13 março, 2025 Despedida de solteira
À meia-noite, chegou finalmente o ponto alto! As luzes apagaram-se e, quando se voltaram a acender...
Depois de seis anos de namoro e dois de noivado, era altura de dar o último passo. O casamento foi marcado, todos os preparativos organizados e o dia aproximava-se rapidamente. Até que chegou a véspera e, querendo respeitar os clássicos, faltava apenas um evento para completar a tradição: a inevitável despedida de solteira.

Eu não fazia ideia do que as minhas amigas tinham preparado. Apesar da minha curiosidade, foram hábeis em esconder todas as pistas, topando sempre as minha fintas para lhes sacar nabos da púcara e insistindo em não me dar nenhuma dica, para não estragar a surpresa.
De tal forma conseguiram manter o segredo e alimentar o mistério que, chegado o dia, não consegui conter uma certa desilusão...
Elas tinham simplesmente alugado um grande salão de festas, com um grupo de baile a tocar versões de bandas conhecidas, como Beatles, Rolling Stones, Xutos e Pontapés e outras relíquias da idade da pedra. E pouco mais foi acontecendo durante a noite do que aquelas partidas e brincadeiras do costume, marotices ligeiramente eróticas, mas sem ultrapassar os limites do mau gosto.
Tudo muito normal, portanto, muito longe da loucura que eu temia, mas ao mesmo tempo idealizava para me despedir da minha vida louca, fértil de festas e aventuras.
Tinha praticamente desistido de esperar qualquer coisa assinalável quando, por volta da meia-noite, chegou finalmente o ponto alto!
As luzes apagaram-se e, quando se voltaram a acender, um stripper masculino, com o corpo envernizado de óleos, de corpo bem torneado e musculado, dançava em cima duma mesa em trajes menores.
Sendo mais específica, vestia apenas uma curta tanguinha que pouco deixava à imaginação, destacando o grande pacote entre as pernas, que prometia boa largura e condizente comprimento.
Ri-me às gargalhadas e aplaudi entusiasticamente, feliz por finalmente acontecer algo digno de registo.
O rapaz dançou em poses provocantes frente à plateia, exclusivamente constituída por espécimes do sexo feminino, e os ânimos aqueceram, como seria de esperar. Até demais... E é aqui, neste ponto, que começa realmente a minha história.
Dum momento para o outro, o que já vinha a escalar descambou na decadência total! Algumas das minhas amigas, já bem bebidas, foram-se tornando mais e mais atrevidas...
Tocavam insinuantemente no corpo do rapaz, que respondia às carícias como seria de esperar. Parecia que, a qualquer momento, o volume do seu sexo enjaulado iria explodir a fina teia de tecido que o segurava.
A sua óbvia tesão mais enlouqueceu o público, que, aos poucos, ia perdendo as estribeiras e os limites da compostura.
Primeiro, num acto sorrateiro bem sucedido, alguém conseguiu realmente puxar a tanga do pobre indefeso, que, de repente, se viu exposto num circo de feras com um pau teso de proporções assinaláveis.
Depois, em resposta a tal fenómeno, várias mulheres começaram a despir-se, mostrando despudoradamente as mamas e as partes delicadas, sem se preocuparem com quem as pudesse ver!
A cena era indescritível, pareciam lobas a disputar o macho alfa, e percebi que se ninguém pusesse travão naquilo, ia acabar por acontecer o pior, ou seja, o strip iria transformar-se numa sessão de sexo ao vivo!
Eram tantas as voluntárias que o problema seria apenas perceber a quem sairia o brinde, já que a fava estava definitivamente destinada ao pobre rapaz, que, visivelmente atrapalhado, tentava acalmar as feras em seu redor, sem nenhum tipo de sucesso à vista.
Até que, no meio de toda esta demência, quando já se despiam cuecas e parecia inevitável o ataque colectivo à vítima desamparada (e entesada!), se ouviu um grito que parecia querer pôr ordem no caos:
- Parem tudo!
“Alguém que consegue manter a sanidade”, pensei. Mas enganava-me, como vão ver já a seguir...
