em cima de si, desatou a vir-se em potentes jactos, que pareciam armazenados uma vida inteira.
Ela ia também a caminho do orgasmo, mas quando sentiu o volume que a preenchia esvaziar, o momento passou... Tirou-se dele a escorrer toda por baixo e voltou esquivamente para o seu quarto. Isto tudo sem trocarem palavra.
No dia seguinte, ele acordou nas nuvens, cheio de energia e com os apetites restabelecidos. Tomou um belo pequeno-almoço, que até a dona Ana ficou admirada, e logo a seguir procurou pela filha. No entanto, quando a encontrou ela agiu como se nada se tivesse passado.
– Bom dia, senhor Júlio. Dormiu bem?
Nenhum olhar cúmplice, nenhum remoque íntimo, coisa nenhuma que sinalizasse a natureza secreta do que tinha acontecido entre ambos, algo que só eles conheciam. Nada!
Andou semanas a anhar, não sabia o que fazer... Continuava a persegui-la, mas parecia que agora ela se escondia melhor.
A alegria de Júlio rapidamente se tornou incerteza, frustração, dúvida. Mal comia e passava os dia a lutar com as comichões.
Então, uma noite, em desespero, foi ele que se encheu de iniciativa, ele que nunca tivera instinto na vida.
Esperou que a casa adormecesse e entrou pela porta dela. Despiu-se todo e enfiou-se na cama. Ela dormia profundamente e nem deu por ele a destapar.
Por incrível que parecesse, não dormia nua, ela que toda a gente pensava ser alérgica à roupa. Dormia com a camisola alçada, com as mamas fora do tecido, provavelmente para aliviar apertos, e vestia cuequinhas largas, que deixavam ver a maior parte da pintelheira e uma nesga dos grandes lábios.
Talvez tivesse medo que os bichos lhe entrassem pela gruta enquanto estava adormecida...
Fosse como fosse, isso não impediu Júlio, as cuecas não lhe aprisionavam nem a racha, nem os odores. Cheirou-a de alto a baixo (mais em baixo...). Então, era àquilo que cheirava uma mulher... Cheirava a sexo, a cona, a cu dormente. Júlio queria provar tudo!
Começou a lambê-la, a mordê-la, em cima, em baixo e pelo meio (mais pelo meio...), a repuxar-lhe os mamilos, sem dó nem piedade.
Depois aninhou-se por trás dela, como ela lhe fizera, meteu-lhe a mão nas cuecas e estremeceu ao sentir os dedos a abrir caminho por entre as nádegas mornas, avançando em seguida pelo rego húmido até chegar aos tecidos moles e quentes.
Ficou aí até sentir os dedos a marinar. Mas não conseguia manusear tudo daquele ângulo, pelo que tirou a mão de trás e enfiou-lha pela frente. Aí sentiu a sua densa pintelheira e logo abaixo, a fenda entreaberta.
Mal lhe tocou, sentiu-a inflamar-se de líquidos, ou mais exactamente, de geleias. Com toda a facilidade, fez um dedo deslizar-lhe para dentro da cona melada. Foi aí que ela acordou...
– Senhor Júlio... O que é que está a fazer?
Estava surpreendida, era genuíno, mas não necessariamente esquiva. Não se encolheu, nem escondeu, nem fugiu. Virou-se para ele, abriu as pernas e pôs-se a jeito. Então, ele pôde enterrar-lhe a mão toda na racha em dilúvio, e bastou um pequeno vai e vem para ela começar a gemer. Pô-la a contorcer-se de prazer e quis meter-lhe a língua.
Lambuzou-se todo na racha inebriada, toda a sua face mergulhada em cona, não queria sair dali, nunca tinha provado um nectar tão maravilhoso...
Depois quis fazer o mesmo na outra cavidade, absorvendo cada fímbria olfativa e gustativa do olho do cu. Acabou por lhe dar um banho de saliva no rego inteiro, criando um brilho impossível de distinguir qual era o seu sumo e qual era o dela...
