28 março, 2019 Geni e o fim da inocência (final)
Tudo era negritude e desconsolo na abastada Villa Marinhais. E depois, cheguei eu…
Se fiquei tão espantada quando me disseram que me iam mandar embora, foi principalmente por causa das palavras da senhora Marinhais, cerca de um mês antes de me comunicarem essa decisão. Segundo a senhora, a minha chegada à Villa fora um «bálsamo para toda a família».
- O ano tinha passado muito depressa e toda a gente estava feliz comigo. Aliás, comigo e com o rumo que as suas próprias vidas tinham tomado. Antes de mim, disse, parecia haver uma tristeza instalada na propriedade, como se um hóspede invisível ali residisse à revelia da vontade geral e conspirasse para lhes atazanar a vida. Os negócios corriam mal, os amores corriam pior e a saúde fraquejava a vários membros da família, muitos dos quais nem se davam uns com os outros. Tudo era negritude e desconsolo na abastada Villa Marinhais. E depois, cheguei eu… Faço notar que estou a citar as palavras da senhora.
– Sim, continue.
– Eu, «uma mensageira do destino, chegada para equilibrar as balanças da fortuna, do amor e da harmonia. Uma pobre menina do campo que, com toda a sua candura e inocência, desarmou a cavalaria de vícios e ressentimentos, rebentos da sorte madrasta que carregava contra eles a ameaça de não deixar pedra sobre pedra. Uma mensageira do céu, um anjo ancorado, praticamente uma enfermeira divina que cativara todos pela sua simplicidade mundana e, mais do que isso, viera aliviar todos os males que se abatiam sobre eles, injectar o corpo das guerras com a heroína da esperança e da paz, passar a pomada do amor nas feridas infectadas do ódio, deixando no lugar das agruras uma vertigem de cores novas, radiosas e santas. E, com isso, o hábito enraizado dos bons sentimentos».
– Já lhe disse que sou um grande amigo da senhora Marinhais, não já? É uma criatura magnífica, física e espiritualmente falando.
– Sim, já me tinha dito. Pois bem, isto foi mais ou menos o que essa criatura magnífica me transmitiu. Um tanto ou quanto dramático, na minha opinião, mas um momento muito bonito, muito emocional. Abraçámo-nos durante muito tempo e a senhora beijou-me profundamente na boca, como às vezes gostava de fazer. Por fim, levantou o meu leve vestido (já lhe disse que tinha deixado de usar cuecas) e passou os dedos pela minha rachinha, que humedeceu logo em sinal de alegria. «Obrigado por seres o nosso anjo redentor», disse. «Se hoje voltámos a ser a grande família dos tempos áureos, é a ti e à tua ratinha molhada que temos que agradecer. É a nossa “pombinha da paz”!» E, em sinal de humildade e reconhecimento pelos meus préstimos, ajoelhou-se à minha frente e lambeu as asas e o bico da minha pombinha até eu me vir.
– Penso que não há grandes dúvidas sobre a impressão positiva que deixou em toda a gente. Disse-me que o tempo passou depressa… Deu por alguma mudança ao longo desses 11 meses?
– Sim. No início, como lhe contei, passava grande parte dos dias com as pernas abertas e alguém enfiado dentro de mim. Mal podia ir de um sítio a outro dentro da propriedade, sem ser interceptada por um dos senhores, algum dos meninos ou qualquer membro da criadagem. Como também lhe expliquei, eram rituais sem nenhuma cerimónia. Avançavam para mim, despiam-me, a maioria das vezes rasgando-me a roupa, e fodiam-me, enrabavam-me ou forçavam-me a fazer um broche ou um minete. Sim, porque não eram só os homens da casa que me procuravam em busca de favores sexuais, também era amiúde violada pelas sopeiras, cozinheiras e criadas de quarto. Penso que não havia dúvidas de que, para efeitos carnais, eu era a favorita e a mais procurada por toda a gente.
– Mas esses… vá lá, ataques, também aconteciam às outras garotas?
– Como excepção, sim, mas não era prática corrente. Penso que esse papel estava mais reservado a mim, as outras tinham outros afazeres. Se às vezes resvalava para elas era porque não me conseguiam encontrar, provavelmente por estar debaixo doutro parente ou funcionário.