A ideia desta “pacifista” não consistia em pacificar a situação, mas simplesmente em organizá-la, orientá-la para um alvo específico. Imaginem quem...
- Se o nosso stripper tem de foder alguém, esse alguém é a noiva!
O meu sangue gelou! E mais ainda quando todas começaram a aplaudir, apoiando a ideia!
O que aos meus olhos já era uma situação infeliz, cujas consequências eu antevia trágicas, de repente tornou-se uma questão de segurança pessoal. Senti medo mas, confesso, muita excitação ao mesmo tempo.
Fosse como fosse, não havia nada que eu pudesse fazer. A turba, assim como a situação, tornara-se rapidamente incontrolável.
Aos puxões e empurrões, aos quais ele não quis responder por delicadeza e para não incendiar ainda mais os ânimos, o rapaz foi conduzido até mim sem poder fazer nada para o evitar.
Em sentido contrário, através do mesmo processo ao qual eu não tive forças para resistir, fui levada na sua direcção. Recordo-me de, nesse caminho, enquanto nos aproximávamos um do outro, os nossos olhos se cruzarem e concordarem numa espécie de desespero, ou impotência, que era comum a ambos.
Éramos como dois animais a serem levados para o seu destino final, sem que nada pudessem fazer para salvar a pele!
Quando, finalmente, nos puseram frente a frente, alguém me agarrou na cabeça e a empurrou na direcção da cintura do rapaz, que não teve outro remédio senão enfiar-me o pau na boca!
Num gesto reflexo tentei fugir, mas várias mãos na minha nuca garantiam que o meu balanço não parava, que mantinha o meu vai-e-vem contra aquele membro, muito grosso e entesado, que me preenchia a cavidade oral até à garganta.
Enquanto isso, pelo lado dele, eram também várias as mãos no seu rabo (muitas delas aproveitando para o apalpar) que garantiam que também ele não pudesse fugir “com o pau à seringa”. Não havia nada que nenhum de nós pudesse fazer, éramos meros fantoches nas mãos da turba alucinada!
Quanto ao acto em si, apesar de parecer durar uma eternidade, foi muito rápido. Ele estava tão excitado quanto eu e acho que só o chupei durante um minuto ou dois, até ele começar a vir-se copiosamente na minha boca e na minha cara.
Isto enquanto todas as minhas “amigas”, que mais pareciam umas galinhas histéricas, riam, assobiavam e batiam palmas!
Quando finalmente o largaram, o rapaz estava tão envergonhado que fugiu da sala, não sem que algumas mulheres mais desesperadas o tentasse apanhar. Eu estava tão furiosa que fui trancar-me na casa de banho.
Estive muito tempo sentada na sanita, sentindo-me traída e furiosa com tudo aquilo. E, no entanto, enquanto a revolta e o asco me dominavam, lembrava a textura daquele caralho grosso a entrar na minha boca, a encher-me as bochechas... Continuava a reviver sobretudo o primeiro momento, quando ele se enfiou em mim.
Sentia a sua espessura, o seu peso sobre a minha língua... Então, era eu que me sentia alucinar. Como poderia pensar em tais coisas depois dum momento assim?!
Mas a verdade é que o meu imaginário teimava em regressar àquelas sensações, mais a mais, porque ainda as sentia tão vivas em mim. E isto para não falar que tinha ainda os resquícios da substância e do sabor da sua esporra na minha boca...
Pensava em tudo isto e lambia os lábios, lembrando o calor, a textura dos seus jactos na minha garganta, nos meus lábios, a sua esporra escorrer-me pela face e pelo queixo...
Quis muito masturbar-me, mas não sei porquê não o fiz. Em vez disso, levantei o cu da sanita e resolvi lavar a cara e a boca, libertar-me daquelas memórias que me assombravam.
Estava eu nestas abluções quando ouço o barulho do autoclismo e sai da outra cabine da casa de banho o pobre rapaz, que ficou todo vermelho ao ver que era eu!
Muito envergonhado, lá me pediu muitas desculpas por tudo, mas eu sosseguei-o, dizendo-lhe que a culpa não era dele, que a culpa era “das vacas das minhas amigas”!
