02 mars, 2023 A Mulher Traída
A vingança é um “pato” que se come frio...
Júlia já tinha aturado muita coisa mas, quando o marido finalmente lhe confessou que sim, era verdade que a andava a trair, no caso com uma das secretárias do escritório, disse-lhe imediatamente que o perdoava.
Era uma mulher à antiga, que via o casamento como uma união sagrada e, ainda que lhe magoasse o coração e o orgulho, não seria uma qualquer escorregadela que iria pôr em causa os anos que tinham partilhado como casal.
Na realidade, esta não era a primeira vez que ele lhe enfeitava os sedosos caracóis louros com uma coroa de chifres, e talvez por isso demonstrasse a tolerância que agora exibia e, refira-se, desconcertava o marido. Ele não estava à espera daquela reacção...
O que ele não sabia, nem nunca soubera, era que na anterior traição ela lhe tinha pago na mesma moeda. Também nunca lhe dissera que, como ele, também ela fantasiava dar as suas facadinhas no matrimónio. Assim, na época, não só se sentira em paz ao ir para a cama com um gajo qualquer, como se sentiu “vagamente” vingada.
Essa experiência também significava que, agora que o delito se repetia, ela sabia exactamente o que fazer. Só seria um bocadinho “diferente”… Desta vez não se ficaria apenas no “vagamente”, porque desta vez ele iria saber! Doutra forma, voltaria a não sentir a dor e a raiva que ela tinha sentido...
Portanto, perdoou-o, sim, mas avisou-o logo que era melhor procurar um hotel para dormir nessa noite, pois Júlia não o queria ver nem pintado. Estava ferida e precisava de um tempo para si própria, explicou. E ele, claro, aceitou, feliz por ela lhe aplicar uma sentença tão ligeira. Contava que fosse muito pior.
Mal ele saiu porta fora, ela pôs o seu plano em marcha. Sentia a cona húmida só da antecipação…
Como eram quase horas de almoço, ligou para o seu take away predilecto. A sua preferência não era de todo inocente. O rapaz que fazia as entregas era um regalo para os olhos e já tinham trocado olhares marotos várias vezes. Júlia fantasiava com ele. Era, pois, uma questão de juntar o útil ao agradável.
Fez a encomenda e foi para o quarto esperar, preparar-se, deixando a porta de casa encostada para que ele pudesse entrar de moto próprio ao chegar.
Não era a primeira vez que o fazia, pois havia familiaridade e confiança, muitas outras vezes ele já estivera ali a entregar almoços e jantares. Mas nunca com o “intento” secreto que agora a movia...
Vinte minutos depois, Júlia ouviu passos na sala e uma voz a chamá-la:
— Dona Júlia? Tenho aqui a sua refeição...
Era chegada a hora. Fez deliberadamente como se não tivesse ouvido, produzindo entretanto vários ruídos para que ele soubesse onde a encontrar. Não ouviu mais nada mas, pouco depois, sentiu o olhar dele sobre as suas costas enquanto fingia despir-se no quarto.
Deixou-o espreitar à vontade enquanto flectia as ancas e lhe mostrava o rabo nu, preparando-se para vestir as cuecas.
Só depois de colocar o soutien se voltou para ele, na certeza de o ver já a babar-se, e fingiu grande surpresa:
— Mas… Que é que está a fazer?! Quem é o senhor?! Saia daqui! Não vê que estou nua?!
O rapaz gaguejou, hesitou, pediu desculpas e fugiu para a sala, atarantado com a cena...
Júlia não foi logo ter com ele. Tinha-lhe mostrado o suficiente para o “intrigar”, decidiu deixá-lo ficar um bocado com os seus pensamentos. Tinha a certeza que ele estaria a rever todos os pormenores da nudez que ela lhe tinha “oferecido”...
Quando achou que chegava, então sim, foi encontrá-lo na sala, desculpando-se pela sua reação.
— Peço imensa desculpa, apanhaste-me desprevenida… Nem percebi quem era.
— Eu chamei, Dona Júlia.
Ele tentava ainda desculpar-se mas, na verdade, a sua mente estava mais focada nas partes expostas, assim como nas partes ocultas, do corpo de Júlia, que não vestira mais nada e fora ter com ele ainda e só de lingerie…
— Acredito, mas não ouvi… Peço desculpa.
— Não precisa desculpar-se…
Os olhos dele pareciam berlindes brilhantes. Tentavam fugir dela mas eram magneticamente atraídos para as belezas que ela revelava. Uma parte do homem permanecia acanhada, mas um outro lado dele estava já bem desperto, com a libido aos saltos.
Júlia falou-lhe naturalmente, como se não estivesse praticamente nua à sua frente, e se bem ele não entendesse exactamente o que se passava, intuía que talvez a vida lhe estivesse a propor um daqueles momentos excitante e inolvidáveis que por vezes acontecem.
Não foi preciso nem muito mais conversa nem muito mais cerimónias para o confirmar. Júlia deixou cair “acidentalmente” uma alça do soutien e convidou-o, com os olhos, a fazer algo acerca disso. E ele não se fez rogado, abocanhando-lhe sofregamente um mamilo enquanto as suas mãos procuravam desajeitadamente destinos turísticos propícios ao seu deboche...
