23 janeiro, 2020 Foda para a despedida
Nunca foste de fodas mansas. Foder para ti é sempre ao ritmo de um comboio...
Olhas o sexo de frente. Pões o amor de lado. Primeiro não dizes nada. Depois dizes-me para estar calado.
– Não digas nada. Toca-me.
Passo-te as mãos no cu.
– Foda-se, não sou de porcelana. Toca-me!
Agarro-te na cona, aperto-a com a mão cheia. Gemes. Puxo-a como se ta quisesse arrancar. Arranco-te os pêlos. Arranco-te um grito.
Estás quente, molhada, líquida. Estás de maré. Sinto a tua gosma nos dedos. Esfrego-tos ao longo da racha mole. Amoleces. Gemes. Deliras porque o prazer te aflige, porque não te controlas.
– Morde-me a língua!
Mordo-te o lábio, lambo-te a língua. Escorres coalho de cona pelas pernas abaixo. Cheiras a sexo.
– Cheiras a sexo.
– Cala-te. Apalpa-me.
Fuço-te com a cara entre os seios. Lambo-te as mamas. Mordo-te as tetas. Tremes toda e espero a qualquer momento ver-te espirrar leite dos mamilos. Não porque estejas prenha, mas porque é o que me acontece sempre que te vejo assim, disposta e abandonada. Adoras sexo. Nasceste para o fazer.
Forço de cintura entre as tuas pernas. Esmago-te contra a parede. Abres-te toda. Roço-te com o volume das calças, o monte de caralho atrás da ganga contra o monte de cona despida. Fodo em seco o teu molhado.
Espremo-te as duas nádegas até os dedos te acharem o cu. Não é difícil: toda tu és cu! Esfrego-te o buraco. Raspo-te com as unhas a ramela do cu. Meto um dedo. Meto e tiro, tiro e meto.
Vens-te pelas mamas. Vens-te pelo cu. Não te vens, ainda, mas já é como se te viesses. Frenética. Eléctrica.
– Eléctrica era o nome da puta da minha terra.
– Cabrão!
Tiro o dedo e esfrego-to no nariz. O teu próprio suor de cu, a tua própria essência de merda.
– Filho da puta!
Agarro-te os ombros e empurro-te para baixo. Ajoelho-te, rebaixo-te. Esmago-te a cara nas calças.
– Tira-o para fora.
– Cala-te.
– Cheira-me bem essa picha.
Tiras-mo para fora e levas com ele nos queixos, tão teso está. Teso como uma barra energética.
Esfrego-to na cara. Fazes cara feia, cara de puta armada ao fino.
– Lambe-me os tomates!
– Está calado!
– Cala-te e lambe!
Esfrego-te o caralho nas narinas, nos olhos, na testa, nos cabelos. Lambuzo-te toda com o meu mel de picha.
Lambes mal, fazes-me doer as bolas. Nunca soubeste o que fazer com os testículos. Na tua óptica, não te servem para nada. Percebo. Tiro-tas da frente. Ajeito-me mais para a frente, mais para cima.
– Cheira-me o cu!
Não queres.
– Não quero!
Mas cheiras.
– Lambe-o.
Não queres.
– Não quero!
Mas lambes.
– Cala-te ou cago-te na boca!
Metes-me a língua no buraco enquanto bato uma punheta com uma mão cheia dos teus cabelos. Detestas que te mexam nos cabelos.
Humilho-te assim um bom bocado, até me apetecer uma esfrega mais pujante.
Dou-te o caralho a chupar. Não dizes nada. Deixas meter e chupas. Sabes chupar. Sugas ao mesmo tempo que revolteias a língua sobre a cabeça do caralho. Sabes bem o que é ter um caralho na boca. Sempre soubeste.
Agarro-te na nuca para te controlar o movimento. Detestas que te agarrem na nuca.
– Nasceste com um caralho na boca!
Não dizes nada. Fechas os olhos e chupas, enquanto eu comando o vai e vem.
Fechas os olhos com medo de os abrir. Com medo, talvez, de descobrir que já não estás ali, que já fizeste as tuas despedidas, que não está ali nenhum caralho e que não vais ter o tratamento que mereces.
Não perdes por esperar:
– Enfia os dedos na cona!
Enfias e gemes assim que te enfias. Já estás mais do que pronta. Sempre foste de orgasmo fácil. Se te metesse só a cabeça à porta vinhas-te logo. Como daquela vez que chegaste a casa depois de uma tarde inteira a falar com um gajo qualquer que te queria saltar para cima e tu dizias que não.
– Apetece-me mesmo foder… – disseste.
E assim que te puxei as cuecas para baixo, assim que puxei as calças para baixo, assim que me viste de pau teso, começaste-te a vir como uma cadela. Nem te toquei! Fiquei tão fodido que só me apetecia enrabar-te. Nunca mais me esqueço.
– Anda cá.
Puxo-te para cima e viro-te ao contrário.
