26 setembro, 2019 A mulher do meu melhor amigo
Já tinha ouvido falar da Miku, mas até esse dia nunca nos tínhamos encontrado...
Quando entrei, ela não me disse que o marido não estava. Só quando me sentei, respondi às perguntas da praxe, como está a mulher, como está o filho, a bebericar o cafézinho que ela me ofereceu, informou, num português limitado que lembrava uma estação de rádio mal sintonizada, ou um aparelho avariado que ainda assim, milagrosamente, funcionava:
– O Rui foi na pesca com amigos.
Já tinha ouvido falar da Miku, mas até esse dia nunca nos tínhamos encontrado. Amigos comuns tinham-me pintado um retracto pouco abonatório. “Possessiva”, “mandona”, “controladora” eram as palavras que me surgiam ao abrigo dessas revelações. Sinceramente, ao vivo não me pareceu assim tão má. Nem parecia incomodada por o Rui ter ido à pesca com os amigos num domingo à tarde.
Também me tinham falado da beleza dela e aí tinha que concordar em absoluto com o que ouvira. Parecia saída de um sonho de gueixas! Era difícil olhar para ela sem imaginar que a vida era uma cena do Shogum e que a Miku, nua ou semi-despida, coberta apenas com uns trapinhos molhados que lhe deixavam ver os contornos todos, me fazia uma massagem corpo a corpo nos banhos chineses…
O Rui sempre teve uma “coisa” pelas orientais. Quer dizer, todos nós temos uma “coisa” pelas orientais, mas o Rui é o único gajo que eu conheço que casou com uma.
Quando ela me disse que ele não estava, levantei-me para me ir embora.
– Não vai já embora, não?
Ouvi a voz dela nas minhas costas, ela tinha ido ao quarto abrir gavetas. Aquela voz de menina primária, aquele sotaque exótico, a curva redonda do rabo que não me largava a memória, tudo nela dava vontade de comer. Nunca cheguei a saber ao certo a sua ascendência, japonesa, chinesa, coreana… Agora não falamos dela. Mas a verdade é que também não saberia ver a diferença.
– Sim, vou. O Rui não está…
– Não vai. Fica mais um bocadinho.
Aparece-me então pela frente com um quimono que mal lhe tapava os pêlos da virilha e com dois vibradores na mão, um grande e um pequeno.
– O Rui não está, ia agora masturbar.
A maior parte do tempo, caminhamos pela vida com uma bem treinada ilusão de controle. Momentos assim desmantelam a nossa ilusão. Momentos que nos dizem categoricamente, como se nos dessem uma bofetada, que não temos poder absolutamente nenhum sobre o nosso destino.
A cena era tão inusitada que me deixou a cabeça a andar à roda. Já para ela, parecia a coisa mais natural do mundo.
Sentou-se ao meu lado no sofá, subiu ligeiramente a saia do quimono e abriu as pernas, revelando um espesso tufo de pintelhos lisos e muito pretos.
Depois começou a massajar a cona com o vibrador pequeno, enquanto com os dedos acariciava o clitóris.
Gemia com os olhos semicerrados, que era um bocado o normal dela, e manteve-os assim até sentir um estremecimento mais agudo de prazer. Então abriu-os, olhou para mim e sorriu, como se dissesse:
– Vês como é bom?
Há diferenças culturais e depois há coisas inusitadas. Estupidamente, uma frase instintiva desenhou-se no meu cérebro:
– No nosso país as mulheres dos nossos amigos não batem punhetas à nossa frente!
Felizmente, mantive o discernimento para não a dizer em voz alta. De resto, o meu pensamento vagueara logo para outras “prioridades”…
O cheiro que exalava da cona dela, um agridoce mesclado com especiarias, irradiava pela sala e dava-me comichão no nariz. O chumaço que crescia entre as minhas pernas confirmava o efeito que tais emissões odoríferas me provocavam, e ela reparou:
– Tira para fora! Bate punheta!
Por momentos nem percebi o que ela queria. Depois sim. Não sabia onde aquilo ia dar, mas na verdade nem queria saber... Ignorei o pleonasmo dela, abri a braguilha e tirei-o para fora. Assim liberto das amarras do convencionalismo ocidental, o meu caralho deus três marradinhas de agradecimento. Miku ficou animada com o que viu e desatou a fazer-me festinhas nos colhões, enquanto ia soltando uns risinhos juvenis, deliciosos.
O quadro era agora uma verdadeira cimeira internacional: caralho português versus cona asiática! E já que íamos pelo caminho das nações unidas, pus as diplomacias de lado e disse-lhe:
– Já que estás ai, porque não chupas um bocadinho?
Ela encolheu os ombros, como quem diz:
– Porque não?
E começou a lamber como se a cabeça da minha gaita fosse um gelado.
