18 novembre, 2015 "Chupa-me!" - a voz da razão.
A velha arte de saber chupar é um jogo de expectativas.
O mundo divide-se em dois: os que acham que um broche deve ser feito sem mãos e os que fazem questão que as mesmas façam de figurantes numa longa-metragem em que o actor principal é a boca.
Esta questão traz literalmente água no bico e para quem tem algumas noções do conceito de qualidade, sabe que a mesma é sempre subjectiva à interpretação do sujeito. Aqui ninguém tem razão no que é bom ou não e onde se mete a boca e como, só a cada um lhe diz respeito. Elas (e eles, porque aqui somos todos modernos) consideram sempre a utilização da mão como algo que se espera por parte de quem o recebe. É normal e eu vejo como um gesto de boa educação e cortesia por parte de quem tem o meu caralho metido na boca (ainda há pessoas boas neste mundo).
Muita da qualidade de um broche em perspectiva se consegue ter quando beijamos a pessoa e bem dito bem certo, que quando me deparo com um crocodilo a meter-me a língua na boca sei que o meu membro vai levar o mesmo tratamento de réptil anfíbio. Nestas alturas rogamos sempre ao senhor lá de cima que a pessoa em questão já tenha tido uma quantidade considerável de caralhos na boca, que uma imensidão de sardas lhe tenham tocado no fundo da garganta dado que dessa forma ficamos assegurados que não estamos a lidar com uma amadora. Mas aqui o Noé também é serviço público e cabe-me a mim estabelecer alguns parâmetros standard do que se espera de um processo de execução de um broche aceitável em 2015. Sim, porque não julguem que sempre se mamou no nabo com tanta perícia moderna. Reza a lenda que o imperador Sardius II teve de ensinar às suas concubinas a maneira correcta de abocanhar um tolas e para isso fez o especial favor de chupar metade dos gladiadores de que ele era dono. E só para ter a certeza que elas aprenderam bem a lição, voltou a repetir a dose em metade dos membros dos membros do Senado. Mas já chega de história e vamos ao que interessa:
A POSIÇÃO
O tradicional ajoelhamento possui um certo charme, no entanto, não permite toda a extensão da gaita em toda a sua plenitude apesar de ser sempre visualmente estimulante aquele enviusamento de olhos à Rita Pereira por parte de quem está lá em baixo. Há sempre ali um belo centímetro de músculo caralhal que não é usado e para os meus amigos de perna-curta (para não vos chamar outra coisa) é quase como roubar metade do cenas. O ideal é sempre sentado no sofá e a outra pessoa de joelhos pois permite uma flexão do bacamarte em toda a sua máxima força. Faço sempre questão de passar uma almofada para os joelhinhos da pessoa, porque aquilo tem tendência a demorar e fica sempre bem mostrarmos alguma boa educação nestas situações. Deverá ser aconselhado à pessoa que prenda o cabelo com um elástico porque ter a cabeleira a atrapalhar e/ou a tapar a visão da audição ao Caralhídolos é um crime por si mesmo.
O ACTO
O broche propriamente dito deverá ser sempre encarado como um acto à parte da penetração em si, apesar do mesmo servir muitas vezes como um preliminar ao acto. Mas tratemos as coisas com o respeito que merecem, ok? Quem faz o broche deriva de um de dois: ou ama fazer broches ou não ama de todo fazer broches. Simples. Uma pessoa que goste de chupar faz questão de o dizer e aquela expressão de brilho nos olhos quando o metemos de fora já meio teso é impagável. Ver aquela pessoa a lançar-se ao nosso caralho com tanto apetite é em si mesmo um elogio à arte. Se tudo estiver como deve ser, a pessoa colocará o dito cujo na boca com carinho e delicadeza. Um caralho não é um selfie stick para andar a ser manejado ao deus-dará por aí. Deverá ser manuseado como se tivesse um autocolante da FedeX a dizer “handle with care” e isto que seja ponto assente. Muita gaja agarra naquilo como se fosse o hamster que tiveram na infância e que mataram por asfixia. Já não foi uma nem duas gajas que me iam esfolando o caralho (literalmente) por terem mãozinhas de lenhador. Caso sejas um pila-seca, pede à pessoa que cuspa no bicho para lubrifcar o movimento de rosca da mão. Atento a estes dois pontos: cuspo e rosca. FAZEM MARAVILHAS. Bem executado e em conjunto com um movimento delicado de boca e língua, é de levar um homem ao orgasmo em menos de um minuto. Um broche demorado exige muito da outra pessoa e pode levar a estiramentos do maxilar, por isso não se armem em coninhas se a outra pessoa parar por exaustão. Em vez de se reclamar é meter a gaja de quatro e rebentá-la, mais que não seja por ela também ser uma coninhas por ter parado.
FINALIZAÇÃO
Vamos supôr que estamos num bico-bico. Um broche stand-alone. Tudo correu bem e estás a sentir aquela sensação fantástica. Dentro de ti começa a fervilhar toda aquela meita pronta a caiar de branco aquela boca fantástica que te levou ao céu, e agarras-te à cabeça dela a dizer “foda-se, não pares”. Num par com alguma experiência, quem chupa já sabe como a outra pessoa gosta de finalizar a coisa mas num neo-bico a minha opinião (se a posso dar) será de esperar para ver o que a artista tem reservado para nós. Será que não o tira da boca? Será que o tira e mete junto à boca para levar com tudo na cara? Será que se afasta e mete a mão à frente da cara para não levar com um jacto de meita nos olhos? Não sei.
O “cum shot” é o ás de trunfo da arte brocheira, porque mesmo que tenha sido um bico de merda, a maneira como o mesmo acaba é que irá deixar memória e deixar a sua marca (especialmente no sofá).
Seja como for, um gajo quer é vir-se! Seja nela ou nos cortinados da sala. No pós-bico ofereçam-se para ir buscar umas toalhitas porque se a coisa foi bem feita, diante de vocês está um boneco de cera bukkakiana e eu não quero que pinguem o meu chão da sala.
O broche é uma instituição. Arte passada de boca em boca. É destruidor e construidor de relações bonitas.
A quem os faz, o meu eterno obrigado em nome de todos os homens que gostam de os receber.
Eu digo-vos uma coisa: eu era capaz de viver de broches, torradas e galões.
Até domingo e boas fodas (e broches).
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.