12 dezembro, 2019 A casa das manas putas
A casa, situada numa antiga zona nobre da cidade, era dirigida por duas irmãs cinquentonas...
As voltas do destino obrigaram-me, numa determinada altura da minha vida, a residir temporariamente numa casa de hóspedes. Era um espaço modesto mas limpo, sem luxos mas com todas as acomodações necessárias para viver dignamente e com conforto.
Apesar de não ser a pessoa mais social do mundo, a pequena comunidade que ali encontrei tornou-se rapidamente uma espécie de “família emprestada”. As conversas roçavam pouco mais que as superficialidades mundanas, mas as reuniões diárias, ao pequeno-almoço, almoço e jantar, eram sempre gentilmente festivas e, mais tarde ou mais cedo, todos os novos hóspedes acabavam por criar relações de uma amizade cúmplice com os restantes. Foi o meu caso.
A casa, situada numa antiga zona nobre da cidade, era dirigida por duas irmãs cinquentonas, a Senhora M. e a Senhora J., que cuidavam para que tudo estivesse em ordem e todas as regras fossem seguidas. Eram, por assim dizer, as matriarcas da nossa pequena sociedade, ainda que o verdadeiro trabalho fosse executado por três empregadas: uma cozinheira e duas raparigas que todos os dias mudavam as camas, faziam a limpeza e serviam as refeições. Na minha temporada ali, ao todo eramos 13 hóspedes, o que significava um volume significativo de trabalho.
Depois do meu primeiro mês, sentia-me perfeitamente instalado. Todas as manhãs me levantava cedo e descia para o pequeno-almoço. Depois saía para o meu emprego. Raramente ia a casa ao almoço, mas voltava a tempo de jantar.
Todas as refeições eram servidas numa mesa comum, muito comprida, presidida numa ponta pela Senhora M. e na outra pela Senhora J. Era ali que cada um falava do seu dia e se cruzavam os pontos comuns que constroem a familiaridade, mesmo sem entrar em pormenores demasiado pessoais.
Depois do jantar, as opções dividiam-se. Uma parte dos convivas gostava de sair e passear pelas redondezas, ir a um café ou a um espectáculo. A outra parte preferia ficar em casa e partilhar os serões com as duas senhoras. Já então faziam questão de não ter um aparelho de televisão, por privilegiarem as relações humanas. Eram excelentes conversadoras, com uma cultura geral vasta e palavra fácil. E faziam os possíveis por animar as noites, com jogos de tabuleiro, sessões musicais com um velho gira-discos ou apenas falando disto e daquilo.
Depois de, nos primeiros tempos, sentir necessidade de sair e dedicar algum tempo solitário aos meus próprios pensamentos, acabei por começar a habituar-me àqueles serões mornos e pacíficos, com música ambiente, um copo de porto e um charuto. Foi nessa altura que travei um conhecimento mais profundo com as duas irmãs e consegui descortinar qualquer coisa sobre as suas vidas
Ambas tinham sido casadas mas, por motivos diversos, não o eram já. A Senhora J. tinha enviuvado por volta dos 35 anos. A Senhora M. foi uma das primeiras mulheres em Portugal a conseguir o divórcio, de um homem que bebia e a traía. Estava separada desde os 29 anos. Desde então nenhuma delas se interessara por voltar a casar. Tinham herdado a casa de uns tios abastados, que ali viveram até morrer sem deixar descendência directa, e conceberam elas mesmas a ideia de tornar rentável aquela oferta da vida. Assim sendo, nenhuma das duas alguma vez tivera outro emprego que não gerir o governo dos seus hóspedes. E faziam-no com sentido de honra, justiça e genuína amizade.
Ao final da minha primeira semana, para assinalar a despedida de um dos hóspedes, organizaram uma festa surpresa que emocionou todos, em particular o visado. Era o tipo de iniciativa que atestava de forma exemplar os seus bons sentimentos e a forma como sinceramente se ligavam aos que entravam e saiam da sua casa e das suas vidas:
– Já conhece o lema na nossa casa, senhor Matias: volte sempre!
