02 julho, 2018 Um date - Parte II
Aquele olhar denunciou-o...
Um date. Não passou disso. Mesmo depois de alguns meses partilhados com aquela pessoa, momentos íntimos, onde confidenciamos os nossos mais pequenos segredos essa pessoa desaparece num abrir e fechar de olhos.
As pessoas que dizem gostar de nós, ou que nutrem algum sentimento por nós podem estar simplesmente a mentir, ou talvez até estejam a dizer a verdade, porém mulher magoada uma vez, mulher magoada para sempre.
O João regressou ao norte do país e eu fiquei em Lisboa a tentar controlar uma fera que estava adormecida há anos. Desta vez, ele passaria lá não apenas cinco, mas sim, quinze dias.
Esses dias foram uma tortura. A minha mente anda desenfreada. Pensava em sexo a toda a hora, parecia uma tarada, uma ninfomaníaca.
Nos dias que seguiram à sua ausência não conseguia deixar este desejo todo só para mim, queria espicaçar aquela fera que se encontrava a quilómetros de mim.
Um dia, ao chegar a casa do trabalho pensei em surpreendê-lo com uma FaceTime enquanto me banhava depois de um dia de trabalho árduo. Ele viu-me através daquela câmara. Ele observou cada movimento que eu fazia, até que pensei aumentar a temperatura. Masturbei-me com a ajuda do chuveiro, só para ele. Se ele deveria estar a trabalhar? Deveria, mas todos nós temos direitos a pausas ao longo do horário de expediente.
Quando terminei o banho sentia-me tão relaxada.
- Ainda faltam alguns dias até à tua chegada, tenho que me ir saciando... - disse-lhe enquanto me secava com a toalha.
Agarrou num livro que tinha ali perto e mordeu-o.
- Isto não se faz! Que tortura mulher!... - respondeu-me.
Eu rio-me pois tenho noção que consegui atingir o meu objectivo.
Os dias passaram e chegou o dia do regresso a casa do João. Ao longo dos dias em que esteve longe mantivemo-nos em constante contacto. Contudo, no dia da sua chegada não me deu qualquer sinal de vida. Desapareceu.
Fiquei um pouco preocupada com a repentina ausência do João naquele dia, pensei que tivesse acontecido algo com ele, no entanto, nada aconteceu, arranjou uma desculpa esfarrapada e naquele fim-de-semana não estivemos juntos.
“Não tive tempo para estar contigo este fim-de-semana bonequinha. Desculpa-me. Os meus amigos e familiares estiverem no foco da minha atenção ao longo do tempo. Só estarei cá em baixo novamente daqui a quinze dias. Beijos fofinha”
Foi essa a mensagem que ele me escreveu. Uma bela desculpa esfarrapada. No problem. É assim que as pessoas vão aprendendo. Esta era a segunda vez que ele me falhava, à terceira meto-o a andar e não quero saber do que foi partilhado entre ambos.
Os dias passaram-se e nós aos poucos fomo-nos afastando, mas a tesão que sentíamos um pelo outro ainda estava bastante presente. As mensagens que eram trocadas diariamente, mesmo que poucas, eram apenas de teor sexual.
No dia do seu regresso, o João surpreendeu-me ao aparecer no meu trabalho.
- O que fazes aqui? - pergunto-lhe espantada.
- Vim buscar-te para irmos jantar, bonequinha. - responde-me.
- Eu só saio daqui a quinze minutos. Diz-me onde queres ir e eu encontrar-me-ei contigo lá. - respondi rapidamente.
- Não bonequinha. No máximo, espero por ti em tua casa, assim deixas lá o carro e dás comida aos animais. - disse-me.
- Gosto do teu plano. Então, daqui a trinta minutos lá nos encontramos.
Despachei-o rapidamente, pois não queria dar nas vistas perto dos meus colegas de trabalho.
Como combinado, lá estava ele à porta do meu prédio. Mas acho que vou mudar de planos, novamente.
Após ter estacionado o carro avancei até perto do carro do João e gesticulo para ele descer o vidro da janela.
- Queres subir comigo? Para não ficares mais tempo à minha espera. -digo-lhe.
- Não... Vai lá eu espero aqui. - respondeu-me rapidamente.
- Não devemos é perder mais tempo. Anda. Sai mas é do carro e vem.
Ficou confuso a olhar para mim, mas seguiu-me até ao meu apartamento.
Assim que entramos e ele fecha a porta agarra-se imediatamente a mim. Encosta-me à parede. Sinto a sua tesão encostado ao meu ventre.
- Elise, o que tu fizeste foi uma tortura. Todos aqueles dias a ver-te sem poder tocar-te...uma perfeita tortura. - disse-me entre me agarra no pescoço e encosta-me a cabeça junto da parede.
- Isso são apenas palavras.. - não me larga o pescoço e deposita-me beijos ao longo dos ombros e peito – … Já só acredito em acções. Gestos ou atitudes.
Ele suspende os seus movimentos e fixa o seu olhar no meu. Aquele olhar denunciou-o.
Continuo contra a parede e as nossas mãos percorrem o corpo um do outro. Livrámo-nos daquelas roupas enfadonhas e tomamos o corpo um do outro.
Nesta noite deixámos marcas no corpo um do outro. Entre arranhões a marcas de dentes bem vincados na pele, até a nódoas negras em zonas que não deveriam ser visíveis.
Da parede para o sofá. Do sofá para a bancada da cozinha, porque ia buscar um copo de água. Da bancada da cozinha para a minha cama. Assim foi a nossa última maratona juntas. Gritámos e agimos que nem dois animais esfomeados.
As minhas vizinhas nos dias seguintes mandavam-me olhares bastante reprovadores, mas “vozes de burro não chegam ao céu”.
Depois de terminarmos aquela maratona já de manhã deixei-o repousar no meu ninho durante o sábado. A meio da tarde, depois de um bom dia bem dado, ele diz-me:
- Fofinha, vou jantar com os meus pais. Queres que passe cá mais tarde?
- Não te incomodes. Falamos depois amanhã. - respondi-lhe prontamente.
Despedi-me dele como se o fosse rever no dia seguinte... but maybe not.
Nos tempos que se seguiram ainda tentou manter contacto, porém para mim já era página virada.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...