18 Juli, 2024 Memórias dum corno - Parte 2
A partir do momento em que percebi o que sentia ao ver a minha mulher com outro homem, só queria repetir!
Fantasiava continuamente com o que tinha visto e isso aumentou ainda mais a tesão que sempre senti por ela. Após uma luta titânica contra a minha consciência, decidi não lhe dizer nada, fingir-me de parvo e deixar tudo como estava. Afinal de contas, não podia queixar-me da vida que tínhamos. Não nos faltava nada, divertíamo-nos à brava, e na cama nunca tivemos razões de queixa.
Fosse o que fosse que ela procurava nos outros homens com quem se deitava, não interferia na nossa “programação” regular nem lhe tirava o apetite. Pelo contrário, desde que a vi com o caralho doutro gajo entalado na racha, a nossa temperatura e intensidade cresceram exponencialmente debaixo dos lençóis…
Até ela reparou:
– Humm, estás mais fogoso, mais convicto… Gosto!
A traição ainda me doía, dói sempre, não é?, mas a curiosidade e o frenesi sexual batiam as más sensações de goleada. Queria, precisava, tinha de ver mais! O meu problema, assim sendo, consistia em saber como fazer para poder vê-la, sem ela perceber...
As primeiras ideias que me ocorreram não foram famosas: esconder-me debaixo da cama ou instalar uma câmara no quarto. Mas, no primeiro caso não conseguiria ver nada (apenas ouvir, o que só aumentaria a minha frustração), além de que o espelho podia denunciar o meu esconderijo. E, no segundo, não seria a mesma coisa, não seria um “directo ao vivo e a cores”… Seria pouco diferente de ver um qualquer vídeo porno, só que desta vez com a minha mulher em vez da mulher de outro gajo qualquer…
Recuando um pouco no tempo, deixem-me só contar-lhes que logo na primeira vez que vimos a nossa casa actual, ainda antes de comprar, mal entrámos no quarto a minha mulher disse:
– Não, isto não vai resultar…
Referia-se ao guarda-fato enorme, pesado, escuro e muito envelhecido que cortava qualquer tipo de ambiente que o quarto pudesse vir a ter. Assim, o primeiro móvel que comprámos para o nosso novo ninho foi um grande armário espelhado, de madeira branca, muito mais leve e que parecia inclusivamente multiplicar o espaço do compartimento.
Imediatamente ela tirou proveito dele. Ficava muito tempo a apreciar-se, gostava de se ver, gostava da sensação de se excitar consigo própria.
– Foda-se, sou mesmo boa, não sou? – perguntava-me às vezes, a rir e a fazer poses, observando o reflexo do seu corpo nu. Eu ria-me e, claro, concordava a cem por cento. Porque era verdade, a minha mulher era uma brasa!
Muitas vezes se masturbava ali, a olhar para si mesma…
…e quando fodíamos, nunca perdíamos de vista aqueles dois duplicados de nós que nos replicavam, que repetiam as nossas “festividades” e que, de certa forma, nos tornavam ao mesmo tempo intérpretes e voyeurs do nosso filme. Uma boa adição para a nossa vida sexual, portanto.
E agora, proverbialmente, a resposta que procurava para as minhas “urgências”…
Esperei pacientemente até a oportunidade se apresentar, sem deixar entretanto de monitorizar o seu comportamento nos dias seguintes, a fim de confirmar que ela prosseguia com as suas rotinas “extracurriculares”.
Só posso dizer que era uma excelente actriz, pois se não soubesse de nada nunca iria saber por ela se descair.
Se eu chegava a casa depois dela, apanhava-a quase sempre de roupão, como quem saiu há pouco tempo do banho. Se eu chegava primeiro, via-a entrar alegremente, escusar-se ao beijo porque se sentia “muito suada”, como dizia, e ir directamente para o duche.
Fosse como fosse, esperava pela melhor hora de ir ao balde da roupa suja e cheirava-lhe as cuecas do dia, e aí sim, encontrava a prova irrefutável: a mais das vezes, tresandavam a sexo!
Muitas vezes acabava a fechar a porta, fingindo outras necessidades, e esgalhava ali mesmo uma punheta, enrolando o pau com as cuecas dela, empapadas com a esporra de outros gajos…
Por fim, uma noite ela chegou com a notícia de que a empresa a tinha obrigado a comparecer a um congresso em Madrid e, portanto, teria que me deixar sozinho por uns dias.
Cheirou-me logo a um fim-de-semana de foda com um amante qualquer (é para isso mesmo que servem os congressos, não é?). Sei lá eu… Tanto quanto sei, podia ir para um gangbang como uma data de tipos de pichas monstruosas que para mim ia dar no mesmo. Afinal, sou o “corno manso”, não é? Controlar os movimentos da minha mulher, de repente, já não estava na minha esfera de actividades.
Portanto, não disse nada, desejei-lhe boa viagem e pedi-lhe para me trazer um íman. Parvo por parvo, sempre ficava com um souvenir para pôr no frigorífico.
Comecei a tratar da logística assim que ela começou a fazer as malas e mal cheguei do aeroporto, na manhã de sexta-feira, já tinha os gajos à porta. Logo nesse dia, ao fim da tarde, tinha o guarda-fato equipado com espelhos de dupla face, bidireccionais. Ou seja, por fora continuavam a reflectir como qualquer espelho normal, mas por dentro permitiam ver todo o quarto como se fosse um mero vidro.
Testei e saiu melhor do que a encomenda. Bastava-me chegar os cabides dos casacos para o lado e tinha espaço suficiente para me meter lá dentro. Aliás, com um banquinho até dava para me sentar.
Tive que bater uma punheta só de imaginar…
Em seguida meti uma semana de baixa no trabalho, alegando “razões pessoais” (o que não deixava de ser verdade) e preparei-me para o melhor.
A minha mulher chegou no domingo, vinha estafada, tinha sido tudo muito extenuante e absolutamente maçador.
– Não estás a ver a seca… Só conversa de merda, e almoços e jantares e reuniões e excursões… Estou morta!
Ela a dizer isto e eu a imaginá-la a chupar meia dúzia de caralhos de 20 centímetros, já com a cara toda lambuzada e os cabelos empastados de meita… Aldrabona do caralho…!
A empresa deu-lhe dois dias para compensar e basicamente passou-os a dormir, o que de certa forma me lixou os planos, pois já tinha metido a baixa e tive que sair e fingir que ia trabalhar para ela não desconfiar.
Tivemos uma ligeira discussão, pois ela não quis foder…
Não passou de um pequeno quid pro quo, mas suficiente para ficarmos políticos durante umas horas. Como não estava para aí virada, pedi-lhe para me fazer só um broche. Torceu o nariz e ofereci-me para lhe fazer um minete. Recusou ambas as solicitações e ficámos assim, ela a ressonar de nalgas para o ar e eu a cheirar-lhe o cu e a bater punhetas.
Isso só confirmou ainda mais as minhas suspeitas de que devia ter levado com o pau (ou paus!) o fim-de-semana todo e, assim sendo, podia ainda demorar até voltar às actividades sigilosas.
Felizmente, enganava-me...
Quando ela voltou ao trabalho, mudei-me de armas e bagagens para o guarda-fato, esperando estar no sítio certo à hora exacta quando ela aparecesse para me engrossar o par de chifres. Mas nesse dia, quarta-feira, nada aconteceu.
Só na quinta-feira, finalmente, tive aminha recompensa…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com