22 março, 2021 Pela Calada - Parte I
Qualquer um que me atice o lado esquerdo do pescoço me tem de mão beijada...
De repente, sou puxada para dentro de uma sala. Quer dizer, não seria bem uma sala, acho. Uma sala, um quarto, uma casa de banho. Na altura, não entendi bem o que seria. Senti apenas uma mão a puxar-me pelo braço para uma área da casa que estava às escuras.
Nitidamente estava tudo planeado. Quem o fez sabia o que estava a fazer. Estudou todos os meus passos. Sabia que me dirigia naquele caminho.
- Quem és tu?
Era a única coisa que eu sabia e poderia dizer. Não sabia a quem me dirigia. Nada fazia adivinhar. Não tinha nem uma pista. Ouvia apenas uma respiração e salivação como se estivesse a preparar-se para atacar a presa.
E eu repetia vezes e vezes sem conta.
- Quem és tu?
Continuava sem resposta.
A minha posição de assustada fica-se por ali e parto em busca de uma resposta através do tato. Eis que me prende as mãos atrás das costas e eu fico sem conseguir fazer mais nada.
Encosta-me naquela posição à parede. Sinto o seu rosto perto do meu. Torno a perguntar quem é.
- Shhhhh!
Obtenho finalmente uma resposta, mas nada que me faça identificar a pessoa que me prendeu ali.
- Mas quem és tu? O que pretendes com isto? Mostra quem és ou pelo menos fala comigo! – suplico-lhe.
Torna a responder-me a mesma coisa.
A proximidade é grande. Tento chegar o meu rosto à frente, pois pelo calor que sinto entendo que a pessoa está próxima. Toco-lhe no rosto com o meu. Tento sentir algum perfume que me ajudasse a identificar, mas nada. O esperto nem isso colocou para não correr o risco de ser identificado. Isto estava planeado ao pormenor, foi o que entendi até ali.
Ainda assim consegui entender que tinha barba. Já era uma pista. Dali já descartei algumas opções e também que era uma pessoa conhecida, pois não haveria ninguém daquela festa que eu não conhecesse. Eram pessoas relativamente próximas, outras da família.
Sim, importa referir que isto tudo acontece numa festa de aniversário da minha prima Verónica e que fui “raptada” para fins sexuais enquanto me dirigia à cozinha para ir buscar só mais umas sandes que já haviam terminado na mesa.
Isto é só simplesmente surreal. Pensar que existe alguém com tanta vontade de me agarrar. Como é que uma pessoa prefere fechar-se na sua timidez a revelar-se a mim e confessar-me, mas ao mesmo tempo tem tanta coragem para ter um ato destes? Não entendo.
- Por que é que não te revelas? Diz ao menos quem és. Fala só comigo.
- Shhhhh!
A resposta era sempre a mesma e não passávamos disto.
Passei-me. Tentei ripostar.
- Chega desta palhaçada. Se não te revelas, ao menos deixa-me sair daqui.
- - Shhhhh! – e ele continuava sempre com a mesma.
Tentei sair dali. Tentei que ele me largasse as mãos. Tentei lutar contra ele. Tentei bracejar, mas foi em vão. Ele tinha mais força que eu. Poderia não ser o caso, mas era.
Aquilo cansou-me.
Desisti por momentos.
Tentei sacar algo mais da sua parte, mas sentia que era sempre em vão. Ele sabia como manipular o meu corpo, sabia controlar-me. Controlava até o meu instinto.
- Shhhh, shhhhh, shhhhhh. – sussurrava-me ao ouvido uma vez mais.
Ele sabia que eu iria identificá-lo, mesmo que ele soltasse apenas uma palavra que fosse. Eu estava atenta a todos os pormenores.
No meio daquilo encostou-me de peito virado para a parede com as mãos atrás das costas. Senti que ele me colocava algo na palma das minhas mãos. Era ele a brincar com os seus dedos. Senti que se encostava cada vez mais a mim.
Aquela situação causava-me imensa confusão. Poderia ser qualquer um e ser qualquer um não seria nada bom, porque certo é que seria sempre alguém que eu conheço e ninguém dali me atraía ou me “dizia algo”.
Encostou-se mais ainda.
Começa a respirar no meu ouvido. Agarra-me nos dois pulsos com apenas uma mão. Deixa uma delas livre para me poder tocar. Passa essa outra mão no meu rosto. Fecha-me os olhos ao mesmo tempo que encosta os seus lábios no meu ouvido. Sinto-os molhados.
- Não faças isso, sejas lá tu quem fores, não faças isso. Pelo menos fala qualquer coisa para ouvir a tua voz.
Queria por tudo entender ou ter uma pista do autor de todo aquele plano.
- Shhhhh! – responde-me ao mesmo tempo que me agarra por trás no rosto e me coloca os dos seus dedos nos meus lábios. Fá-lo para que me cale.
Começa a passar o seu rosto barbudo no meu. Roça-o ao mesmo tempo que me suspira e me respira para o pescoço, ainda por cima para o lado que me dá mais tesão. Qualquer um que me atice o lado esquerdo do pescoço me tem de mão beijada, ó foda-se.
Só me questiono como é que no meio desta incógnita toda, como é que eu posso pensar em sentir tesão por algo ou alguém que eu não sei quem é, mas que provavelmente quando souber poderá ser a maior “derrota” da minha vida, por poder ser qualquer um que ali está. Tanto pode ser um ser normal com desejos escondidos e muito tímido, como alguém proibido com um grandes níveis de psicopatia.
Eu ainda me sentia a maior estúpida por ousar sentir um ínfimo prazer no meio de tudo aquilo.
Ele continua com os mesmos gestos. Começa a beijar-me o rosto, a trincá-lo, a revelar uma grande vontade de me tomar para si. Começa a encostar-se cada vez mais e mais e mais ao meu corpo, até que me aperta e sente que me sufoca entre si e a parede.
Esta pessoa conhece-me ao ponto de saber que aquilo seria algo que eu iria gostar, talvez saiba também que este tipo de situação é uma fraqueza minha, pois sabe que de certa forma é neste nível que eu me começo a deixar levar pelo tesão.
O indivíduo começa a ficar cheio de tesão. Entendo pela sua respiração. Está cada vez mais forte, intensa, descontrolada. Fá-lo ao meu ouvido, pois sabe que isso me deixa fora de mim também.
Pergunto-lhe:
- Ó foda-se! Quem és tu!?
Ele não me responde.
Envolve-me de costas no seu peito com um braço, e aqui entendo que além de barbudo, esperto, elegante e alto também tem um porte forte, pois consegue envolver-me com a maior facilidade.
Envolvendo-me para si, ouço que com a outra mão desaperta as calças. Não as minhas, mas as suas. O meu sangue ferve, parece que me sobe à cabeça. Sinto que ali a situação fica ainda mais grave do que já está. Fico sem saber o que fazer. Afinal de contas, ele é alguém conhecido que eu não sei quem é.
Baixa ligeiramente as calças, os boxers, bem justos por sinal, o que me leva a pensar que não será ninguém muito velho, tendo em conta que os senhores de mais idade tendem a usar coisinhas mais folgadas, penso eu que penso de forma correta, não sei.
Toca-se. Vem ao meu ouvido e trinca-o. Puxa a minha mão para sua, pousa o seu pau na minha mão.
- Mas está tudo bem? Não sei o que estás à espera que faça com isto. Não faço ideia de quem tu sejas. Deixa-me ir embora daqui.
Largo o seu pau e tento escapar.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...