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04 janeiro, 2021 First Love

Malícia era coisa que até pelos olhos me saltava...

Desde pequena que ia passar todos os meus verões à terra da minha mãe ao Algarve, melhor dizendo. Temos muita família por lá, espalhada por toda a região, mas por onde havia mais e com quem mais nos dávamos era mesmo em Albufeira. Era por lá mesmo que gostávamos de ficar...

First Love

Tínhamos tudo perto. Usávamos o carro para muito pouca coisa, quase nada mesmo, a não ser quando queríamos fazer aquelas compras gigantes para fazermos aquelas festanças na aldeia dos meus avós que também viviam por lá perto, em São Bartolomeu de Messines. Tínhamos que ter meio de transportar toda a comida e bebida para aquele número todo de pessoas.

A família da minha mãe é enorme. Contamos com 40 pessoas, isto apenas diz respeito à parte dos meus primos, ainda sem contar com os seus respetivos maridos e mulheres, filhos e sem os meus tios. É realmente muita gente. Costumam ainda juntar-se malta que vai aparecendo, aqueles estrangeiros que vão sentindo o cheiro da sardinha assada ou da carne grelhada. Somos pessoa convidativas e nunca levamos a mal que se juntem mais duas ou mais vinte pessoas. No fundo só queremos convívio, festa e motivos para “só mais uma cervejinha”.

A família é extensa e dou-me bem com todos. Sou a prima mais nova. Dos 12 irmãos que a minha mãe teve ela é a penúltima mais nova e eu acabei por ser a criatura mais nova a nascer de todo aquele rebanho, mas sempre aprendi a lidar com todos como se assim não fosse. Sempre me habituei a lidar com pessoas mais velhas e desde cedo que conversas e comportamentos mais maduros sempre fizeram parte do meu currículo.

Obviamente que acabamos por lidar, não melhor nem pior, mas por motivos de força maior, mais com uns que com outros. Ou porque estão mais disponíveis, ou porque têm mais empatia ou simplesmente porque naquele momento faz mais sentido e os meus tios e primos de Albufeira, sem dúvida, são essa “gente” da minha família. São aqueles que cada vez que vou a terras Algarvias, é com eles que passo mais tempo. Saímos, jantamos, vamos dar um pézinho de dança, pernoitamos sempre por casa deles e vice-versa. Quando decidem vir a Lisboa também é na nossa casa que eles ficam. E sempre foi assim, desde sempre.

Talvez por isso, e por termos criado essa ligação desde tão cedo, que sempre olhei para o meu primo mais novo com outros olhos. Cada vez que o via só tinha vontade de me rir. Ficava envergonhada até para falar e sentia-me tão corada que até o meu sangue me fervia e me subia à cabeça. O coração parecia que batia a 1000 por segundo.

Parecia aquelas paixonetas de menina, mas a verdade é que me lembro de crescer com este sentimento cada vez que estava com ele. A cada verão ou temporada que lá ia, sabia que ia voltar a sentir aquilo.

Com o passar dos anos a coisa não mudou. Parece que quanto mais eu crescia, mais ele se dava conta e parecia gostar e de certa forma a situação parece que se tornou reciproca.

É como dizem. As meninas crescem e de repente tornam-se mulheres. É verdade!

Era Julho, verão de 2004. Eu tinha 19 anos, mas já não era aquela pitinha envergonhada que se escondia atrás daquele sorriso tímido e fechado para não me verem os dentes. Já não tinha tanta inocência assim, pelo contrário. Malícia era coisa que até pelos olhos me saltava e tinha a esperteza suficiente para fazer ressaltar as minhas primeiras, segundas e terceiras intenções até pelos meus gestos e olhares.

Fui passar o verão a casa dos meus tios. Esse meu primo mais novo, o Tiago, mas mais velho que eu ainda lá vivia. Solteiro e bom rapaz. Giro que se farta e tinha um sorriso daqueles, lindo e maroto, daqueles tipos que também “não prestam para nada”. Achava-lhe um piadão.

Cheguei de surpresa. Avisei a minha tia de que ia apanhar o expresso e que ia chegar ainda antes da hora do almoço. Deixaram tudo a postos para a minha chegada. Assim que lá cheguei lá estavam eles no terminal à espera para me levarem para o poiso que seria a minha casa nos próximos dois meses.