– Percebo. Por favor, continue o seu raciocínio.
– A minha rotina ficara estabelecida logo nas duas primeiras semanas. Acordava cedo, geralmente com o Avô Marinhais a sacudir-se dentro do meu cu. O Avô era sempre o primeiro a levantar-se, orgulhava-se de não precisar de dormir mais de 4 horas por noite, e antes de começar a jorna gostava de despejar os testículos dentro de mim. Foi assim, pelo menos, que mo explicou. De seguida, ia para a banheira com a Judite, que me fora destacada para criada de quarto e com quem rapidamente travara uma amizade íntima e cúmplice. Era um dos meus momentos preferidos do dia. Lavávamo-nos uma à outra, primeiro com grandes esponjas, depois só com as mãos, levando os dedos aos lugares mais recônditos onde as esponjas não conseguiam chegar. Tinha sempre vários orgasmos com ela, compensando assim a tesão nunca consumada que o Avô me provocava.
– Não tinha orgasmos com o Avô?
– Às vezes sim, mas muito raramente. Ele tinha um caralho grosso e comprido que me excitava muito, mas era sempre demasiado rápido a acabar o serviço.
– Compreendo.
– Bem lavada e perfumada, descia então para tomar o pequeno-almoço com os patrões. De todas as pessoas que trabalhavam na Villa, que eram à volta de 20, eu era a única com lugar à mesa da família. Não me pergunte a razão, porque a verdade é que não saberia explicar. Como lhe disse, desde o início quiseram que eu me sentisse parte da família, mas ainda hoje não conheço o porquê dessa distinção.
– Por altruísmo, suponho. Ou simpatia…
– É possível, pois eram todos muito bondosos. Durante o pequeno-almoço, a pequena orgia que eu já lhe descrevi repetia-se a maior parte dos dias. Enquanto eu tentava mastigar qualquer coisa, o senhor ou um dos meninos metia-me o caralho na boca. Depois vinham os outros todos, foder-me, enrabar-me, lamber-me. Em resultado disso, acabava coberta de esporra e com as roupas novamente arruinadas, e tinha que voltar aos meus aposentos para tomar novo banho e arranjar a roupa. Eventualmente, a senhora acabou por trazer uma modista particular que se dedicava exclusivamente aos meus remendos, libertando-me assim desse tempo perdido que, considerando o número de vezes por dia que era violada, ainda era bastante.
– Claro. Foi muito atencioso da parte da senhora.
– Ao meio da manhã, estava finalmente pronta para as aulas de ballet, que eram agora ministradas quase sempre pelo menino mais velho. Era muito bom professor e o processo de trabalho era muito simples: todos os dias me ensinava um novo movimento. Depois mandava-me treinar uma pequena selecção de passos aprendidos nos dias anteriores. Fazia isto também porque gostava de mim bem suada. Então, quando percebia a primeira gotinha de transpiração a descer-me pela virilha, vinha por trás de mim e, sem me tirar o maillot, desviando-me apenas as cuequinhas para o lado (faziam parte do traje do ballet), fodia-me por trás, umas vezes na cona outras no cu, e frequentemente em ambos os buracos. Graças às nossas lições já me aguentava em bicos de pés, o que dava bastante jeito, uma vez que o menino era muito alto. Vinha-me sempre com ele e ele, pela sua parte, gostava de se vir fora de mim, geralmente nas mamas ou em cima da minha pintelheira. Então lambia tudo, primeiro a zona onde havia esporra, depois as zonas em redor, até se fixar no meu clitóris e me fazer vir novamente. Era muito atencioso comigo e não me deixava ir embora até que eu lhe pedisse, por vezes já esgotada de tanto prazer.
– Não conheço bem o menino mas, sendo filho da mãe, não me espanta todo esse cuidado.
– Sim, gostava muito dele e penso que ele gostava muito de mim. Mas não num plano amoroso, mais como irmãos.
– Sim, estou a ver. O amor fraternal é sempre uma coisa linda… Mas é impressão minha ou está ainda mais calor do que antes? A menina vai pensar mal de mim, mas vou ter que tirar estas calças que se me estão a pegar às pernas! Não se preocupe, eu fico atrás da secretária e nem vai dar conta de que estou só de cuecas. Eu, se fosse a menina, também tirava esse vestido, que parece pesado para este calor anormal.