Um minuto depois continuava naquilo, parecia uma língua de gato e, um bocado frustrado, levantei-me e empurrei-lho até ao fundo das goelas.
– Eu disse chupar, não lamber!
Por pouco não se vomitava toda! Uma vez dedicada à causa, fazia-o com a sabedoria dos seus ancestrais. De tal maneira que percebi que, se continuasse assim, em menos de nada íamos ter o leite entornado...
Tirei-lho da boca e ajoelhei-me à frente dela, a preparar-me para umas lambidelas de quid pro quo. Mas antes quis apreciar bem aquela rata peluda.
Ela não se fez rogada e abriu-a com os dedos para eu ver melhor. Percebi que tinha orgulho nela. Naquele ângulo podia ver com pormenor todas as suas fissuras e peculiaridades. Era uma daquelas conas escuras, com lábios também muito negros e proeminentes, que contrastavam com a sua pele muito branca. Os pêlos desciam-lhe da púbis até ao buraco do cu, e como toda aquela zona concentrava muita humidade, os pintelhos molhados pareciam traços desenhados a carvão sobre uma tela porosa e virgem.
Satisfeita com a inspecção, Miku voltou a centrar as atenções em si própria. Pegou no vibrador grande e enfiou-o. Segundos depois, atingira um estado de excitação tal que tremia por todos os lados. A cona latejava, abria e fechava como a boca dum peixe fora de água. Com surpresa, reparei também que, ao pulsar, libertava umas pinguinhas de líquido transparente. Gemia cada vez mais depressa, acompanhando o ritmo crescente da respiração, e escorria mel da cona até ao cu e do cu até ao sofá.
Tudo aquilo era demais até para um impotente. Só me apetecia geminar as nossas duas nações, entrar naquelas profundezas alagadas sem fato de mergulho. Sem poder esperar mais, levantei-me ousei:
– Posso meter?
– Meter dentro?
Ela e os pleonasmos…
– Sim – confirmei. – Meter dentro.
– Vem meter – e abriu mais as pernas, para se pôr a jeito.
Sem mais conversa, trepei para cima dela e penetrei-a. Comecei a foder com um ritmo não muito rápido, mas constante, ainda assim suficiente para lhe arrancar logo gritinhos de debutante.
Passado uns minutos quis trocar de posição e passou para cima de mim. Cavalgava-me há menos de 30 segundos quando a ouvi dizer, entre gemidos hiperventilados:
– Detesto-te!
Surpreendentemente, disse-o num português perfeito...
Sem atinar onde ela queria chegar, fingi não ter percebido:
– O que é que disseste?
Ela repetiu:
– Odeio-te! Detesto-te!
Ocorreu-me então que podia ser uma tara qualquer, como aquelas mulheres que choram ou riem ou gostam de dar murros e chapadas quando estão a foder. A tara da Miku devia ser a agressão verbal. Sem saber muito bem como agir, enfiei-lhe um dedo no cu, que é sempre um bom preâmbulo de coisas, e deixei-me entrar no jogo, mesmo que com uma convicção ligeiramente hesitante:
– Eu também… te detesto.
Não foi de todo a melhor coisa que lhe podia ter dito. Ela reagiu mal e respondeu-me contrariada, como se me achasse estupido por não perceber o que queria dizer:
– Não, detesto-te mesmo! És má companhia para Rui... Levas Rui a putas!
Dizia aquela merda mas não parava de gemer! Como podem calcular, apanhou-me completamente desprevenido… Em primeiro lugar, eu nunca tinha ido com o Rui às putas. Quer dizer, sabia que ele o fazia, mas era uma escolha dele, não tinha nada a ver comigo. Mas, mais importante do que isso, o que queria afinal esta maluca de mim?! Detestava-me, detestava-me “mesmo”, mas abria-me as pernas e pedia-me para meter?! Odiava-me mas não tinha problemas em meter o meu pau na boca?! Quer dizer, as mulheres são bichos esquisitos, mas mesmo para uma oriental aquilo era demais, pura e simplesmente não batia certo...!
Estava a pensar no que havia de dizer ou fazer – não podia fazer grande coisa com ela em cima de mim – quando ouvi uma chave a girar na porta da rua, logo seguida da voz do Rui:
– Miku? Já cá estou, Tens qui o café. Já não havia brigadeiros…
Estupefacto, percebendo que, manietado como estava, não poderia fazer nada para evitar ser apanhado a foder a mulher do meu melhor amigo, olhei-a com raiva, como quem pergunta:
– Mas que merda é esta, caralho?!
Então, com o sorriso mais maléfico que alguma vez vi na minha vida, e sem parar de me foder, ela disse simplesmente, serenamente:
– Detesto-te. Mas detesto-o mais a ele…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com