Foi no meu primeiro Verão na casa que as minhas relações com as senhoras se estreitaram de uma maneira um tanto ou quanto… insólita. Mesmo de janelas abertas, o apartamento abafava com o calor e eram poucos os convivas que ficavam em casa depois do jantar, preferindo a aragem fresca duma esplanada ou um passeio pela margem do rio.
Eu, que passara alguns anos em África, sofria menos com as temperaturas altas e resistia a passar as noites como de costume, na companhia das minhas senhorias. Foi nessa altura que comecei a notar que o tom das suas conversas se alterava consideravelmente. De repente, falavam muito menos dos problemas do mundo, de preferências literárias ou da História de Portugal. Em contrapartida, discorriam ligeiras sobre o tempo em que tinham sido casadas ou, mais precisamente, as épocas passadas em que “tinham tido um homem”. Tradicionalmente diziam mal dos seus cônjuges, mas não necessariamente mal das virtudes do casamento, nomeadamente dos benefícios que advinham de ter um homem nas suas vidas e, em concreto, nas suas camas!
Atribuí aquelas liberdades do discurso a uma cumplicidade que se ia reforçando serão após serão, pois não raras vezes ficávamos só os três na converseta. Mas não deixava, por outro lado, de sentir algum desconforto pelo que me parecia uma excessiva e algo forçada familiaridade.
Numa dessas noites, o tema chegou a roçar os limites da marotice. Era sobre um Natal que tinham passado a quatro na Serra da Estrela, e do relato constavam casacos de peles sobre a nudez, copos de champanhe derramados e uma lareira acesa que lhes deu repentinamente vontade de se libertarem dos respectivos casacos. As duas riram bastante com a recordação, embora toda a narrativa fosse incerta demais para que eu alcançasse as minudências do sucedido.
Fui para a cama um pouco irritado sem saber exactamente porquê – por se atreverem a contar-me os pormenores sórdidos da sua vida conjugal ou por não o terem feito de forma a que eu entendesse exactamente o que se tinha passado?! – e custei a adormecer.
Por volta das duas da manhã, ouvi o que parecia uma voz abafada, como se alguém estivesse a chorar ou a suspirar. Tentei ignorar, pois fosse o que fosse não era comigo, mas voltei a ouvir o mesmo som outra vez, agora seguido de um esgar gutural que parecia um gemido humano.
Intrigado, resolvi levantar-me e ver o que se passava. Saí de meias para o corredor e tentei perceber de onde vinha o ruído. Passei por vários quartos, de onde apenas se ouviam as respirações cadentes de pessoas que dormiam, até que cheguei ao aposento da Senhora M. A porta estava entreaberta e não se ouvia nada lá dentro. Então voltei a ouvir o mesmo som abafado, agora muito mais audível. Logo a seguir ficava o quarto da Senhora J. Encostei o ouvido à porta e pude ouvir nitidamente o som de respiração ofegante, entrelaçado com pequenos gemidos que alguém tentava abafar. A minha primeira ideia foi que alguém estivesse a passar mal lá dentro. Depois percebi que não, e que só podia ser outra coisa!
Hesitei em relação à minha forma de agir e concluí que não havia nada que pudesse fazer, a não ser continuar a espiar para descobrir quem eram exactamente os personagens daquela trama.
Voltei, pois, para a porta do meu quarto, e fiquei à coca, na escuridão, aguardando novas movimentações. Eventualmente, cerca de meia-hora depois, ouvi um trinco a abrir e a fechar, passos leves a andar no corredor e, muito rapidamente, o trinco de outra porta. Quase ia caindo de cu no chão!