– O que é que estás a fazer?
Nunca mais me esqueço.
– Quero-te ir ao cu.
– Não... Fode-me primeiro.
– Cala-te. Quero-te ir ao cu.
Vou-te ao cu. Nem te lubrifico, mas tu não precisas. Desde que descobriste que tens um cu elástico nunca mais quiseste outra coisa.
– Cabrão! Estás-me a magoar!
Mentira. Vou-me a ti como um cão a pilhas. As mamas saltam-te até te darem chapadas nas ventas. Nem sabes onde meter as mãos.
– Segura-te, caralho!
Agarras-te como podes. Aos vidros da janela. Com as unhas. E eu vou-te às nalgas como se fosse um martelo pneumático. É assim que tu gostas. Nunca foste de carícias. Nunca foste de amores. Nunca foste de fodas mansas. Foder para ti é sempre ao ritmo de um comboio. Um TVG pela cona ou pelo rabo acima!
Berras como uma beata enrabada pelo padre. Estás-te a vir não tarda. Consigo esticar uma mão e inspeccionar-te a cona. Escorres por todos os lados! Falta pouco. Conheço bem o procedimento. Tu também... Mas nada te prepara para o que te vai acontecer a seguir.
Esta é nova para ti. Andava a guardá-la há que tempos. É hoje, porque é um dia especial. Não é todos os dias que se dá a última foda. Não é todos os dias que nos despedimos da gaja com quem demos as melhores fodas da nossa vida. Não é todos os dias que o amor (alguma vez soubeste o que era o amor?!) acaba.
Conheceste outro gajo. Não estavas à espera. Aconteceu. Já não tens sentimentos por mim. Queres ir e entregar-te ao outro de consciência tranquila.
– Já te vais embora?
– Sim, já tenho tudo. Depois venho buscar o resto.
Queres ir? Vai! Vai para o caralho que te foda!
Nunca foste boa a lidar com momentos embaraçosos. Não achaste nada melhor para dizer quando ficámos em silêncio sem saber o que dizer:
– Queres foder? Para a despedida?
Nem te respondi. Arranquei-te ali mesmo o vestido e encostei-te à parede, o teu corpo nu pela última vez.
É um dia especial, por isso de hoje não passa.
– Não sei se me consigo vir…
Puta. Não sabes? Eu consigo…
Nem aviso. Começo a sacolejar como se me estivesse a vir. Tu sabes bem como é que é. Dizes-me o de sempre:
– Anda, querido, anda. Dá-ma toda!
Tu sabes, mas nem imaginas. Quando esperas que um banho de esporra te inunde as paredes do cu, liberto a bexiga e começo a mijar-te para dentro do buraco!!
Uma mijadela de três dias e três noites, parece, porque parece que não consigo parar.
Passas-te completamente!
– Mas o que é essa merda, caralho?! O que é que estás a fazer, foda-se!?!
Estás horrorizada, escandalizada, alagada. Lutas, tentas escapar-te do insulto, da humilhação, da sensação de receber um jorro de mijo a escaldar pelas nalgas acima. Mas eu seguro-te bem e empurro mais, até os tomates começarem a querer entrar também. O mijo entra-te pela tripa como uma mangueira dos bombeiros. Não te deixo escapar. Não, até engolires pelo cu tudo aquilo que tenho para te dar! Para a despedida...
E é então que me fodes bem fodido… É mesmo duma puta como tu foderes-me até ao fim da história! Pensava que irias odiar. Queria que odiasses! Mas qualquer coisa, o calor, a fluência líquida, seja o que for, te começa a excitar como nunca te tinhas excitado. Enquanto te mijo para dentro começas a mijar para fora, com o corpo completamente endoidecido, com uma voz arrastada que nunca tinha ouvido...
Vens-te com uma potência impossível de descrever. Se não visse não acreditava. Nunca foste squirter mas vens-te de esguicho mesmo à minha frente, enquanto o teu corpo estremece como um robot a dançar break dance. Frenética. Eléctrica. Epiléptica!
Com a pressão toda que fazes em baixo, apertas o cu com tanta força que praticamente me expulsas o caralho de dentro dele. Afasto-me, estarrecido, enquanto tu rebolas no chão a espirrar chuva da cona e o meu mijo do cu, com um orgasmo que eu nem sabia ser possível fabricar.
Quando acabas, as paredes escorrem e as aspidistras pingam. O gato fugiu, não é visto nem achado. Passam pelo menos quatro minutos até que o teu corpo sossegue e a tua respiração acalme.
Continuas deitada no chão, numa poça de mijo e de sumo de cona, ainda a verter dos buracos, e agora sou eu que não sei o que dizer… «Fode-te?» «Põe-te nas putas?» «Agora vai lá ter com o outro estupor?»
Acabo por não dizer nada disso:
– Queres beber alguma coisa?
– Não…
– De certeza?
– Não… Anda aqui para o pé de mim.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com