30 abril, 2020 Nua
Quero despir-te...
Quero despir-te como se estivesses nua...
Como se a tua pele não fosse de água e sal
Mas um bordado de invisíveis luas
De uma seda ausente e total.
Quero despir-te e que ao fazê-lo
Te escorra um corpo humano pelo corpo
Até restar uma nudez já não de corpo
Mas de outro nu, ele próprio nu e exposto.
Quero despir-te como se não tivesses sombra
E eu ta recolhesse ao meio-dia
Como se a tua pele não fosse de água e sol
Mas uma engenharia de astros em eclipse
Que sob a fome dos meus dedos se extinguia.
Quero despir-te como se estivesses nua
E entrar nessa nudez de corpo ileso
Que a tua pele não seja já a tua
Mas a pele por sobre a pele do nosso peso.
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com