03 octobre, 2024 A viúva - Parte 2
Ele era mais novo, mas já tinha idade para ter juízo - só que o seu juízo estava toldado pela atracção que sentia.
Foi só passado uns meses que reparou nele. Ele estava a olhar fixamente para ela na esplanada. Ela levantou-se e foi-se embora. Não por causa dele. Mas porque não queria que ninguém se imiscuísse na sua solidão, que nesses dias era a sua predilecta companhia.
Mas, no dia seguinte, lá estava ele outra vez. E no outro. E no outro. Finalmente, ele reuniu coragem e perguntou se ela permitia que ele se sentasse na mesa dela. E ela não se levantou, nem o mandou embora.
Começou logo aí a conversa mansa. E também isso ela deixou, mais por diversão do que por interesse. Aceitou-o como uma distracção e apenas isso.
Quando estavam juntos, ele divertia-a. Quando se separavam, não pensava mais nele. Nunca. Até ao dia em que, do nada, sem sequer pensar porque o fazia, o convidou para sua casa.
Recebeu-o com simpatia. Fez chá. Acendeu um pau de incenso. Pôs música clássica porque ele lhe disse que gostava. Pediu licença para trocar de roupa.
Voltou à sala com umas calças de ganga, informais, mas muito justas, e uma camisa larga que não lhe escondia as mamas. Mas fez-se desentendida quando ele começou com sugestões, e foi ainda mais longe ao dizer-lhe que não tinha tesão, quando ele propôs deitar-se com ela.
Foi aí que ele se decidiu...
Ele era mais novo que ela, mas já tinha idade para ter juízo. E era por demais evidente que, nesse momento, o seu juízo estava toldado pela atracção que sentia.
Levantou-se, avançou para ela, encostou-a contra a bancada da cozinha, e não a largou até lhe enfiar os dedos no que mais desejava...
Ela suspirou, tremeu, gemeu, mas não disse não.
Ele beijou-a no pescoço, usando abundantemente a língua. Apalpou-lhe as mamas com a ânsia de quem quer esmagá-las. Encaixou-se dentro das suas pernas, dando-lhe uma primeira amostra do pénis teso, como se lhe quisesse mostrar como o deixava louco.
Finalmente, desapertou-lhe as calças e meteu-lhe a mão dentro das cuecas, descobrindo como ela estava encharcada!
Aí, uma vez revelado o centro do seu prazer, ou a brecha da sua resistência, manobrou experientemente até a fazer vir.
Não havia nada que ela pudesse ter feito. Já não havia forma de lhe dizer que não.
Depois de a levar ao orgasmo, todo o charme, elegância, as próprias falinhas mansas com que ele a tentara seduzir, desapareceram todas. Também ele, de certa forma, se libertou.
Ela escorria pelas pernas, ainda a gemer. O chão da cozinha estava salpicado de manchas e despojos líquidos. Provas concludentes da maré que ele lhe fizera derramar.
Mantinha os olhos fechados, experimentando intensamente a despedida quente do clímax. Já não era a mesma mulher dura que o olhava como se não o visse. Antes um corpo semi-derretido que tinha que se encostar à parede para não cair. Até a sua boca tinha um sorriso de abandono dócil, delicado, saciado.
Mas ele... Ele já não era o mesmo amante cuidadoso, gentil, preocupado... Era um touro enraivecido em plena ebulição!
Pegou nela e atirou-a para o sofá. Aproveitando o seu desnorte, dobrou-a sobre as pernas e desatou a dar-lhe palmadas no rabo, até a deixar com as duas faces vermelhas.
Ela gritava, mas não era de dor. Era mais um urro de animal aprisionado que anunciava a sua libertação, a sua rendição às mãos dum salvador sádico, talvez, mas apaixonado.
Cada chapada que ele lhe infligia tirava-a um pouco mais do seu transe. Cada estalo que lhe queimava a pele afastava-a um pouco mais do seu passado.
Ele não era velho, mas não era parvo. Sabia o que queria, sabia o que fazia. Não queria magoá-la. Queria que ela voltasse a sentir-se mulher.
Sem rodeios, virou-a para poder vê-la e ordenou-lhe que abrisse os olhos:
– Olha para mim!
Ela abriu os olhos.
– Quero-te foder!
Ela não respondeu.
– Não dizes nada?
Para a atiçar, enfiou-lhe um dedo no cu. Ela gemeu logo, denunciando o prazer daquele toque. Um dos seus preferidos.
Como ele sabia que ela gostava, que era uma coisa que o marido sempre desdenhara fazer, era certamente um daqueles mistérios da intuição.
Ele não parou. Começou um vai-e-vem perfurante no olho anal, enquanto lhe acariciava o clitóris com o polegar. Agora ela gemia como uma acelerada e teve que pedir para ele abrandar, porque o gozo era demais, sentia-se morrer.
E finalmente ela falou:
– E se... eu não quiser?
– É isso que tens a dizer? Não queres?
– ... Quero...
Assim, finalmente, se rendeu. Se devolveu aos braços dum amante. Com uma lágrima nos olhos, muitas na cona e várias no cu.
As coisas não seguiram, no entanto, o roteiro idílio e romântico que ela provavelmente esperava. Não nesse momento, pelo menos.
É preciso ter em conta o embalo de tesão que ele trazia. O derradeiro consentimento dela, tão a custo conquistado, somado à imagem das pernas abertas dela, expondo-lhe os orifícios molhados, e sobre tudo o cheiro que lhe ficara do orgasmo e quase o embriagava, levaram-no com naturalidade a um ponto sem retorno.
Mais a mais, por também saber que se a penetrasse aí, não ia durar nem 30 segundos até se vir.
Então, decidiu acrescentar uma última variação ao ataque que visava a respectiva rendição, mesmo que a tivesse já conseguido: exibiu a pila, que apareceu cheia de veias salientes e com a cabeça muito vermelha, e esporrou-se para cima dela, pincelando-lhe a vulva e o ventre com riscos brancos e efervescentes de gozo!
Mais uma vez, ela pareceu em choque, mas não era mais que surpresa perante o acto inesperado.
No resto, considerou que a permissão que lhe dera consentia necessariamente liberdades. Aquela tinha sido apenas uma delas. Teria que se habituar de novo aos rituais menos limpos do sexo, que há muito não praticava.
Depois do seu próprio orgasmo, ele deitou-se com ela e abraçou-a, beijou-a, acariciou-a como se fossem um casal de namorados. Começou, finalmente, a despi-la sem pressa e foi aí que ela percebeu, enfim, que tinha dado uma volta de 180 graus à vida.
No acto sensual de despir o objecto do seu desejo, nessa derradeira intimidade que ele lhe aplicava, só aí, na verdade, voltou a sentir-se mulher!
Enquanto lhe tirava a roupa, ele não parava de a cheirar e de lamber cada nova nesga de pele que lhe ia descobrindo. Ela nem reparou que já estava nua quando se impacientou:
– Deixa isso, anda aqui... Beija-me na boca! Lambe-me o pescoço! Agarra-me as mamas! Aperta mais os mamilos... Mete um dedo no cu! Isso, assim! Ooooh! Ai, cabrão! Ai, fode-me! Fode-me, caralho! Fode-me toda!! Fode-me já!!!
E ele não fodeu: foderam os dois...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com