No dia seguinte, saí sem tomar o pequeno-almoço. Não estava ainda preparado para enfrentar os intérpretes da indiscrição que testemunhara. À noite, sentei-me à mesa para jantar e sentia-me estranhamente leve. Contrariamente aos meus hábitos, bebi três copos de vinho e tomei a palavra, relatando feitos e aventuras da minha juventude. Para os outros, que me conheciam como uma pessoa reservada, foi uma surpresa.
– O senhor Óscar hoje está acelerado! – comentou a Senhora M.
– Um pouco, é verdade. – retorqui.
– E pode-se saber o motivo, se é que há algum?
– Não é segredo. Imagine que recentemente fiquei a saber que umas certas pessoas, que na aparência pareciam uma coisa, na verdade eram outra. Isso pôs-me a pensar que passamos demasiado tempo da nossa vida a representar um personagem. Um personagem que pode não ser exactamente quem somos na verdade… Isso inspirou-me. Todos aqui me conhecem como uma pessoa reservada, soturna, até. A vida pode transformar-nos a esse ponto. Mas na realidade sempre fui uma pessoa jovial, que aprecia a vida. O exemplo que recebi dessas pessoas de alguma forma libertou-me. Este que aqui vêem é muito mais quem eu sou do que aquele que tenho vindo a ser.
Sem esperar, recebi um aplauso dos meus comensais.
– Muito bem, senhor Óscar! É sempre importante reencontrarmo-nos com quem verdadeiramente somos… – resumiu a Senhora J.
Nessa noite, seduzidos pela minha nova alegria, acabámos a cantar em coro na sala de fumo, e recolhemo-nos todos num ambiente festivo e estival.
Chegado ao meu quarto, ainda excitado pelos acontecimentos recentes, deixei-me cair na cama a matutar sobre as minhas possibilidades. Cerca da uma e meia da manhã não se ouvia nada na casa a não ser os estalos da mobília. Eu sei, porque aguardava pacientemente. Então voltei a discernir o mesmo som abafado da noite anterior. Fiquei onde estava até que se repetisse. Só depois me levantei…
Abri a porta e saí de meias e pijama para o corredor. Fui directamente à porta do quarto da Senhora M. Estava, como na última vez, entreaberta. Avancei um pouco e encostei o ouvido à porta da Senhora J. e lá estavam os gemidos abafados que esperava ouvir. Então, respirei fundo para ganhar coragem, girei a maçaneta e entrei.
Um silêncio sepulcral de expectativa aguardava-me na escuridão. Parei quando as minhas pernas bateram na cama que jazia algures à minha frente.
– Não se preocupem – disse, baixinho. – Sou eu, o senhor Óscar. Pensei que gostassem de companhia.
Nenhuma voz me respondeu, mas ouvi um restolhar de lençóis à minha frente e senti um par de mãos a apalpar-me no escuro. Uma das mãos agarrou-me pela manga do pijama e puxou-me para a frente. Caí, desamparado, sobre a cama, e logo senti um corpo bipolar, com dois troncos e quatro braços, enroscar-se a mim. Despiram-me rapidamente, com sofreguidão, acariciando-me e beijando-me a pele à medida que ia ficando descoberta. Num ápice estava totalmente despido e senti o contacto, de ambos os lados, de pele quente e nua a roçar-se por mim. Uma mão agarrou-me no caralho ao mesmo tempo que uma língua entrava na minha boca.
Eu esbracejava, com volúpia crescente, procurando algo a que me agarrar, e descobri vastas superfícies de carne, embora não pudesse dizer que partes e a quem pertenciam… De súbito, como num acordo sincronizado, ambas se afastaram de mim e pegaram-me cada uma em sua mão, levando-as respectivamente até aos tecidos moles entre as pernas. A da direita tinha uma penugem rala e um pouco áspera; a da esquerda tinha um tufo de pêlos espessos e macios. Não sabia qual era qual, a Senhora M. e a Senhora J,. mas as duas estavam intensamente molhadas e reagiram de imediato às minhas carícias, enrolando-se e suspirando avidamente.