“Amigas”… Teria certamente que rever o conceito de amizade no respeitante àquelas pessoas! Loucas, taradas, porcas! Felizmente, o casamento não era na Igreja, nem tinha copo de água, pois não sabia como poderia alguma vez voltar a olhar na cara daquele bando de víboras lúbricas!
Acabei por ser eu a consolá-lo e saímos juntos da festa, às escondidas, deixando as galinhas entregues a si mesmas no seu galinheiro.
Partilhámos um táxi até casa dele e aí, finalmente, pudemos conhecer-nos um pouco melhor. Fiquei a saber que se chamava André, era personal trainer e, ocasionalmente, fazia strip para ganhar um dinheirinho extra.
Confessou-me que não gostava especialmente, não gostava das coisas que o “obrigavam” a fazer, nem dos ambientes esquizofrénicos que se criavam, embora por vezes o excitasse. Mas quase nunca acontecia.
Aquilo deixou-me intrigada e um pouco envaidecida, pois recordava que ele estava teso e bem teso enquanto eu lho chupava. Mas claro que não insisti no assunto, ambos já tínhamos tido humilhações bastantes por uma noite.
Ao chegarmos a casa dele, convidou-me para entrar. Fiquei um pouco surpreendida pelo convite e ao princípio disse que não:
- Não posso. Lembras-te? Amanhã? Tenho um casamento... O meu!
Ele riu-se, mas insistiu que era só o tempo dum café. Nesse momento, percebi que, depois do que tínhamos passado, na verdade, tínhamos simpatizado um com o outro. E aceitei.
Nada do que se passou em seguida foi planeado. Sim, acabei por passar lá a noite. Como é que chegámos aí?
Bem, estávamos a beber um copo no sofá, e reparei que, sempre que os meus olhos focavam a cintura dele, ele mantinha o enorme pacote bem vivo dentro das calças! Ou seja, continuava teso!
Como era aquilo possível? Eu sei que sou atraente, mas há limites para a tesão, já para não falar da decência...
Já um pouco bebida e contrariada com aquilo, ganhei coragem para lhe perguntar. E foi aí que ele, finalmente, se abriu e "confessou tudo". Disse-me que a única maneira de se conseguir excitar nas sessões de strip, era tomando um comprimido!
- Queres dizer... viagra?!
- Sim...
- Bem, não precisas de ficar envergonhado. Não sei bem porquê, mas acho que isso só te faz mais humano aos meus olhos. Quer dizer, não imagino como um homem pode sentir tesão no meio dum bando de malucas como aquelas! Mas, claro, não sou um homem para saber. Mas espera... Mas... Isso, então, quer dizer que quando estavas dentro da minha boca... Aquela tesão toda...
- Sim...
- Era viagra?!
- Sim.
- E eu aqui toda vaidosa, a pensar que era diferente, que tinhas problemas de tesão no strip, mas que comigo, por qualquer razão, estavas todo aceso.
- Bem, não foi só o viagra. Lembra-te, eu vim-me muito depressa... Estava muito excitado. Por ti...
Admito que aquelas palavras me deixaram muito, mas muito na mood!
Acabámos a dormir juntos. Fodemos. Duas vezes. Duas vezes e um broche no final, um broche como deve ser, para o compensar da humilhação da festa.
Em boa verdade, fomos fodendo até ele conseguir baixar o pau. Com aquilo tudo, eu estava varada de tesão e só queria mais e mais... E ele, com o efeito do comprimido, conseguiu entregar tudo o que eu desejava.
Nessa altura, pensei que, perdido por perdido, já tinha traído o meu noivo (nem era como se fosse a primeira vez!), portanto, que se lixasse.
Quando amanheceu, o meu novo amigo deu-me boleia até ao registo civil, onde o meu futuro marido me esperava. Pensei na noite anterior, mas não senti remorsos nem arrependimentos.
Apenas fiquei contente por o ver e pensar que, depois do que tinha passado, a partir desse momento, a minha vida de loucuras era algo que ficava definitivamente para trás.
Pelo menos, assim o esperava...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com