04 agosto, 2017 Aumentam os casos de super gonorreia (e a culpa é do sexo oral)
Bactérias cada vez mais resistentes por causa do sexo oral sem preservativo.
Os casos de gonorreia, ou esquentamento, como é também conhecida esta infeção sexualmente transmissível, aumentaram "mais de 4 vezes em apenas 5 anos", em Portugal. A tendência de crescimento é mundial e há receios de uma epidemia global de ‘super gonorreia’.
Este alerta é lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que está preocupada com o aumento dos casos de resistência aos antibióticos da bactéria que causa uma das infeções sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo, a gonorreia ou blenorragia.
Investigadores da OMS examinaram dados recolhidos entre 2009 e 2014, em vários países do mundo, e constataram que há casos de gonorreia resistente a antibióticos em todos eles, conforme revelam novos relatórios divulgados pela Organização.
Em Portugal, aumentou mais de 4 vezes em 5 anos
A gonorreia é uma doença de declaração obrigatória em Portugal, e os números oficiais, conforme aponta o jornal Expresso, indicam que "aumentou mais de quatro vezes em apenas cinco anos". O semanário avança com dados que dão que pensar e que alarmam as autoridades para um problema de saúde pública.
"Segundo os dados da Direção Geral de Saúde disponíveis, em 2010 foram registadas 89 infeções e em 2015 o número já tinha aumentado para 468. Não estão publicados dados para 2016 e 2017, mas olhando para o passado percebe-se que é preciso recuar até 1982 para encontrar uma expressão tão elevada da gonorreia, então com 682 notificações".
Em termos mundiais, a OMS cita cerca de 78 milhões de novas infeções por ano, apontando a tendência de crescimento no número de casos.
As viagens mais frequentes pelo planeta, a falta de exames médicos regulares e o menor uso do preservativo ajudam também a explicar o aumento das infeções de "esquentamento".
Mais casos de ‘super gonorreia’
Surge, assim, o receio de que possa tornar-se uma epidemia global, sobretudo porque também estão a aumentar as situações de gonorreia resistente a antibióticos. Isto está directamente relacionado com o abuso no uso frequente de antibióticos para tratar doenças pouco graves.
Tomar antibióticos para tratar uma inflamação na garganta, por exemplo, pode ajudar a tornar mais resistentes espécies de bactérias de gonorreia lá alojadas - a infeção transmite-se por sexo oral feito a homens e não a mulheres.
A maioria dos antibióticos usados para o combate à gonorreia já deixou de funcionar. Nalguns países, recomenda-se o uso de uma combinação de substâncias para atacar a infeção, nomeadamente com recurso ao antibiótico azitromicina e a medicamentos conhecidos como cefalosporinas de espectro alargado (ESCs).
Só que, tanto a azitromicina como as ESCs se têm revelado ineficazes no combate à doença, com cada vez mais situações de resistência das bactérias da gonorreia a estes medicamentos. Há até alguns casos de "resistência completa", em que nenum dos medicamentos experimentados funciona.
Infeção "silenciosa"
A gonorreia é uma DST que, muitas vezes, nem revela sintomas, particularmente nas mulheres. A infeção afecta os órgãos genitais e provoca, habitualmente, o aparecimento de secreções verdes ou amareladas.
Mas, embora "silenciosa", uma gonorreia forte sem tratamento pode causar cicatrizes e inflamações genitais que podem levar à infertilidade, tanto em homens como em mulheres.
A doença torna também mais fácil apanhar outras infeções sexualmente transmissíveis como a SIDA - Vírus da Imunodeficiência Humana. E em mulheres grávidas, pode provocar a cegueira no bebé, além de aumentar o risco de aborto.
Assim, a prevenção é definitivamente o melhor remédio - não te esqueças de usar preservativo.
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)