– Sim, obrigada. Acho que vou fazer isso mesmo.
– Sim, tire, tire. Fique à vontade... Vê como está melhor, mais fresquinha?
– Sim, obrigada. Estou realmente mais confortável assim.
– Mas estava a falar-me das rotinas do seu dia.
– Exacto. No início, depois de almoço, pela hora de mais calor, costumava ter a tarde para mim, pois os senhores e os empregados tinham o hábito da sesta. Confesso que não estava habituada, mas não demorei a perceber os benefícios daquele descanso. Aprendi a dormir um pouco menos de duas horas, pois mais que isso pode chamar as enxaquecas e, quando acordava, era como se fosse um novo dia. Sentia-me renovada, revigorada e cheia de boas energias. No entanto, ao passar o segundo mês, e dado que os humores da família tinham melhorado consideravelmente, os Marinhais começaram a promover o que chamavam as “soirées de primavera”. Não eram mais que pequenas recepções em que vários amigos ou parentes vinham desfrutar dos confortos da Villa, bebendo refrescos à beira da piscina, ouvindo música e conversando sobre assuntos triviais. Como resultado dessa inovação, abandonou-se a prática da sesta e eu passava as tardes a circular entre os convidados, a experimentar bebidas exóticas ou a nadar. Estas reuniões iam muitas vezes até à hora do jantar.
– Gostava?
– Muito! Era muito divertido. Todas aquelas pessoas tão novas e diferentes, tão elegantes, com roupas dos melhores modistas de Paris, chegando em longos automóveis estrangeiros, com motoristas de uniforme… Era mágico, como um conto de fadas. Claro que, como o calor era forte, todas essas roupas da griffe eram eventualmente postas de lado e acabava sempre tudo nu.
– Estou a ver. O calor é, de facto, uma coisa terrível. E qual era o seu papel nessas soirées?
– Para grande espanto meu, diria que era até um papel bastante central. Mal chegavam e cumpriam a função de cumprimentar toda a família, cada um dos convidados era levado à minha presença e formalmente apresentado. Era quase como se o propósito da festa fosse dar-me a conhecer àquela sociedade…
– Como uma debutante.
– Sim. E confesso que toda aquela atenção me inebriava. Todos me elogiavam muito, os meus olhos, o meu cabelo, o meu porte, a minha postura... Todo o tempo que a senhora Marinhais dispensara a ensinar-me as regras de etiqueta encontrava agora a respectiva compensação, pois odiaria decepcionar os meus amáveis tutores. Felizmente, os seus olhares de aprovação garantiam-me que estava a fazer boa figura.
– Tenho a certeza que sim, uma menina tão prendada… Disse que essas reuniões iam até tarde. O que é que faziam para passar o tempo, para além de ouvir música e beber?
– A partir de uma certa hora, quando o álcool das bebidas já fizera o seu efeito e dotara todos de grande descontracção, acabava tudo a namorar. Geralmente era o Avô que dava o mote: «Somos jovens, estamos vivos e temos força na verga… Que a morte se demore só mais um bocadinho que por aqui nos vamos ocupando bem sem ela», brindava. E, acto contínuo, fazia uma das criadas abocanhar-lhe o caralho.
A partir daí, todos procuravam um parceiro ou parceira para se juntar à rambóia. Eu era imediatamente rodeada pelos novos convidados, que variavam todos os dias. Era a única altura do dia em que ninguém me rasgava a roupa, pois já estava nua. Dedicava-me então a eles, conhecendo-os e deixando-me conhecer em qualquer buraco que fosse de sua preferência. Cada um é como cada qual, já se sabe, mas como eu os fazia a todos e todos, por seu turno, me faziam a mim, acabava sempre por terminar a tarde com o menu completo de fodas, broches, enrabadelas e minetes, nas esteiras, nos colchões de água e até dentro da piscina.
A festa não acabava enquanto houvesse um conviva que ainda não me tivesse possuído de alguma forma. Finalmente, tirávamos a esporra do corpo nos duches em redor da piscina, e regressavam todos a suas casas. Todos, excepto um…
– Excepto um?