Mas a fantasia era dela, isso estava claro, de forma que tomou ela as rédeas da operação. Sem lhe perguntar por onde as queria, abriu-lhe a braguilha, tirou-lhe o caralho para fora e mandou-o calar, para lhe mostrar quem manda.
Os dois, homem e pau, pareciam ainda tímidos, mas pelo menos um dos dois iria perder rapidamente a hesitação...
Já bem teso, Júlia começou a mamar nele como se fosse um magnum de caramelo e flor de sal.
Se aquele era o sabor da traição, não podia ser mais saboroso, pensou ela, sorvendo a crosta rija como se lhe quisesse espremer o recheio.
Bem saciada de gosto a pau, deitou-se então e abriu-lhe as pernas, mostrando-lhe a racha já bem regada e a pintelheira manchada de suores cativantes. Aí já não precisou de lhe dizer o que fazer...
Ele era jovem e viril, maior e mais comprido que o seu marido. Custou um bocadinho a entrar mas, uma vez lá dentro, pareceu-lhe seda a deslizar.
Entusiasmada, satisfeita, cheia de tesão, Júlia não conseguiu em certo momento evitar imaginar o marido com a sirigaita da amante a foderem no escritório. Duvidava que tivessem sentido tanto prazer como ela estava a sentir agora e isso dava-lhe ainda mais gozo.
A esta altura, estava tão excitada como o seu amante ocasional e, pondo-se de quatro à sua frente, pôs-se a dar ao cu com a mesma velocidade que ele, cada vez mais depressa, cada vez mais forte, fazendo ecoar gemidos e saltar espirros de parte a parte.
O desvario chegou a tal ponto que, arrogante e envaidecida pelo acto marginal, instruiu o seu jovem amante a ir-lhe ao cu.
Chegou a arrepender-se, porque doeu imenso ao início. Mesmo com o marido, que era mais pequeno, o fazia raramente devido ao incómodo que lhe provocava.
Mas, para bem ou para mal, a transgressão foi demasiada para o moço, que acabou por se vir rapidamente no seu olho do cu, deixando-lhe as nádegas igualmente a escorrer mel branco.
Júlia não se veio, aliás, prodigalizou uma série de pequeníssimos orgasmos fulminantes, que ainda assim não tiveram a intensidade de um orgasmo completo. Mas nem por isso apreciou menos a “viagem”...
Ele foi tudo o que ela esperava e queria que ele fosse, uma ferramenta rija e suficientemente duradoira para vingar a traição do seu mais que tudo. Restava agora pô-lo, ao marido, diante da evidência, para o seu plano de vingança estar devidamente fechado!
Nem mais tarde nem mais cedo, ele ligou a dizer que estava lá em baixo, perguntando-lhe, ainda a medo, se podia subir. Ela mesma lhe tinha enviado uma mensagem convocando-o para uma conversa séria e ei-lo, mais pontual que nunca, a responder aos seus comandos.
Tinha-o na palma da mão. Sentiu-se uma mestre marionetista, em absoluto controle, uma viúva negra congeminando formas de atrair a presa à sua teia. E o traidor caíra que nem um pato!
Tendo cumprido, com louvor, a sua missão, e não sendo mais necessário, Júlia apressou-se a despachar o rapaz das entregas:
— É o meu marido! Tens que sair já! Não te preocupes, eu digo-lhe que vieste entregar o almoço...
— Mas… são quase três da tarde... Ele não vai desconfiar?
De facto, o tempo tinha passado a correr, sinal de que se tinham estado a divertir.
— Não te preocupes, eu trato dele.
O rapaz vestiu-se apressadamente e Júlia despediu-o com um beijo na boca. Como tinha calculado, com uma precisão cirúrgica, os dois homens encontraram-se à porta...
O marido percebeu logo tudo, entrando em casa desarvorado:
— Mas o que é isto?! O que é que se passa aqui?! Fodeste com aquele gajo? Fodeste com o rapaz das entregas?!
— Sim, amor, é verdade. Confesso tudo! Fodi aquele gajo... Assim como tu fodeste com as tuas gajas...
Ele impava, vermelho de raiva, o que a satisfazia imensamente. Agora ele sentia na pele o sofrimento que lhe tinha causado!
— És uma pu…
— Cuidado, querido. Não queres dizer nada de que te arrependas, pois não? E aliás, lembra-te, não há puta sem cabrão…
Mais atinado, o traído ainda deixou escapar um bocejo repleto de perfídia e dor de corno...
— Porca...
— Cala-te mas é e vem satisfazer a tua mulherzinha. O rapaz portou-se bem, mas foi só um aperitivo. Estou muito quente, estou a ferver... Preciso do meu homem, do meu macho, para me foder como eu gosto. Vem, amor, fode a tua mulherzinha!
E ele fodeu. Fodeu como ela mandou. De bolinha baixa e respondendo a todas as solicitações de Júlia, a todos os seus caprichos. Fodeu com a vontade de dois homens, talvez para exorcizar a traição, para apagar todos os vestígios de caralho que o outro deixara na sua mulher…
Casamentos há muitos, e regras também, cada um sabe de si. Como dizia o Woody Allen, “whatever works”...
O marido traído e traidor, alucinado de tesão, esporrou-se abundantemente na boca de Júlia, que assim inundada dos leites esponsais beijou o seu querido esposo, renovando assim, com meita e ilusão, os votos da sua vida comum.
Whatever works... Ou até que a morte, ou outras traições, eventualmente os venham a separar.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com