Por estas altura, o “diabrete” parecia um anjo nas mãos de um demónio maior, maior que ela, maior que a própria vida... Gemia e rebolava as ancas, sentindo a iminência de explosões que se anunciavam.
Finalmente, encheu-se de urgências, para ela era sempre tudo urgente, e convocou o demónio para o derradeiro exorcismo...
Abriu as pernas e puxou-o para cima de si. Guiou-o, orientou-o, posicionou-o. E quando ele entrou, recebeu-o com pressa e ardor.
Ele não era excepcionalmente grande, como ela já tinha constatado na vez anterior, mas era brutalmente grosso. Ela nunca tinha recebido nada tão grosso por dentro. Sentia-o por inteiro e ele... Ele sentia que estava a foder uma nuvem!
Desta vez, ele aguentou bastante tempo. Já não era jovem, a energia escasseava-lhe, as pernas não conseguiam acompanhar o ritmo, nem do coração, nem da piça tesa. Isso levava-o a ser brando e lento. E ela adorou essa diferença, adorou que ele não sentisse as urgências como ela.
Sentia-o entrar e sair com todo o vagar do mundo, e quando mais devagar ele fazia, mais ela tinha pressa em ver as estrelas...
Não aguentou mais, agarrou-se a ele com toda a força, mordeu-lhe o ombro e veio-se potentemente debaixo dele. Foi como se recebesse um choque eléctrico no centro vital, libertando logo em seguida um coice de energia que se espalhava pelo corpo inteiro.
Ao ouvir o seu estertor, também ele não conseguiu continuar, enterrou a cara nas mamas dela, mordeu-lhe um bom pedaço e esporrou-se abundantemente.
Nem sequer soube de onde lhe veio a ideia peregrina de a beijar na boca (nunca o tinha feito) no momento do colapso monumental! A verdade é que o fez e ela, submissa, grata, abandonada à tesão dele que a contagiava, retribuiu...
Quando o tirou para fora, uma poça de sopa de caralho e cona veio atrás dele, inundando à garota o papo felpudo e ainda um bocado dos lençóis. Felizmente, era ela que lavava a roupa, pelo que a mãe não iria desconfiar.
Mas ela, insaciável, uma vez despertado o diabrete interior, queria mais:
– Espera, não te vás embora ainda, quero-me vir outra vez! Lambe-me mais. Isso, assim... Mete os dedos. Oh... Ohhhhhhhhh!!!
Ela tremeu, sacolejou e descarregou o segundo orgasmo, libertando com ele pérolas de cheiro sexual líquido, que quase desmaiavam Júlio no auge do prazer...
Aí ela quis acender a luz, para o ver, para satisfazer a infinita curiosidade que sentia por todas as coisas humanas, caralhos incluídos, mas foi ele que verdadeiramente se sentiu ganhar com isso. Olhou para ela e viu pura alegria, jovialidade, deleite, gozo feminino... Nada que o preparasse, pelo contrário, para o que ela lhe disse a seguir:
– Anda, vamos contar à mamã!
Quase ia ficando ali, uma pontada no baço, o braço direito dormente, o ataque cardíaco a anunciar-se, Júlio chegou a ver os funerais...
– Estou a brincar, parvo, anda cá! Chupa-me as mamas...
E Júlio abraçou-se a ela como se não mais a quisesse largar.
– Temos que ter cuidado para a mamã não descobrir. Mas podes vir à minha cama sempre que quiseres... Olha, tenho que ir à casa banho. Posso fazer xixi para cima de ti?
Um homem simples, de posição, professor reformado, vogal de agremiações, orador afamado... Figura discreta e proeminente nos círculos mais ilustres. Uma pessoa de bem, respeitada por todos. E agora isto, de repente, quando pensava que a vida já lhe tinha feito todas as fintas e pregado todas as partidas, a felicidade como nunca mais pensava encontrá-la.
Para o que havia de estar guardado...
FIM
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com