24 März, 2022 O patrão e a empregada - Parte XIII
O pedido de casamento...
Depois de despedir os nossos novos “amigos” e “amigas” – e de combinar o próximo encontro! – Aurora ainda me pediu que a fodesse, o que eu fiz não obstante a pila assada. Mas não chegámos a concretizar o acto, pois ambos acabámos por adormecer.
Os dois corpos adormeceram em comunhão fiel, apaixonados, felizes e metidos um no outro. Como a metáfora perfeita da relação mais louca, mais profunda e mais exuberante, capaz de alimentar não apenas a vida mas, até mesmo, a existência...
Não me vou alongar muito na descrição do momento, nem sequer dramatizá-lo com requintes visuais que possam confundir este relato com uma página da “burda noivas”. Nem isto é uma comédia romântica, nem eu sou o Choderlos de Laclos, apesar de, deve dizer-se, as minhas ligações com Aurora estarem cada vez mais perigosas...
É preciso não esquecer que o meu divórcio se tinha dado havia apenas meses. Toda a tragédia que vivi com a minha ex-mulher ainda devia estar bem fresca na minha memória. E, contudo, desde o momento em que a minha empregada doméstica entrara na minha vida, os cantos e recantos do meu pensamento pareciam mais higienizados do que nunca.
Daí que, julgo, tenha dado o passo como dei, praticamente sem pensar, com a parcimónia de um homem perdido no deserto a atirar-se para a miragem duma piscina de Don Pérignon…
A ideia, como se lembram, começou a surgir-me durante o gangbang que Aurora organizara sem o meu conhecimento, mas que nos elevou a ambos à potência máxima da nossa sexualidade.
No meio da rebaldaria, enquanto Aurora hospedava um caralho na cona e outro no cu, fornecidos cada um por seu macho generoso, outro homem nu, também com um caralho desproporcionado, perguntou-me se eu era “o marido”.
Na altura hesitei, perguntando-me a mim mesmo o que significava aquela mulher para mim. Acabei por confirmar que sim, era “o marido”, mentindo na forma, mas não no conteúdo, pois na verdade sentia que a nossa entrega mútua era em si mesmo uma sagração, um contrato tácito que tínhamos feito sem palavras, apenas com o corpo e a mente, e nos ligava numa comunhão eterna. De que outra forma poderia eu permitir que ela, o amor da minha vida, fosse conspurcada daquela maneira selvática por um bando de marginais de pau feito? Tinha que ser especial!
A partir daí, não mais deixei de pensar no assunto, na fantasia feérica e irreal de tornar a minha mulher-a-dias na minha mulher para a vida...
Não cheguei, ainda assim, a planear o pedido. Não comprei anel nem encenei um ritual romântico de joelho no chão, com violinos por trás e olhinhos catrapiscados de galã mal morto…
Não, foi numa manhã absolutamente normal, eu estava a lavar os dentes quando Aurora se sentou na sanita a cagar. Cheirava tão mal que quando dei por mim tinha o caralho aos soluços a lambuzar-me o umbigo. Virei-me para ela, beneficiando da posição que nos opunha, enfiei-lho até ao fundo da garganta e, precisamente no momento em que um dos seus caganitos de coelho fazia “plop” na água da sanita, a emoção tomou conta de mim e a pergunta saiu disparada sem que eu sequer a tenha formulado:
– Aurora, queres casar comigo…?
Imediatamente, os olhinhos dela encheram-se de lágrimas, e tão ou mais emocionada do que eu, respondeu:
– Mhmhmhmm…!
Quando acabei de me esporrar em cima da sua língua já tínhamos tudo acertado. Seria uma cerimónia simples, agnóstica, apenas alguns amigos numa reunião discreta e de bom gosto. Com sorte, acabávamos todos numa valente orgia.
