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02 janeiro, 2020 Senhora fina, mulher grossa

Não tenho culpa de ter casado cedo... Nem de gostar de montar de manhã cedo, quando o rapaz da cavalariça parece saído dos sonhos...

Não tenho culpa se nasci rica. Se tive uma educação selecta. Se me acham um bocado superior. Se vivo segundo as regras da minha posição social. Se pareço fria e distante. Acreditem se quiserem, mas a verdade é que sou uma mulher como as outras. Com anseios como qualquer outra. Com necessidades e fantasias.

Senhora fina, mulher grossa

Não tenho culpa de ter casado cedo, por decreto familiar. Não tenho culpa que o meu marido seja 20 anos mais velho do que eu, que esteja viciado nos casinos e tenha amantes.

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Não tenho culpa de não ter tido filhos. Cumpri sempre as minhas obrigações conjugais, cada sexta-feira à noite, de quinze em quinze dias. Nunca deixei de abrir as pernas como me compete, de receber aquele corpo gordo e suado a cheirar a putas, aquele hálito fétido a álcool. Que eu saiba não há nada de errado comigo. Se não engravidei a culpa é dele, que nunca foi ao médico para não o correr o risco de vir de lá inferiorizado na sua masculinidade.

Duvido que ele possa ter filhos. Tudo naquele corpo é velho e ruim. A pele flácida, os peitos descaídos, as orelhas peludas, os cabelos ralos, os olhos parvos. Já nas fotografias de bebé parecia um velho. Quando casámos parecia o meu avô.

Não tenho culpa de levar uma vida ligeira, de gastar muito nas compras, de parecer amarga. É uma vida inteira de frustração, de conviver com gente pedante, que por ter tudo perdeu qualquer espécie de ambição.

Não tenho culpa dos gestos secos, das vozes gélidas, de todas as formas como todos escolhem de não se tocar na minha família, no meu círculo social, nas minhas chamadas amizades “próximas”.

Não tenho culpa da falta de humanidade que me repugna, da ilusão que me enche, da perversidade que me invade, do calor que me sobe pelas pernas amiúde, que me comprime o ventre, que me aperta o peito, que às vezes me faz ir às lágrimas… Já disse, sou uma mulher como as outras. Preciso do mesmo que as outras.

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Não tenho culpa que o meu marido acorde tarde, almoce às três, às cinco vá para o escritório, à noite saia para jantar no clube e me deixe o aviso de não o esperar porque vai voltar tarde para casa.

Não tenho culpa de gostar de montar de manhã cedo, quando o dia acabou de nascer e o rapaz da cavalariça ainda parece um personagem saído dos meus sonhos. Todos os dias fodemos duas vezes antes de o sino da igreja tocar as badaladas das nove da manhã.

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Não tenho medo das suas mãos duras, calejadas, do seu corpo teso a cheirar a cavalo. Não tenho pudor em que, ainda antes de me dizer bom dia, me puxe as calças de montar para baixo e me meta a palma da mão no tufo negro dos pintelhos sem cuecas. Não tenho razões de queixa que me meta uma perna entre as pernas e me empurre contra um monte de feno, me levante, me abra na horizontal e me espete o caralho teso na cona espapaçada.

Não tenho culpa de ter dois orgasmos cada vez que ele me fode, quatro ao todo nas palhas deitada, os últimos quando me vira, me dobra o corpo e se enterra dentro do meu cu até aos tomates.

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Peço-lhe sempre que se venha para dentro das minhas calças, para quando as vestir e montar o Selecto, galopar pela manhã toda esporrada por baixo.

Não tenho culpa da paz que percorre o meu quarto quando me preparam o banho e o Jaime, o valete da casa, entra com a minha dose matinal de incensos fumegantes. Não tenho culpa que ele seja tão atraente nas suas calças justas que destacam o monte pronunciado entre as virilhas. Não tenho pejo em abrir-lhe o fecho, em sacar para fora o seu cacete negro de 16 centímetros, grosso como um rolo da massa. Não tenho qualquer problema em chupar aquele caralho viril até se vir para cima das minhas mamas ensaboadas, confundindo o branco do gel de alfazema ao branco de marfim da sua meita.