Chegada a casa, “estacionei” as malas, vesti o biquini e lá fui eu para a praia. Não almocei sequer. Sabia que o Tiago estava a trabalhar no restaurante em frente à praia, então eu ia fazer-lhe uma surpresa.

Lá ia eu toda contente e orgulhosa, gastar quase cinco euros numa baguete de delicias do mar só por causa disso.

Só esperava que ele estivesse por ali mesmo e com tempo para me poder ver e falar.

First Love 2

Tive sorte!

- Mel! Estás cá!

Notei os seus olhos contentes por me verem. No fundo eu sabia que ele também me olhava de alguma maneira. Aquilo tudo não poderia ser só como uma prima ou sentimento de irmãos.

- Não Tiago! Na verdade eu sou um holograma e eu não sou eu.
- A mesma estupidazinha de sempre. Dá-me cá um beijinho vá que eu sei que estavas cheia de saudades minhas que nem esperaste eu chegar a casa para me ver. Eu sei que vieste aqui de propósito.
- Claro que vim aqui de propósito. Ouvi dizer que estavas cheio de saudades minha priminho. Quis fazer-te essa surpresa. Sei que agora até vais trabalhar com mais afinco e com mais vontade de voltar para casa só para me poderes voltar a ver.
- Sim, sim! Cigana! Diz lá que não tinhas saudades minhas, diz...
- Oh Tiago, és sempre tão repetitivo. Vá, dá-me lá aí uma sandes de delicias do mar para eu ir para a praia.
- Não te dou, vendo-te. Lembra-te que o ano passado vieste aqui e quase foste embora sem pagar...
- Ah ah ah ah, vê bem como passas a vida a lembrar-te de mim. Nunca mais te esqueces disso. Passas a vida a relembrar esse episódio. Já te disse que foi sem querer que isso aconteceu.
- Sim, claro! Só me fazes passar vergonhas, só por isso é que não me esqueço. Deves pensar que é por ti, não.

Aproximo-me dele.

- Eu sei que é por mim mesmo que não te esqueces. Não te consegues esquecer de mim nunca. – Rio-me e afasto-me.

Ele olha-me com um sorriso no rosto.

- Tu já sabes é muito, estou a ver.
- Sim, e tu dá-me lá o meu almoço que já tenho a barriga aos roncos e tu tens que ir trabalhar que é para isso que te pagam, ó desgraçado.
- Vai, toma lá isso. Fica por minha conta. Logo à noite, pagas tu qualquer coisa! Com juros. – Respondo.
- Uh! Tu é que já sabes é muito!

Sorrimos.

- Até já.

Despedi-me dele com um beijo na face.

- Bom trabalho calmeirão.
- Boa praia ciganona.

Rimos e seguimos cada um o seu dia.

O meu dia de praia foi maravilhoso. Aquela praia à pinha e sozinha no meio daquela multidão, GOD!, que pior se pode pedir??!!

Cada vez que ia à água rezava para que ainda tivesse a minha toalha estendida na areia e que não me tivessem roubado o lugar naquele meio metro quadrado de areal que ocupava.

Decididamente que no dia seguinte ia para outra praia onde tivesse os meus primos que têm o negócio das gaivotas por lá. Ao menos eles podem guardar os meus pertences e reservar-me um lugar perto deles. Assim sei que, vá a que horas for para a praia, tenho sempre lugar para estender a toalha perto deles.

Chegada a noite, os meus tios preparavam o jantar. O meu tio adorava fazer o seu melhor prato só para se vangloriar do belo cozinheiro que era.

- Sobrinha, adivinha lá o que é que o tio está a fazer para o jantar!

A minha tia faz a sua cara mais sarcástica.

- É que ela nem sonha o que pode ser! – diz ela.
- Zé, pelas minhas contas, eu penso que seja Arroz de Polvo!

Rimo-nos.

- Então, “pois tá claro”. – responde-me ele – Ó sobrinha, o tio sabe que tu gostas muito de polvo, então o tio faz!
- Claro, tio! E eu gosto muito que faças!