Masturbava-as ora passando os dedos pelos lábios e o clitóris, ora enfiando-os na cona, posto o que uma delas me voltou a agarrar no caralho, abocanhando-o em seguida. Sentir a ponta da picha ser abraçada por uma língua experiente arrancou-me um breve mas forte gemido, que me valeu uma repreensão.
– Shhhh! Não podemos fazer barulho… Os hóspedes! – segredou-me uma delas.
– É melhor resolvermos isso – disse a outra, passando-me uma perna por cima à altura do peito, chegando-se depois para a frente até encostar a cona peluda à minha boca!
Era uma maneria original de me calarem e não consegui deixar de sorrir. Entreguei-me a chupar aquele fruto molhado e quente, enquanto a outra me mamava no caralho.
Sentia-me cada vez mais duro e excitado, sobretudo com o broche mas não menos com o cheiro da cona que se me entranhava no nariz, viajava até ao cérebro e me enviava instruções à picha para se empinar como um cavalo de rodeo. Por muito que gostasse da boca que me sugava, queria metê-lo em gruta mais puta. E pela primeira vez tomei a iniciativa naquele acto tripartido. Tirei as duas de cima de mim, apalpei para apanhar uma de cu para o ar e pus-me atrás dela, agarrando-a pelos flancos. Passei-lhe a mão por baixo para testar os níveis de humidade, que eram mais que satisfatórios, e avancei com a ponta de lança em riste, enfiando-me de um fôlego na sua cona encharcada!
Mais uma vez, não sabia a quem pertencia aquele cómodo do prazer, mas não queria deixar a outra sem atenção. Puxei-a para perto, coloquei-a em paralelo ao corpo da irmã e meti-lhe a mão direita na boca. Ela recebeu-a com avidez e lambeu-a. Quando senti que estava bem molhada, procurei-lhe o ventre e enfiei-lhe dois dedos na cona e um no cu. A surpresa foi tal que, como uma gata demasiado excitada, ronronou e mordeu-me um braço!
Fodia uma enquanto masturbava a outra durante algum tempo e, ironicamente, foi a punheta que fez a primeira delas chegar ao clímax. Senti um pequeno esguicho quente nas mãos e a sua boca de novo colada ao meu braço, como que procurando amordaçar-se a si mesmo, mas desta feita não me ferrou o dente. O seu corpo estremeceu, sacolejou e serpenteou como uma cobra lúbrica, desfrutando do orgasmo que a atacava como uma onda de arrepios num dia quente.
Postas assim as coisas, era natural proceder à troca, e encavei-me na que ainda parecia vir-se e puxei a outra para cima, de forma a poder lamber-lhe a cona. Excitadas como estavam ambas, foi ainda assim com grande surpresa minha que testemunhei como ambas se vinham em simultâneo, a primeira colando o recente orgasmo da punheta à foda, a outra colando o gozo da recente foda ao minete.
Tirei-me de ambas e ajoelhei-me na cama. Tinha-as agora debaixo de mim, as duas a virem-se como leoas, e mesmo sem estar enfiado em nenhuma delas, mesmo sem tocar no caralho, comecei a esguichar esporra para cima delas. Não me lembrava de alguma vez ter experimentado um orgasmo daquelas dimensões. Sentia-me completamente frenético, lascivo, sexual! Caí sobre as minhas amantes e abraçámo-nos os três, numa poça de suor e esporra, estonteados, contundidos pelo prazer.
Minutos depois, procurei às apalpadelas a minha roupa e comecei a vestir-me. Depois procurei as bocas de ambas para as beijar, como forma de agradecimento por aqueles momentos, decerto inesquecíveis.
E foi num beijo a três, de bocas e línguas entrelaçadas, que uma delas me disse aquilo que iria transformar por completo a minha vida de hóspede:
– O senhor Óscar já conhece o lema da nossa casa: volte sempre!
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com