24 juin, 2022 Amor no feminino
Nunca amei uma mulher, mas, sexualmente, atraem-me e, por vezes, acontece acabar na cama de alguma...
Mês de Junho. Além dos Santos, festarolas, sardinha assada, celebra-se o orgulho gay. Além de desfiles e arraiais, é um mês que simboliza o orgulho que temos em sermos livres de amar qualquer pessoa, independentemente do género ou orientação sexual. Com espírito festivo, deixei-me lavar a uma parada de alegria...
Nunca amei uma mulher, mas, sexualmente, atraem-me e, por vezes, acontece acabar na cama de alguma. Desta vez, não foi exceção! Quando dei por mim, já estava encostada a uma árvore aos beijos com uma menina de que não recordo o nome - mas com um beijo inesquecível, molhado, intenso, suave, como só um beijo entre duas mulheres sabe ser.
Mas, desta vez, não acabou em sexo porque, com a mesma velocidade que acabei encostada àquela árvore, a menina sumiu, sem dar tempo para questionar.
Só que o convívio continua e mulheres bonitas não faltam!
Gosto daquilo que chamam "pico a lésbica". Não sei se é possível explicar, mas tem a ver com a aparência física, a maneira de vestir, é um jeito de estar característico da comunidade. Numa marcha como esta, representa boa parte das participantes, o que me deixa em estado de alerta e isso fez com que não demorasse muito a dar por mim num novo beijo intenso, mas, desta vez, com uma situação completamente fora do vulgar.
Estava a beber uma água fresca, mas a olhar fixamente para uma menina que, divertida, fazia danças para uma rede social. Morena, cabelo liso comprido, raspado de um lado, top de ginástica a substituir o soutien, calças de fato de treino e os ténis de basquete da moda. Boa parte do corpo desnudado estava coberto por tatuagens e eram ainda visíveis alguns piercings no rosto.
A forma de dançar enfeitiçava-me completamente e nem conseguia disfarçar - olhar era mais forte do que eu! E claro que ela acabou por notar. Dirigiu-se a mim e pediu-me água. Deve ter sido das abordagens mais confusas dos últimos tempos ou, simplesmente, não pensou - porque se há coisa que não é normal partilhar com estranhos é o gargalo de uma garrafa!
Mas para quem tenciona pôr a boca em várias partes, a garrafa não é nada. Por isso, ficamos alguns minutos a olhar uma para a outra, a olhar para a garrafa... até que a estendi.
- Mas eu queria mesmo era da tua boca!
Acho mesmo que a rapariga não pensou na abordagem e tudo aquilo pareceu-me uma cena muita fatela, mas linda. Do jeito que era, não me debati muito. Respondi para vir beber enquanto dei alguns goles.
Não se fez de rogada, afinal era o que tinha pedido e enrolou a língua na minha. Percorri o corpo com as mãos enquanto nos beijávamos. Já tinha percorrido aquele corpo na minha cabeça quinhentas mil vezes enquanto a via dançar. Estava completamente encharcada e só sentir o seu corpo desnudo no meu e afundar a minha boca naquela cona...
Pausa no beijo e já a ia cumprimentar quando, do nada, uma miúda loira, com pouco mais de vinte anos, surgiu junto de nós e deu um beijo na minha morena. Foda-se! Mas isto é assim?! Já me sentia um micro-ondas. Que raio, que isto hoje não passava da primeira!
Olhei para as mão e vi a aliança - nem sei como não tinha prestado atenção a isso antes, mas acho que, na minha cabeça, eu queria-a livre para mim. Desde o início que ignorei estes pormenores e, sem grande surpresa, a miúda loira tinha a aliança igual. Mas porque carga de água me veio beijar?
A minha expressão foi expressiva o suficiente para não necessitar colocar a questão. A loira colocou-me a mão na nuca, puxou-me para ela e beijou-me. Ao mesmo tempo, senti a morena colocar-me a mão na cintura e juntar-se ao beijo. E ficamos alguns minutos num espetacular beijo a três com duas deusas.
Quando terminou, estava ainda confusa a tentar cair em mim, até que a morena disse:
- Temos uma relação aberta. Alinhas ir para um sítio mais sossegado connosco?
Sorri!
- Claro que sim!
Bom fim de semana!