30 Septiembre, 2021 O misterioso caso da mulher sem cuecas - Parte II
Detective Sarilhos investiga...
Meia-hora depois estava de volta ao gabinete. A minha femme noir tinha-se posto à vontade... Fui dar com ela nua no sofá, de cu para o ar e a roçar-se toda enquanto folheava a minha edição original do Allan Poe. Não havia dúvida que os mistérios a deixavam no ponto...
Se não fosse ter tanta coisa para lhe dizer tinha-lhe logo saltado para as nalgas!
Em vez disso, preparei-me para iniciar as explicações finais do exigente problema, que em boa hora, a reboque de um par de mamas fenomenal e de um cu que não lhe ficava atrás (ainda que ficando), tinha entrado pela minha porta.
Procedera a intensas investigações. Fizera buscas. Visitara os locais e interrogara as testemunhas. Rapidamente chegara aos suspeitos. Quando lhes expus o caso como se o tivesse vivido com os meus próprios olhos, sucumbiram e confessaram tudo na hora... Como tinha pensado, as conclusões não deixavam margem para dúvidas: era elementar!
Sentei-me na chaise longue e deixei-a estar a martelar as teclas do piano. Já martelaríamos doutra maneira... Para mais, pensei que lhe daria paz para o que teria que ouvir em seguida. Ia precisar dela. Chegara enfim a altura de revelar a solução do mistério...
– Vou então explicar os elos que formaram a minha cadeia de raciocínio, que no caso correm paralelamente com o percurso que a dona Emília fez desde o momento em que saiu de sua casa, às primeiras horas da manhã. A menina realmente saiu de casa à pressa e, talvez com a fraqueza, teve de facto um episódio de desmaio. Alguns senhores aproximaram-se e trataram de si...
– Três deles acabaram por transportá-la para a lavandaria, que de facto se encontrava aberta visto nunca fechar. Uma vez ali, talvez inspirada pelo ambiente que rodeava e naquilo que as testemunhas descrevem como um lapso de loucura sexual, pronunciou de viva voz, para toda a gente ouvir, que sentia uma necessidade inadiável de ser “centrifugada”. Palavras suas.
Dito isso, de acordo com as mesmas testemunhas, a dona Emília atirou-se de pernas abertas para o colo do primeiro, que estava de pé à espera de roupa branca e fodeu-o assim mesmo, a seco e com sinuosa ginástica.
Nisto, um segundo aproximou-se por detrás e enfiou onde o outro já estava, tendo a dona Emília recebido ambos com gratidão e súplica.
O terceiro estava só a ver, mas mesmo assim a dona Emília puxou-o pela verga e friccionou-o até à descarga. Os dois primeiros esporraram-se efectivamente dentro da cona.
– Oh, então foi assim que tudo começou? Não me recordo de nada...
– Porque a dona Emília estava em transe. Não era a sua própria pessoa.
– Pelos vistos era do primeiro que me apanhasse. Mas como pensou logo na lavandaria?
– Porque o cheiro a amaciador barato das lavandarias públicas é inconfundível, e a sua cona, minha bela amiga, tresandava a produto...
– E como sabe que foi o primeiro sítio onde eu fui e não, por hipótese, o último?
– Porque se fosse o último sítio onde esteve, o cheiro do detergente tinha mascarado todos os outros cheiros que a sua intimidade exalava no momento em que a examinei... Na verdade, tudo o que eu precisava de saber estava na cona da dona Emília. Na cona e nas regiões limítrofes...
– Oh, que adulto!
– As provas estavam todas lá, nos cheiros, nos sabores, nas impressões digitais e nos pequenos vestígios lá deixados... O amaciador, as dedadas de óleo que os seis mecânicos lhe deixaram no rego e os pêlos da barba misturados na pintelheira da dona Emília, dos diversos homens que a possuíram na barbearia... Ainda agora tenho pêlos nos dentes.
– Tudo isso, pasme-se, acrescido de uma petalazinha solitária de coentro...! Um elemento que, confesso, no início me confundiu: porquê apenas uma pétala?! Porquê coentro e não salsa? E afinal, era elementar, bastava pensar um bocadinho... Quem é que anda sempre com um raminho de coentros atrás da orelha, como um periférico de charme, se não o Joaquim do vídeo clube que, por coincidência, fica exactamente entre a sua casa e o meu escritório e fecha às 19 horas...
A dona Emília entrou pela minha porta às 19h07. Ou seja, mal deu para meia foda e para lhe dizer boa noite. Coincidências? Quem investiga mistérios sabe que não há coincidências... Quanto aos pescadores, penso que não é preciso explicar... Assim que se sentou no meu sofá e afastou ligeiramente as pernas, mais parecia a lota do bacalhau quando os barcos começam a despejar...
– Mas, afinal, quantos desses homens de várias profissões consumi eu no total do dia?!
– Para isso tenho que consultar o dossiê. É fazer a conta. Enviar-lhe-ei depois o relatório com a factura detalhada. Mas, para ficar com uma ideia, temos aqui para mais de uma dezena de fodas, e quando digo fodas digo canzanas, missionários, etc, com um ou múltiplos parceiros... Depois temos vários minetes, um número significativo de broches, e punhetas ao desbarato... TUdo isto num círculo restrito, ou seja, a dona Emília nunca chegou a sair do quarteirão. Mesmo assim, manteve-se entretida...