– Sim. Todos os dias um dos convidados ficava para o serão. Geralmente era alguém com quem o senhor Marinhais tinha um qualquer negócio iminente. Jantava connosco, jogava um pouco na sala de fumo, degustava um charuto com vermute, e por fim era conduzido ao quarto de hóspedes para pernoitar. O quarto de hóspedes, assim designado para essas visitas ilustres, para nós tinha outro nome. Era o «quarto das fantasias».
– Muito sugestivo…
– O que se fazia nesse quarto era bem mais do que uma sugestão, posso garantir-lhe. Todos os dias era montado um cenário diferente, recriando um qualquer quadro da História ou da imaginação dos criadores, mas sempre relacionado com uma fantasia que o hóspede, num ou noutro momento, tivesse revelado aos seus anfitriões. E eu era, inevitavelmente, a protagonista. Os convidados entravam no quarto pensando que os esperava uma plácida noite de sono, rodeados pelos saudáveis ares campestres, e eram confrontados com cenários que desafiavam as suas fantasias, a sua luxúria e todos os seus devaneios. Uma surpresa que não mais esqueciam e que depois “pagavam” com a facilitação dos negócios.
– Mas que tipo de “quadros” podiam encontrar? Só para pôr aqui no relatório, para ficar mais completo…
– Lembro-me bem de todos, mas alguns deixaram marcas bem presentes na minha memória, fosse pelo insólito das situações fosse pela carga dramática que inspiravam. Lembro-me, por exemplo, do Capuchinho Vermelho, em que o convidado entrou e deu de caras com o Lobo Mau a ir-me ao cu à força toda.
Ficou atónito e eu comecei a gritar por socorro, que o Lobo me estava a violar. Ao lado da cama estava uma espingarda, e rapidamente ele encarnou o Caçador. Apontou a arma ao Lobo e fê-lo sair de cima de mim. No entanto, o Lobo, matreiro, conseguiu desarmá-lo e apontou-lhe, por sua vez, a espingarda à cabeça. Assim dominado, mandou-o violar-me, “para acabar o trabalho”, o que o homem fez sob a ameaça da arma. “Com mais força”, gritava o Lobo, que na realidade era o menino do meio. “Essa cona porca não é para foder, só serve para violar! Com mais força, seu maricas!” Esse foi muito divertido.
– Sim, muito divertido…
– Outro que me lembro bem foi o da Jaula Pré-história. Nesse, eu era uma fêmea neanderthal que, por qualquer razão misteriosa, tinha vindo parar à idade moderna. Como era extremamente violenta, estava trancada numa jaula dentro do quarto. Mas, para além de violenta, estava também sequiosa por sexo. Arranhava as mamas, metia os dedos na cona e no cu, contorcia-me toda a gritar e a gemer como uma gata no cio. O senhor em questão era um naturalista amador e aquilo deu-lhe obviamente uma tesão imediata e descomunal. Vi-o logo a tocar-se por cima das calças. No entanto, para se saciar tinha que enfrentar um dilema moral: só me podia foder se me dominasse pela força! Vi que hesitou por uns momentos, até que os meus lânguidos gemidos foram demais para ele. Assim que abriu a porta da jaula, já com o pau teso, ataquei-o como uma gata assanhada! Teve que me dar umas quantas bofetadas e usar de toda a sua energia e força para me conseguir controlar. Depois de uns momentos de luta acesa (em que eu facilitei, pois notei que ele começava a perder a genica) conseguiu, enfim, atar-me à cama. Então, apesar de todos os meus protestos e as minhas tentativas para o morder, lá fez tudo o que quis de mim.
Foi extremamente violento, porque, já se sabe, violência gera violência e o meu estado selvagem não demorou muito a contagiá-lo. Perceba que estamos a falar de um homem estudioso das ciências que, para além disso, desempenhava com grande mérito diversas actividades de caridade. Em cima de mim, não se vislumbravam nem sinais dessa pessoa bondosa e de índole altruísta. Era simplesmente um animal! Uma besta enfurecida que usava a lei do mais forte para conseguir o que queria... Também gostei muito desse, porque nunca tinha visto uma pessoa transformar-se noutra de uma maneira tão radical e em tão curto espaço de tempo. Foi muito educativo, se assim o posso dizer.
