04 outubro, 2015 Threesome venérea
... ou como evitar uma situação embaraçosa!
Nos meus tempos de rapaz fresquinho tive a sorte de namorar com uma moça que aviava tanto à esquerda como à direita, ou seja, tanto segurava um nabo com mestria como degustava e lambia de forma exímia a cona de uma amiga. Era um Santo Graal da foda. Um unicórnio maroto que nunca mais tive o prazer de apanhar.
É fácil entrar numa espiral de sexo contínuo quando se tem uma companheira disposta a tudo e com o apetite sexual de uma equipa de rugby da Nova Zelândia, mas o caso mais caricato que apanhei nesses tempos dourados teve um sabor bastante agridoce.
Estávamos em pleno pico do verão e a humidade não se fazia sentir apenas no ar. Nas pernas da minha então namorada, já escorria o latente desejo de nessa noite levarmos uma terceira companhia para partilharmos ambos na cama. Como isto já tinha o seu quê de engrenagem automática, eu tinha semi-carta-verde para agir a solo e fisgar com alguma arte e engenho quem me parecesse no olhar que dissesse “quero-te foder mais à tua namorada”. Curiosamente foi uma friend of a friend que conhecemos nessa mesma noite ao jantar que se adiantou à pista e começou a exercer charme na minha companheira. Na gíria futebolística, isto é meio-golo! De olhares a toques involuntariamente voluntários passámos a sussuros aos ouvidos e ligeiros apertos em zonas sensivelmente discretas. Uma regra de ouro de quando se está nesta situação é de não abusar do álcool. Ponto. Pode servir para desinibir e numa certa medida até pode servir para prolongar o acto mas é um limbo bastante perigoso para testar. Mas eu como não tenho medo de nada, embebedei-me.
Já no quarto a meia-luz com o sol a começar a raiar por detrás do estore firmemente fechado, ficamos os três a fazer conversa de ocasião em contagem descrescente para quando é que alguém metia a lingua em alguém. Que nem uma corajosa, é o terceiro elemento a tirar o top e vai de mamar na boca da minha companheira enquanto me tocava nas pernas, subindo pela virilha. Eu apesar de bêbedo, acho que nunca me despi tão rápido e de repente aquela cama virou uma Primark em saldos pois eu só via era roupa a voar por todo o lado. Boca, perna, gemido, morde e arranha. Os três corpos perdem-se uns nos outros, a minha companheira deita-se de um lado, eu no outro e a rapariga no meio. Uma novata na situação, estava de cabeça meio atrapalhada por entre tanta língua e mão simultânea mas o corpo mostrava à vontade e esperneava a cada movimento mais lânguido da minha lingua. Ofegantes. Ela diz “fode-a, amor”. A outra sorri e morde o lábio e beija-a. Sempre me ensinaram boas maneiras e de nunca recusar o pedido de uma senhora. Assim o fiz, mas o álcool aqui entrou e disse “bom dia” a todos.
Não há vergonha em admitir: aquilo foi duas ou três bombadas e vim-me. Adormeci em segundos.
A outra também deve ter gostado, porque adormeceu logo a seguir, ficando a minha ex-companheira acordada a ver navios (disse-me mais tarde que resolveu o problema por ela mesma).
No dia a seguir e após a típica manhã de awkwardness, tudo fica bem. A minha ex ainda um pouco lixada com a minha “prestação” mas nada que dois beijos e uma foda a dois não resolva.
Passam-se dois dias. Noto que começo a desenvolver um ligeiro ardor na gaita e quando examino o nabo tipo ourives, reparo que estou com um microfone entre as pernas. A minha namorada queixa-se do mesmo, mas diz que tem uma couve-flor a fazer de clitoris. Ficamos algo preocupados mas calmos. Só quando o telefone toca e do outro lado está a amiga da amiga é que eu percebo o que se passou:
- “MAS QUE MERDA DE DOENÇA É QUE TU E A TUA MULHER ME PEGARAM?”
Eu sabia que tanto eu como a minha namorada éramos livres de todo e qualquer bicho. Desconfiei dela. No entanto, quando ia prestes a trocar acusações lembro-me que a minha namorada estava a antibióticos por causa de uma infecção no ouvido.
- “JÁ TE LIGO...”
Desligo o telemóvel e vou ler a bula dos medicamentos. Confirma-se. Um dos efeitos secundários do Clavamox é candidiase. A Tia Cândida. E apanhámos os três simultaneamente.
Se vocês nunca foram a uma farmácia ver da medicação para matar isto, informo que existe um kit para casal. Mas não para threesomes. A cara da farmacêutica não foi de critica mas sim de incredulidade com a nossa naturalidade.
Mas também para quem já se comeu e lambeu, foi o terminar perfeito de uma noite imperfeita mas inesquecível.
Sim eu sei... preservativo. Julgam que não me massacrei a mim mesmo?
Mesmo nas maluquices, a cabeça de cima tem de pensar mais e ainda estou para tentar descortinar como funciona a mecânica de tira/mete preservativo numa cena a três.
Se algum iluminado/a me nos puder esclarecer a todos, be my guest.
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.