Ao ouvir estas conclusões, o estado de espírito da minha cliente estava algures entre o aliviado e o resignado.
– Bem, que sera sera... Mas, Detective Sarilhos... E as minhas cuecas?
– Exacto, minha cara: as cuecas! Touché para si, madame, uma mente afiada jamais conceberia esquecer o ingrediente principal, e ao mesmo tempo o mais secreto, desta receita de loucura, desvario e sexualidade extrema! Este é o teorema: uma mulher sai para a rua vestida e volta para casa sem cuecas! O que lhe aconteceu? Quem a abordou? Quem abordou ela?
Interroguei exaustivamente todos os homens que, de uma ou doutra forma, se introduziram ou vieram em si ao longo do dia, e nenhum deles fez qualquer referência às cuecas da dona Emília. Tal e qual uma pessoa que se veste mal e não consegue ligar as várias peças de roupa, esta era a última peça do puzzle e teimava em não encaixar com nenhuma outra! Só depois me ocorreu... Oh, como fui estúpido e lento, como não percebi imediatamente...
– Não se autoflagele, Detective Sarilhos. O senhor é o meu salvador!
– O tempo todo... a explicação estava diante dos meus olhos: a dona Emília diz que acordou com muita fome. Tanta que se lavou por baixo em vez de tomar banho para poder sair e tomar o pequeno-almoço rapidamente. Só que, dona Emília... a sua fome era de outra espécie! Uma fome de séculos, de sexo, de volúpia, de depravação! De tal ordem que mal se levantou, arranjou-se à pressa...
– ... e correu literalmente para fora de casa à procura de homens. Passei pela sua casa, a porteira deixou-me entrar e...
À medida que terminava o meu relato e o mistério encontrava o seu desfecho, a minha bela madura não tirava os olhinhos brilhantes de cima de mim. Toda ela era encanto, expectativa e vontade de levar com ele, como uma debutante prestes a aprender os segredos de um truque de magia.
– ... Aqui estão as suas cuecas!
E, de repente, a minha viúva negra era uma colegial que desenhava arco-íris e acreditava em unicórnios, aos pulinhos e a bater palmas como uma foca de circo! Era enternecedor!
Reagia ao reencontro das suas miudezas perdidas como se eu próprio as tivesse eclipsado para no instante seguinte as fazer reaparecer... Eu era um mágico sem cartola, de pau feito... e ela estava em delírio! Até eu me deixei levar pela emoção e juntos rodopiámos uns passinhos de dança.
E, no entanto, não podia haver explicação mais prosaica...
– Estavam penduradas no toalheiro ao lado do bidé. A dona Emília não as perdeu, simplesmente porque... nunca as chegou a vestir!
A minha fêmea condoída, depois de um dia inteiro a foder, ainda arranjou energias para me saltar para o pescoço e desatar a beijar-me como se eu fosse um peluche.
– Oh, Detective Sarilhos. Ouvir a sua revelação foi como... foi como... foi como ouvir um anjo a desenrolar os papiros de um sonho...!
– Os papiros...?
– ... do sonho! Diga-me, o que posso fazer para recompensar o seu génio e a sua valentia?
– É simples contentar um detective, querida. Como já vimos tudo, contentamo-nos com o resto. Senta-te aqui à minha frente. Há muito tempo desejava investigar isto...
– Agora anda cá, abre a boquinha e dá-me uns beijinhos daqueles que fazem os anjos bater as asas.
– Assim, Detective Sarilhos?
– Está óptimo.
A minha atracção fatal mamou-me tal e qual nas minhas fantasias. Apeteceu-me logo esbortear o requeijão, mas consegui guardar-me.
– Chega, querida. Agora dobra-te aí em cima da secretária e abre as nalguinhas para o mestre, em sinal de todo o teu agradecimento.
– Vai enrabar, Detective Sarilhos?
– Com sua permissão.
Ela mesma ajudou a posicionar o dardo.
– Lindo, linda! Levanta só um bocadinho a peida. Está óptimo. Agora toma, vá. Huumm... Assim... Assim é bom... É bom? É bom no rabinho?
Eu sou um detective-privado, premiado e diplomado, mas nem precisava para perceber que ela não mentia muito bem...
– É, é...
– Estou a ver. É a primeira vez que te comem o cuzinho, não é?
– É, é... Como é que sabe?
– Não há mistério que o Inspector Sarilhos não consiga decifrar...!
– ... Relaxa, filha. Daqui a nada estás a adorar.
E foi verdade. Tanto melhor, porque um bom detective trabalha sempre pela verdade. Acabou ela a montar-me em cima da mesa, em reverse cowgirl, com o cu cheio de caralho e a boca a babar de agradecimentos:
– Oh, obrigado Detective Sarilhos!
Mais um caso resolvido, com boas esporradelas e nota artística. E no entanto, mal chegou para humedecer o fundo ao depósito do vazio existencial... Porque o homem emergente não vive das medalhas que conquistou no passado...
A noite ia longa, sim, mas havia gatos para alimentar, episódios para ver e, sobretudo, uma garrafa de bourbon, fiel e ciumenta, para deixar destilar dentro das entranhas. Durante muitos anos não acreditei, mas é verdade o que dizem: não há descanso para os homens ruins...
O misterioso caso da mulher sem cuecas - Parte I
FIM
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com