– A menina diga aquilo que quiser, esteja à vontade. Mas é verdadeiramente chocante ver o que o sexo faz a uma pessoa …
– É verdade. Ainda assim, por ventura o mais estranho e intenso foi o da Câmara Ardente, em que o hóspede, um senhor já com uma certa idade que tinha uma metalúrgica muito grande em Trás-os-Montes, abriu a porta e deu com um caixão no meio do quarto! Aterrado, mas curioso, pois podia ouvir um som contínuo e misterioso que vinha de dentro do ataúde, abriu a tampa e descobriu-me como morta, toda nua, com um vibrador ligado dentro da cona! Não pode imaginar a dificuldade que tive em fingir-me inanimada enquanto aquele delicioso falo eléctrico trabalhava dentro da minha racha… Era de enlouquecer! Porque era a primeira vez que usava um vibrador, nem sabia que existia algo tão maravilhoso neste mundo, e só me apetecia metê-lo e tirá-lo, metê-lo e tirá-lo, até me esporrar toda!
– Falando em meter e tirar, vai-me perdoar mas vou tirar a camisola interior. Peço desculpa, mas não sei mais o que fazer, não aguento mais este calor…
– Não se preocupe, eu sinto o mesmo. Se é assim, tiro também a combinação e o soutien, que me está a apertar muito os seios. Assim nenhum de nós tem razão para ficar constrangido…
– Humm… O soutien também? Acha boa ideia? Mas… o que é que eu estou para aqui a dizer, claro que é boa ideia! Tire à vontade, tire tudo! Afinal, isto é uma conversa de adultos, não é verdade? Mas continue, não pare agora, continue…
– Como estava a dizer, tinha muita vontade de me vir, mas não podia, porque o meu papel era fazer-me de morta. O senhor Marinhais tinha sabido, por portas travessas, daquela fantasia do nosso convidado, necrofilia, acho que é como se chama. De maneiras que tive que o deixar fazer tudo, lamber-me as mamas, massajar-me a cona, meter-me o caralho na boca, na cona, no cu, sem fazer um único gesto ou emitir o mais pequeno som. Fodeu-me a noite toda e nem pude pestanejar!
– É um quadro bastante lúgubre, para não lhe chamar outra coisa… Ainda assim, sugestivo, que é uma palavra que me vem muito à cabeça ao falar consigo, não sei se reparou…
– Não tinha reparado. Foi, portanto, assim, uma grande parte do meu ano, com as rotinas que lhe descrevi de manhã à noite. Os dias sempre muito completos e intensos, deixando tempo para pouco mais do que foder e ser fodida, ser perseguida, fugir e ser violada de toda a maneira e feitio. Até que, há cerca de dois meses, as coisas se alteraram ligeiramente. Comecei a acordar mais tarde porque o Avô, a braços com problemas de gota, quase deixou de me ir acordar. A Judite tinha ido embora, arranjara uma posição melhor noutra casa, e comecei a tomar banho sozinha. Nos pequenos-almoços quase sempre faltava alguém e cada vez menos os comensais pareciam ter apetite para orgias matinais. Se ia a qualquer lado, sentia-me estranhamente segura, pois era cada vez mais raro ser atacada pelo cozinheiro, pelos criados, até mesmo pelo senhor Peres e o filho. O próprio carteiro parecia um tanto ou quanto desinteressado e só uma ou duas vezes por semana é que me virava contra a parede e me enfiava a enorme piça no cu, enquanto dizia: «Trago uma encomenda para o pacote da menina. Correio Expresso, que hoje estou com pouco vagar», mas demorava-se, às vezes até à meia-hora, pois não era fácil «puxar a esporra de um tubo tão grosso e comprido», justificava ele.
Portanto, parecia crescer um desinteresse geral em relação a mim, ou ao meu serviço, não sei. Até que chegou o momento da conversa com a senhora, que lhe relatei há pouco. Na altura o seu discurso tranquilizou-me, mas mais à frente comecei a pensar que as suas animadoras e agradecidas palavras podiam, afinal, ser uma despedida. E a verdade é que uma semana depois, um novo evento veio confirmar os meus receios…
– Então, o que se passou?