Algumas dúvidas ainda assombraram a minha decisão, relacionadas nomeadamente com as nossas diferenças sociais. Pensava no que diriam os meus amigos aristocratas. Mas Aurora limpou o cu e puxou o autoclismo e, no tempo que a descarga levou a patinar as paredes da sentina, percebi que me estava completamente a cagar para o que os outros pensavam! Era feliz e tudo o que precisava para o ser estava ali à minha frente, a lamber-me a ponta do caralho até limpar todos os resquícios do broche matinal…
A partir do momento que ficámos noivos, parecia que ainda nos tínhamos tornado mais tarados. Esfodaçávamos em todo o lado, em qualquer altura do dia ou da noite.
Eu andava constantemente de picha tesa, como se tivesse sido tocado pela fada do Viagra; e Aurora andava sempre com as virilhas transpiradas e a chavasca a escorrer.
Nesse estado de êxtase permanente, planeámos e executámos todos os preparativos para o casamento e uma semana antes da boda restava-nos esperar pelo dia. Foi quando Vera chegou…
Vera era a melhor amiga de Aurora. Era bastante mais velha, mais de 50 anos por essa altura, e fora ela quem apoiara a minha amada lá na terra, num momento difícil da sua vida. Começara por ser a vizinha do lado, mas as circunstâncias acabaram por torná-la um bocadinho mãe de substituição, irmã de armas, amiga, confidente… e agora a futura madrinha de casamento de Aurora.
Só havia uma questão: sendo uma mulher do interior e doutro tempo, não era tão moderna como nós em relação “a certos assuntos”. Nunca casara e não parecia muito interessada em homens (ou mulheres, já agora). Aurora contou-me que no seu tempo tivera experiências, amores e esperanças, mas nunca fora uma pessoa muito sexual. Sobretudo, era muito tímida e insegura com o sexo oposto.
Ora, cada um é como é e isso não constituiria qualquer problema, a não ser pelo facto de Vera ir ficar lá em casa até ao casamento, o que significava que, por uma questão de respeito, não podíamos foder livremente pela casa como estávamos habituados. Teríamos que levar as nossas respectivas tesões e devaneios para a obscuridade confinada dos cómodos.
Embora me contrariasse um pouco perder essa rotina, que na verdade era o primeiro motivo que me fazia levantar da cama, acedi, basicamente, pelo amor e profunda amizade que Aurora votava àquela amiga. Claro que respeitaríamos as suas sensibilidades, fossem elas quais fossem.
Tenho que confessar que, apesar da “apresentação”, Vera me surpreendeu desde o primeiro momento. Podia ser tudo o que Aurora tinha dito, sim, mas não deixava ao mesmo tempo de ser bastante espontânea e inteligente. Tinha rugas atraentes, que casavam perfeitamente com a sua cultura vasta, e um notório par de mamas, densas e azeitonadas, que mereciam mais do que andar escondidas na roupa em demasia que Vera usava ao abrigo da sua “castidade”.
Deu-me logo tusa, como sempre deram as mulheres tímidas e recatadas. Imaginei-me a apalpá-la pela casa toda, como fazia com a minha amada, e sonhei por momentos com o pau lambido pelas duas, a madura recatada e a ninfa florescida, mas não deixei o meu pensamento ir mais longe do que isso, nem disse nada a Aurora. Queria foder as duas, mas não queria ofender nenhuma...
No entanto, isto serve para perceberem o estado em que Aurora me deixava. Então eu via sexo em todo o lado, até no que aparentemente era frígido, embora tivesse as minhas dúvidas sobre isso. Felizmente, não demoraram muito a esbater-se…
Depois da emotiva recepção, com muitos abraços e outras carícias de ternura, disse às duas para saírem, irem jantar a um bom restaurante, talvez a um bar depois disso. Era por minha conta. Que pusessem a conversa em dia, eu não iria atrapalhar. Mas ambas preferiam ficar em casa, no conforto das suas recordações, de maneiras que saí eu.
Há bastante tempo que não saía sozinho, sem Aurora, e custou-me ao início. Tudo me aborrecia e a falta da minha amada para olhar e apalpar tolhia-me a confiança e a espontaneidade.
