23 julho, 2020 Verão Azul
Aquele primeiro dia de um Verão azul foi verdadeiramente o primeiro dia do resto da minha vida...
Todos os anos, nas férias grandes do Verão, ia para a casa duma tia no Alentejo. Durante esses três meses a minha vida mudava completamente, trocado o frenesi da cidade grande pela lentidão campestre. Ali o tempo demorava-se com uma preguiça secular, como se também ele estacionasse a uma sombra para fugir ao calor infernal...
Mas se as pessoas maiores sofriam com os rigores desse dia-a-dia em câmara ardente, para nós, crianças, não passava de um lume brando que dava espaço para mãos cheias de aventuras.
Tinha, obviamente, o meu grupo de amigos, conquistados e consolidados em sucessivos Verões. Juntos éramos um pequeno pelotão de guerrilheiros, uma equipa de futebol usualmente vitoriosa, um grupo de nadadores salvadores a raiar o profissionalismo e um colectivo experiente na apanha de rãs. A especialidade do momento variava conforme a imaginação com que escolhíamos os afazeres de cada dia, e se o vento nos levava para a ribeira, para um pomar ou para algum descampado.
Da base do nosso núcleo faziam parte cinco rapazes e uma única rapariga: Renata. Inicialmente, fora muito dificilmente aceite como parte do nosso grupo, mas tinha um feitio tão particular que se tornou impossível continuar a rejeitá-la. Era praticamente a melhor em tudo o que fazíamos. A melhor corredora, a melhor nadadora, a mais criativa planeadora de disparates e, para provar que não ficava atrás de nós em nada, quando fazíamos fila para mijar ela mijava como nós, de pé!
Nessa altura da vida os rapazes e as raparigas são ainda um pouco como o azeite e o vinagre, não se misturam. Mas creio poder assegurar com bastante certeza que estávamos todos apaixonados pela Natinha, o apelido carinhoso por que todos a conheciam.
Não pensem, pela descrição anterior, que a Natinha era uma maria-rapaz. Nada mais longe da verdade. Era absolutamente feminina, doce na palavra, sensível nos gestos. Quando nos ganhava a todos numa corrida, fazia-o com a graça de uma princeza. Quando chegava primeiro que todos à outra margem da ribeira, nadava com a elegância de uma sereia. Era linda, e por isso não ligávamos a mínima quando outros grupos gozavam connosco por permitirmos uma rapariga no nosso seio. Mais, cada um à sua maneira, todos a protegíamos. Ela não era apenas uma miúda, era a “nossa” miúda, e faríamos qualquer coisa para a defender.
Em casa, era uma verdadeira santa, adorada por todos. Quem a visse aos domingos, de vestido rendado, a acompanhar a família à missa, não a imaginaria capaz de acertar com a fisga num pardal em pleno ar ou a dissecar uma rã que encontrássemos morta. E, no entanto, essa era a Natinha, da mesma forma que tocava uma flor e ela parecia gemer de gozo, atirava uma pedra e aterrorizava mais a pardalada da vila que qualquer espantalho.
Eu adorava-a mais que tudo na vida, mais do que qualquer rapariga da minha escola. Mas era uma paixão sem retorno, pois a nenhum de nós Natinha dera alguma vez a mais pequena abébia, o menor sinal de esperança.
Foi por isso, uma enorme surpresa (a maior da minha vida...?) quando uma tarde, enquanto jogávamos ao esconde-esconde no meio do campo, ela me fez sinal para que a seguisse para o seu coito. Entrámos numa pequena clareira e sentámo-nos atrás de um arbusto.
– Aqui nem amanhã nos encontram! – disse ela, con a sua voz de algodão doce.
Concordei, pois era de facto um belo esconderijo.
– Aqui estamos à vontade... –– continuou. – Podemos fazer tudo o que quisermos.
Eu estava tão fascinado por estar escondido com ela que nem notei que o tom da sua voz era ligeiramente diferente do habitual.
– Qualquer coisa que nos apeteça... Ninguém vai dar por nada.
Olhei para ela com algum espanto, sem perceber exactamente onde ela queria chegar.
– O que é que te apetece fazer?
– Não sei... – respondi nervosamente.
– Não te apetece fazer nada?
– Não sei – repeti. – O que é que te apetece fazer?
– Tenho algumas ideias, mas prefiro que sejas tu a dizer.
Ainda fiquei mais atrapalhado, pois não sabia o que ela queria com aquela conversa.
Perante a minha indecisão, ela fez um esgar impaciente .
– Mas tu não brincas com as raparigas da tua escola?
– Sim. Às vezes.
– E brincam a quê?
Encolhi os ombros.
– Então... Ao esconde-esconde, ao toca-e-foge...
– Só?
– Sim.
– Nunca brincaram a mostrar a coisinha?
– Que coisinha?
– A tua coisinha e a coisinha delas. Cada um mostra a sua ao outro. Nunca fizeste?
– Não.
– Podemos brincar agora, se quiseres.
– Está bem.
– Então começo eu.
Natinha levantou-se ligeiramente, para não levantar demasiado a cabeça e ser detectada por quem nos procurava, e tirou as cuecas. Depois levantou a saia e abriu as pernas.
E pela primeira vez vi a maravilha que as meninas escondem entre as pernas! Era diferente de tudo o que já tinha visto, parecia um bichinho peludo com uma fenda no meio. O cheiro que exalava deixou-me estonteado e senti imediatamente algo a crescer dentro dos meus calções.
Apesar de então não saber nada sobre sexo, sabia o que era tesão, sabia que me bastava pensar em cu e mamas para a minha coisa crescer, embora não fizesse ideia o que significava ou para que servia. Sabia também que as meninas tinham qualquer coisa diferente dos rapazes na parte da frente, mas não exactamente o quê. Foi a Natinha quem me educou naquele dia.
– Agora és tu – disse ela – e eu senti-me envergonhado em tirar os calções com a tesão evidente que sentia.
Muito a custo, acabei por fazê-lo e Natinha deu um gritinho de surpresa.
– Olha, assim nunca tinha visto! Está tão grande!
E aproximou-ser para ver melhor – pensava eu.
Quando dei por ela, tinha-a posto na boca e mamava como se a minha coisa fosse um perna-de-pau!
Quase que gritava ao sentir a sua língua na minha glande! Acho que não passaram nem 30 segundos antes que me esporrasse dentro da sua boca.
Nem ouso descrever a sensação que aquele primeiro orgasmo me provocou. Era como se tivesse morrido e encontrasse à minha espera no céu uma comitiva cheia de artistas, malabaristas, músicos de orquestra e fogo de artifício!
Natinha engoliu tudo, sequiosa do nectar e ainda mais da experiência, e nesse instante senti uma vontade imperiosa de a beijar.
Pedi-lhe se podia e ela assentiu. Num dia de novas experiências, foi a primeira vez que provei a magia húmida de uns lábios de rapariga, e logo com restos da minha própria esporra pelo meio...
Sei que é um lugar comum, mas esse foi verdadeiramente o primeiro dia do resto da minha vida. O primeiro dia de um Verão azul em que me estreei como homem e em que a Natinha e eu aprendemos e ensinámos um ao outro tudo o que sabíamos e, sobretudo, tudo o que não sabíamos...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com