– O que se passou foi que, numa manhã aparentemente igual a todas as outras, fui chamada à biblioteca, onde a família se costumava reunir para as ocasiões de cerimónia (foi para ali que me conduziram no dia da minha chegada), e me apresentaram a nova funcionária da casa. Chamava-se Lurdes, tinha 18 anos, como eu, mas parecia ainda mais miúda. Estava vestida com um bibe cor-de-rosa e um laço na cabeça e parecia ter acabado de chegar da escola primária! Vi muitas coisas enquanto estive naquela casa, mas confesso que naquele momento me senti doente...
– Compreendo.
– A minha mãe não educou as filhas para serem burras. Eventualmente, para às vezes o parecerem… Portanto, percebi logo que algo se passava. No entanto, não alcancei a totalidade das consequências. Numa primeira instância, apenas pensei que a “nova aquisição” vinha para partilhar o meu trabalho, quanto muito disputá-lo. Por isso, quando me despediram, convenci-me que só o tinham feito porque as inúmeras virtudes da minha concorrente tinham, de alguma forma, posto a nu as deficiências do meu trabalho. Pensei que, ao contrário dos meses anteriores, os meus patrões me tinham julgado por comparação, considerando-me insuficiente para o que esperavam de mim. Muito sinceramente, senti que a culpa era minha.
– Culpou-se.
– Sim. Só agora, que parece que consegui organizar as ideias ao fazer-lhe este relato, é que percebo que aquela miúda não era a minha concorrente, mas a minha substituta. E isso deixa-me bastante triste.
– Então, não chore... Vá lá, não fique assim. Deixe-me ir para o pé de si confortá-la. Pronto, pronto, já passou, já passou…
– O que me custa é que nunca me tenham dito. Podiam-me ter explicado, talvez eu compreendesse. Mas, não, deixaram-me sentir culpada... E isso não perdoo! No último dia, depois de ter abraçado e beijado toda a gente, todas aquelas pessoas maravilhosas que eu aprendera a amar, quando o senhor me chamou ao seu gabinete para, também ele, se despedir de mim… Porque não me disse a verdade?! É isso que me custa aceitar!
– Vá, não chore. Olhe para isso, tantas lágrimas… Já tem lágrimas até nas maminhas! Deixe estar que eu limpo, pronto… Eu faço uma carícia e fica tudo bem. Mas diga-me, afinal o que é o senhor lhe disse?
– As despedidas normais. Agradeceu os tempos que passámos juntos e desejou-me sorte. Perguntou se eu precisava de alguma coisa, mas não consegui responder-lhe porque tinha o seu caralho na boca e ele estava a empurrar com muita força. Agora que penso nisso, ele forçava-me como se não houvesse amanhã... Claro, sabia que não haveria!
– Peço desculpa, não percebi… A menina fez-lhe um broche de despedida?!
– Fazia-lhe quase sempre aquele broche quando nos encontrávamos, não me ocorreu nenhuma razão para não o fazer...
– “Aquele” broche? Era um broche especial?
– Sim e não, quer dizer… Eram umas coisas de que ele gostava, é difícil de explicar…
– Tente, por favor. Faça-me essa indulgência. Para o relatório…
– Só se lhe mostrar…
– A sério? Era capaz de me mostrar?
– Com certeza, assim fica a perceber de certeza. Sente-se aí na mesa e baixe as cuecas. Deixe que eu baixo, é mais rápido.
– Ai, isso é bom… Assim é bom…
– Mas ainda não fiz nada…
– Ãh? Nada, esqueça. Estou a pensar no relatório, não ligue. Este maldito calor tira-me do sério… Por favor, continue, não perca tempo, continue!
– Então, primeiro ele gosta que eu passe a língua só na cabeça. Assim… Mmm… Mmm… Dois ou três minutos só na cabecinha… É bom?
– É bom, é bom!!
– Depois meto-o devagar dentro da boca toda, até me tocar na garganta, assim… Mmmm… Mmmm… Ahh, o seu caralho ainda é maior que o do patrão, mal chego lá… Deixe-me tentar outra vez. Mmmm… Mmmm… Está a ver? Vou fazendo este movimento para cima e para baixo, deixo-o tocar no fundo e quando volta, chupo só na glande com mais força. Assim… Mmm… Mmmm… É bom?
– Oh meu Deus, é melhor que bom! É divinal! A menina é um anjo…!