Contudo, ao fim de três aguardentes velhas tive um vislumbre do meu velho “eu” e acabei inclusivamente a flirtar com uma bela mulher, jornalista, muito sedutora, a qual, no entanto, não tinha nenhuma intenção de levar para casa. Mesmo aí pensava nas carnes macias, no rabo de roedorzinho felpudo e na cona entreaberta de Aurora, adormecida na minha cama, de bruços e facilitando a minha entrada por um buraco ou pelo outro. Nada, por muito sedutor que fosse, batia isso para mim.
Quando cheguei a casa eram quase quatro da manhã. Entrei de mansinho, tentando não fazer barulho para não acordar ninguém, e dirigi-me directamente ao meu quarto. Não precisei de acender a luz pois os candeeiros da rua eram suficientes para iluminar o espaço. Ela estava exactamente como a tinha imaginado, apenas coberta por meio lençol, nua e de rabinho para o ar.
Mas mal me aproximei da cama um cheiro intenso e estranho, a sexo e a mistério, inundou-me as narinas... Mesmo para Aurora, parecia demais. Cheirei-a de perto e quase asfixiei. Conhecia bem a sua gama de libertações aromáticas e algo ali não batia certo. Havia especiarias desconhecidas.
Num acto de delírio ainda lhe rasguei as cuecas, para expor aquele odor pelo quarto e assim tentar compreendê-lo…
…mas sentia-me tão cansado e alcoolizado que não conseguia segurar sequer o pensamento. Limitei-me a cair atrás dela, enfiar o dardo, e num resto de vigor e em meia dúzia de estocadas libertei o prémio acumulado de uma noite inteira a galar as mamas à jornalista. Depois deixei-me dormir.
Às 9 da manhã acordei com o som estridente de uma rebarbadora a cortar alumínio. Tinha esquecido completamente que, nessa manhã, iam pôr as janelas novas, para estar tudo pronto para o dia do casamento.
Levantei-me aos tombos, com uma dor de cabeça descomunal e a boca a saber a papel pardo e, com um misto de ressaca, hábito e descontracção natural, saí para a casa de banho nu em pêlo e meio teso. Para mal (ou bem) dos meus pecados, Vera estava lá a lavar as mãos. Ao ver-me assim descomposto e tão repentinamente, assustou-se e tapou a boca de vergonha, mas sem conseguir deixar de me olhar para o caralho.
Numa resposta mais instintiva que planeada, este deu uma marradinha na atmosfera e com isso ficou ainda mais teso. Então Vera sorriu atrapalhada e correu dali para fora.
Passei a manhã no escritório, tentando proteger-me ao máximo do som cortante da maquinaria na sala.
Há muito tempo que não sentia uma ressaca assim e, quando a massa trabalhadora fez o intervalo para o almoço, comuniquei que me ia deitar um bocado, a ver se acordava melhor. Aurora abraçou-me e disse:
– Vou contigo.
E deitámo-nos na cama de conchinha. Ora um homem pode até estar a caminho de morto, mas ao acomodar-se à regueifa mágica de Aurora, é difícil resistir ao apelo da reincarnação. Depois de umas carícias e uns amassos inocentes, acabei naturalmente a enrabá-la.
No dia anterior mal tínhamos fodido e ambos os nossos corpos, bem habituados, pareciam ressentir-se. Além disso, o meu caralho e o cu de Aurora tinham uma relação magnética que só os próprios compreendiam e nada do que pudéssemos fazer podia impedir que se encontrassem e consumassem.
Ressacado, mais morto que vivo, mas teso como uma vara de alumínio, fui-lhe ao cu com energia crescente, até que Aurora começou a suspirar. No entanto, no preciso momento que o começou a fazer, ouvi um eco vindo das minhas costas, como se a minha amante tivesse aprendido a gemer em estereofonia.
Surpreendido, virei a cabeça e vi a última coisa que esperava ver: Vera, deitada na cama por trás de mim, vestida mas sem cuecas, batia uma punheta enquanto nos observava. Nem tinha dado por ela se deitar connosco…
(continua...)
O patrão e a empregada - Parte XII
O patrão e a empregada - Parte I
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com