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Assim como não tenho culpa que Pablo, o meu massagista mediterrânico, chegue mais cedo todos os dias. Ele adora tocar-me, esfregar-me os seus óleos, fazer-me pingar os meus. Ninguém me toca nos mamilos como o Pablo, conhece cada pequeno botão, cada fressura, cada saliência. Não tenho medo de dizer que é o único homem que me consegue fazer vir só com as mamas. Depois do orgasmo, mete-me os dedos todos dentro da cona, juntando todo o mel que for capaz de sacar, e esfrega-me o corpo inteiro com essência de cona. Nunca me fode, não porque eu não queira mas para manter viva a expectativa de cada dia e me fazer ansiar pela sua chegada.

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Não tenho culpa de comer todos os dias sozinha. Almoço sem cuecas, a cheirar a cona, preparando-me já para o que a tarde há-de trazer.

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Por volta das três começo a receber os homens da quinta, fazer contabilidades, resolver assuntos, tomar decisões. Primeiro entra o jardineiro. É russo, não fala uma palavra de português, mas tem um caralho que vai quase até aos joelhos. Faço-o foder-me sem me levantar do cadeirão. Apenas abro as pernas, ele segura bem nelas, levanta-as até à altura da minha cabeça, e enfia-se até meio (não cabe mais!) dentro de mim. De todos os meus amantes do dia é o que me faz vir mais rápido. É tão espesso que parece inflar dentro da minha racha, à procura de cada ponto secreto e sensível do interior das minhas entranhas. Adoro que se venha dentro de mim, porque vem-se durante tanto tempo que me inunda o buraco até escorrer.

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A cada vez que sai um visitante, entra em cena a minha criada. A Clara adora esporra, disse-mo ela. Se pudesse passava o dia a lambê-la e a bebê-la. Faço os possíveis por lhe agradar. Depois do meu jovem amante russo, concedo-lhe o festim de me lamber a cona pingada, e demora tanto que acabo sempre por me vir na sua boca.

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Depois de entrarem o motorista, o caseiro, o rapaz da piscina e o pastor, chega a melhor parte do meu dia. Todos os dias recebo alguém de fora da casa.

Não tenho culpa de manter uma agenda cheia, que raramente me permite atender mais de uma pessoa. Aqui o trabalho é totalmente diferente. Aqui não basta ordenar, sem palavras, que me fodam, que me chupem, que me deixem lamber o cu, que me deixem fazer um broche… Aqui tenho que ser eu a seduzir o visitante, o que se pode tornar mais complicado do que parece, dependendo das individualidades.

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Pode ser um marido fiel, um bom samaritano, um padre ortodoxo... Claro que a maioria não o é e recebe alegremente os meus favores, mas existem casos mais complexos.

Não tenho culpa de sentir a vida tão vazia que tenha que orquestrar estes desafios para estimular a minha feminilidade. Sou uma mulher, preciso de um homem. Sou mal casada, preciso que me fodam!

Hoje a visita é de um senhor das finanças. Não é dos mais fáceis, mas não é um caso perdido. O senhor quer tratar de papéis. Vem cheio de papéis e pede-me mais papéis. Contrariamente ao que é meu hábito, o seu discurso enfadonho e monocórdico faz-me perder a paciência. Não tenho culpa de ser impaciente, vivendo como vivo, numa jaula dourada. Decido então ignorar os seus papéis e desempenhar o meu, o que faço melhor: o papel da senhora fina que se transmuta numa puta debochada!

Quando ele levanta os olhos, tem-me à sua frente de pernas abertas e cona ao léu.

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Quando ele acaba de catrapiscar o seu nervosismo, tem à sua frente um par de tetas ávidas de mamilos espetados. Quando ele se levanta sem saber o que fazer, já eu estou de joelhos à sua frente a mordiscar-lhe a gaita. Faço-o comer-me o cu, o que ele parece achar nojento, mas não se faz rogado. Fode-me assim, contra a vontade do espírito e com a volúpia do corpo.

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Não sei nem quero saber o que pensam de mim. Não tenho culpa de ser a puta que sou... Sou uma mulher e preciso tanto como qualquer outra que um contabilista cheio de pudores me enrabe até me encher o cu de esporra!

 

Armando Sarilhos 

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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