Na verdade adoro polvo, mas grelhado ou lagareiro, só o polvo mesmo, agora arroz de polvo não é nada a minha cena, mas hei-de levar essa para o caixão a ter que lhe contar e fazer-lhe a desfeita do arroz de polvo.

Ouvimos a chave a entrar na fechadura.

Ele chegou e o meu coração bate...

First Love 3

Ao ouvir uma chave entrar na fechadura da porta de casa da minha tia o meu coração parou, a minha respiração parou. Aqueles segundos foram tão sofridos. Eu sabia quem me esperava do outro lado da porta.

- Olha, o teu primo chegou.- diz a minha tia.
- Sim, nota-se pelo cheiro. – rio-me.

Ele entra e vai direto à cozinha e vê-me a rir com a minha tia.

- Pronto! O que é que essa maluquinha – que por sinal se referia a mim – já está para aí a dizer?
- Está a dizer que sentiu pelo cheiro que estavas a chegar.

Começamos todos a rir.

- Ai sim? Não serás tu que não te esfregas no banho e andas aí toda cheia de surro?

Como habitual, é sempre nestas cenas de picardia que nos ameaçamos com umas chapadas aqui, uns encontrões ali. Aquele contacto físico que com o tempo aprendemos que no fundo queriam dizer outra coisa.

Vou direta a ele. Ele começa a andar para trás em direção à sala e eu respondo-lhe.

- Oh Tiago, não digas isso. Eu esfrego-me tão bem no banho que nem fazes ideia.

E por essa ele nunca esperou. Dá uma gargalhada maior que ele e eu fiz o mesmo, ao mesmo tempo que pensei “tive tomates para lhe responder à altura, mas até me escondia num buraco”.

- Ai Mel!
- Ai Tiago!
- Hoje vais sair?
- Ainda não sei se a Vanessa quer ir fazer alguma coisa ou não, não cheguei a combinar nada.

A Vanessa é a filha da melhor amiga da minha tia. Conhecemo-nos faz três anos, mas digamos que apesar de mais velha que eu, ela não tem a mesma ordem de soltura que eu, talvez por ser mais menina e mais amedrontada, talvez.

- Deixa a Vanessa para amanhã quando estiveres sozinha.
- Então, isso é um convite.
- Um convite? Não te estou a perceber ó convencida. Não estás bem aqui com os meus pais? Não os vês faz tanto tempo.
- Ai sim? É! Tens razão, mas eu ainda vou ver se combino algo com a Vanessa, posso sempre almoçar com os teus pais amanhã.

Ele ri-se.

- Não vais nada. Vais ficar em casa hoje. – responde-me.

Aproximo-me dele e respondo-lhe.

- Não sei, vou pensar no teu caso fofuxo. – e dou-lhe uma leve chapada na cara com aquele ar mais sacana possível.

Vejo como fica a morder a língua. Acrescento:

- Agora anda comer. O jantar. Está na mesa. – rio-me.
- Como agora ou logo mais à noite. Eu é que decido.

Viro-lhe as costas e vou a gargalhar casa fora até à cozinha. Ele apanha-me pelo braço e puxa-me.

- Estás a achar-te muito espertinha, ó sabichona. Estou a gostar, mas tem cuidado. Olha que eu apanho-te mesmo.
- E eu já te disse que agora é hora de comer. O jantar queridinho. “Bora”, mas obrigada pelo aviso. Prometo desafiar-te e apanhar-te também quando for a minha vez. – rio-me.

Ele ria-se e abanava a cabeça como quem diz “ o que é que se passa com esta miúda. Ela não era assim nem eu estava preparado para isto”.

Foi conversa a noite dentro. Contar as fofocas familiares, as novidades, coisas que aconteceram durante aquele tempo em que estivemos longe uns dos outros e confesso que depois de tudo aquilo, banho tomado e barriguinha cheia, a minha vontade de sair era zero. Tinha acordado bastante cedo para aquela viagem de 5 horas de expresso que faz capelinha em cada paragem por onde passava. Estava realmente exausta. Sentia que o Vitinho me cantava mais cedo que o habitual.

O meu telefone toca e vejo a cara do Tiago.

