16 février, 2023 A mulher que não queria
Não quer e não quer porque não quer!
Diz dona Lúcia armada em prima-dona
É muito mais Senhora que mulher
Não é a qualquer um que dá a cona
Mas destroca a perna abrindo o pingarelho
Levanta a saia e mostra o ramalhete
Nem pensar em meter lá o bedelho
Mas concede se for só um minete...
Lambo pois a racha farta e o grelinho
Geme pura a dama o papo cheio
Cheirando o bacalhau sabe a toucinho
Não demora até verter o seu recheio
Eis então que se levanta muito altiva
Gritando ais de donzela contrafeita
Desonrei-a, quer reparação punitiva:
Obriga-me a bater-lhe uma punheta!
Chafurdo-lhe à mão cheia a fenda lassa
Escarafuncho-lhe a casa dos segredos
Espeta-me as unhas nas unhas a devassa
Vem-se aos soluços nos meus dedos!
Desvairada, acusa-me de indecência
É uma lady, não um reles fantoche
Que me prepare para os horrores da penitência
E voraz, ameaça-me com um broche!
Morde e chupa-me a cabeça dura
Porco imundo, não perco pela demora!
Ainda assim faz-me sentir tanta ternura
Que lhe deixo a boca toda cheia de esporra
Agora é que está mesmo desavinda
Tão juíza e tão carrasco até comove
Açoita-me com um pau de Cabinda
E condena-me a fazer sessenta e nove!
Suga ela, sorvo eu e disparamos
As respectivas armas de perversão maciças
Já então ela parece ter três rachas
E eu estremeço inteiramente das três piças
A escorrer do alto e baixo não perdoa
Não queria, fui eu que a obriguei!
Um vil alarde, e ela tão boa pessoa
Dirá a todo o mundo que a emporcalhei!
Não deixará que passe impune o meu pecado
Vai espezinhar-me como se eu fosse um pano cru
Para dona Lúcia o pecado mora ao lado
Só me perdoa se eu lhe for ao cu
Diligente, faço o que ela diz
Afinal, não passo dum pau mandado
E enquanto ela empina o nariz
Trato eu de lhe empinar o rabo
Neste querer de tanto querer e não querer
Dá dona Lúcia o corpo ao manifesto
Um dia gostava de a foder
Até lá, contento-me com o resto...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com