– Pois, foi o que eles me disseram. Depois, e isto é que acabava com o patrão em menos de nada, ele gostava do dedinho maroto bem dentro do cu, até ao fundo. Vinha-se logo!
– Ah!! Ai, menina…
– Dói?
– Sim… Ou seja… Não! Não sei… Um bocadinho… Ou não, eu sei lá… Não dói nada, ah, é tão bom………..
– Sempre a meter e a tirar o dedo e a chupar para cima e para baixo, sorvendo com força a cabecinha. Mmmmm… Mmmmm…
– Ah, caralho! Ah, foda-se! Ah, caralho, foda-se, cona da mãe!! É… É…
– Ahhhh… É não é? Está-se a vir?
– Estou quase, filha, estou quase… Não, pare, pare, pare!! Espere, menina, espere!!
– Então, o que se passa…?
– Faltava-me um bocadinho assim… Mas não quero sujar a sua boquinha tão linda, tão preciosa e lavadinha. Fazemos noutro sítio, está bem? Deixe-me fodê-la um bocadinho, deixa? Nessa coninha tenra, nessa pombinha da paz…
– Com certeza. Como quer fazer?
– Anda cá. Isso, assim… As mamas em cima da mesa! Põe-me esse cu para o ar!
– Ai, assim magoa!
– Não magoa nada, está perfeito. Perfeito!! Ah, vês como entra tão bem?! Ah, como desliza! Que cona tão bela, tão quente, tão macia! Ah, foda-se, és tão boa, caralho. Boa como a senhora Marinhais, essa puta, putéfila… Toma, toma, toma nessa cona!!
– Ai, é booomm… É bom?
– Ah, é tão bom! Levanta-te um bocado para te apertar as tetas. Humm, que tetas boas, que mamilos bons… Ah, toma, toma, toma, nessa cona! E no cuzinho, deixas meter no cuzinho?
– Não está a gostar assim?
– Estou a adorar filha, és tão boa… Mas quero meter no cuzinho. Deixas? Deixas meter no cuzinho?
– Sim.
– Ahhh… Assim, assim… Abre mais, abre mais o cuzinho. Está a doer? É bom?
– Não, é bom… Está a dar-me muito prazer.
– É, não é? Toma no cuzinho, toma nesse cu! Toma, toma, to… Aaaahhhh… Estou-me a vir, estou-me a vir… Vira para cá as mamas, quero as maminhas! As mami… Aaaaaahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!
– Foi bom?
– Aaaaaahhhhhhhhhhhhh!!!!!!! Caralho!!
– Foi bom?
– Cala-te, foda-se! Foi…
– Eu cá gostei muito.
– …Sim, foi bom, foi óptimo… Estou a cair para o chão… Ah, caralho, que foda, meu Deus! És boa como tudo, caralho!
– Ainda bem que gostou.
– AH AH. Desculpe… AH AH AH AH AH AH! Desculpe estar-me a rir, mas… Há que tempos que não me vinha assim! A menina acabou comigo… Irra, que até me passaram os calores…!
– Folgo em ter ajudado. Eu também já me sinto mais fresca.
– És fresca, és! E se ajudou…! Olhe, até lhe digo mais. Para ser completamente honesto consigo, a vaga a que a menina se quer candidatar já está ocupada há semanas. Mas fazemos assim… Eu gostei de si, já vi que tem imensos talentos e qualidades, e sinto que podemos confiar um no outro. Portanto, proponho que fique a trabalhar comigo aqui no escritório, como secretária, ou assistente, logo se vê…
– Está a falar a sério?
– Claro que estou a falar a sério. Porquê, não lhe agrada a ideia?
– Adoro a ideia!
– Então está decidido!
– Quando é que quer que comece?
– Imediatamente! Aliás, porque é que não vamos jantar e falamos melhor sobre o assunto? Depois podemos ir até minha casa, pode dormir lá, se quiser...
– Acho muito boa ideia. Fico-lhe muito agradecida!
– Nah, deixe isso. Olhe, faça-me mas é mais um bocadinho desse “broche à patrão”, que já me estou a sentir a arrebitar. A menina dá-me imensa tesão! Deixe-me só beber um copo de água e… Pronto, estou pronto para outra!
– Com certeza. Então, com licença…
– Faça favor.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com