First Love 4

Vejo o Tiago concentrado a olhar pelo canto do olho para mim e para o meu telemóvel a ver se percebia alguma coisa. Olho para ele também e começo-me a rir.

Pego no telemóvel. Era a Vanessa a tentar ligar-me, mas rejeito a chamada. Não queria que o Tiago entendesse de caras que eu já não ia sair. Queria que ele sofresse o suspense só mais um pouco. Pedi à Vanessa que me mandasse mensagem porque não conseguia ouvir bem a chamada, mas expliquei-lhe logo de ante mão que me sentia muito cansada e que ia ficar por casa, mas que no dia seguinte iríamos fazer a nossa vida tal como combinado, praia e noitada para matar saudades dos velhos tempo.

O Tiago apenas me via a mandar e a receber mensagens e continuava a olhar pelo canto do olho. Eu tentava disfarçar como se não me estivesse a aperceber de nada.

Levantei-me, propositadamente nessa altura e fui à casa de banho lavar os dentes. Um pouco depois de mim levanta-se ele e vai em direção ao seu quarto. Estou na casa de banho de porta aberta a lavar o dentes e apercebo-me de que ele entra e não fecha a porta do quarto. Continuo na minha higiene.

Quando estou a sair da casa de banho vem ele e mete-se à minha frente.

- Então, vais começar-te a arranjar agora?

Não consigo disfarçar e começo-me a rir.

- Tem calma.
- Tchi! Calma? Mas eu estou nervoso? – ri-se.
- Estás e estás muito.

Passo por baixo do braço dele.

Ele puxa-me para o quarto.

- Vais sair?
- Fazes assim tanta questão de saber porquê? Não me digas que ainda não estás com a barriguinha cheia. Ficaste com fome ou ainda queres comer?
- Tu és muito esperta, mas ainda não me respondeste.

Fico em silêncio, só a olhar para ele e a rir-me. Noto que ele começa a ficar nervoso.

- Então, mas não vais dizer nada? Fiz-te uma pergunta. Só quero saber.

E eu continuo sem lhe responder.

Ele começa a rir.

- Estás mesmo a querer jogar esse jogo! Vê lá se não consegues.

Respondo-lhe apenas com aquele levantar de sobrancelha e ombros como quem diz “então vamos ver se eu não aguento ou tu não tens estofo”.

Com isto tudo já se tinham passado umas tantas horas desde o jantar. Já tínhamos visto uma novela e meia, o que eu já não estava a aguentar e já tinha visto a minha tia passar pelas brasas e o meu tio a roncar que nem porquinhos da índia.

No meio daquela “nossa conversa” ouvimos “Até amanhã meninos.”

Eu respondo.

- Tia, amanhã vamos tomar o pequeno-almoço! Acorda-me que eu não sei a que horas durmo hoje...
- Ok Melissa. Até amanhã filha. Até amanhã filho.
- Até amanhã! – respondemos em uníssono.

Agora os meus tios já estavam deitados e pelo que rapidamente se ouvia, a dormirem profundamente. Pareciam calhaus.

- Não sabes a que horas dormes hoje? – pergunta-me.
- Não!
- Porquê?
- Porque ainda não me disseste qual é o filme...

Ele começa a rir-se.

Acabo a frase.

- ... que vamos ver hoje. Tens algum muito bom que me mantenha acordada? – pergunto-lhe sussurrando-lhe ao ouvido.
- Queres mesmo fazer isso? Não fujas depois!
- Fugir de quem? De ti? Não te aches isso tudo...
- Não me provoques!

Aproximo-me dele e quase encosto a minha boca à sua. Olho nos seus olhos.

- Senão...

Dou-lhe uma leve chapada no rosto no seguimento da minha resposta, coisa que ele sentiu como um forte murro no seu ego e sentiu-se tão desafiado que me encostou à parede, colocou-me de costas para si, agarrou-me no cabelo puxando-me a cabeça para trás, colocou a mão na minha vagina fazendo-me empinar o rabo, encostou o seu pau já ereto contra mim. Chupou-me e mordeu-me a orelha e disse-me:

- Esta noite vou-te rebentar toda.

Alexa

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Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...

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