15 Junio, 2016 Bate-me com mais força
Aqui não há lugar para festinhas porque chove palmada que até ferve.
Já aqui relatei antes que gosto de levar a foder. Porrada, ok? Não é levar por trás. Nada contra, mas não é a minha praia.
Sempre me deixou fascinado esta linha ténue entre o prazer e a dor. No prazer que se tem ao inflingir ou sentir dor no acto. Existe toda uma vertente fetichista dedicada a esta área, no entanto, não me acho conhecedor o suficiente para me debruçar sob a mesma dado haver terminologia que não domino e sendo que também é necessário um certo mindset para conseguir incorporar essa quase subcultura da dor.
Mas das palmadas posso falar. Dos apertos. Das chapadas. Dos sufocos controlados. Dos arranhões. Os mais hardcore podem chamar isso de vanilla sex e os restantes de coisa de gente doida. Depois há os do meio que se estão a cagar para os rótulos e só lhes interessa é foder com gosto e maximizando o prazer da melhor forma possível.
Mas há-de ter havido uma primeira palmada, certo? Há-de ter havido um Cristovão Colombo da foda que vos espetou um palmadão e depois o nabo, certo? E aí disseram “olha mas isto até é bem bom. Bate lá outra vez!”. E depois choveu vardascada na borda da menina. Eu não sei com que idade é que decidi espetar a minha primeira palmada no rabo de alguma, mas lembro-me de ver isso no porno e me questionar se ela não tinha feito os deveres ou roubado uvas da mercearia para estar a ser castigada daquela maneira. Aliás, tudo no porno ao ínicio parece esquisito e passado um tempo até nos pelamos para reproduzir nos lençóis. Mas aquela palmada e o efeito que provoca, aquele gemido abafado no meio do bufo de dor é único e precedido de um olhar por cima do ombro a dizer “sim… com mais força!”. Quando depois estás por cima e lhe apertas ligeiramente o pescoço na medida certa, no equilibrio perfeito entre “não estás a agarrar num vaso Ming” e “foda-se, que não consigo respirar”. É esse o equilibrio certo que consegues ler no olhar dela, quando o sufoco sôfrego de sexo sufocante se sente com mais intensidade. E depois levas uma chapada em cheio na cara para ver se te acalmas. E gostas. E quando dão por eles, as marcas já se tornaram vermelhas e o ritmo da foda aumenta juntamente com o da violência. Costas arranhadas. Nomes berrados ao ouvido. Dentadas. Marcas permanentes na alma deixadas através de marcas temporárias no corpo. Alma e corpo ali a foder naquele momento com a primeira a manifestar os seus desejos mais intímos e a castigar o último.
No final, se tudo correr bem, pingas de sangue ornamentam o lençol e contrastam com o suor húmido e langonha em forma de mancha com duas respirações aceleradas a fazer de banda sonora.
Ou então podemos foder de missionário todas as vezes a olhar nos olhos e a fazer festinhas porque não se bate em meninas. Pois não. Não se bate em meninas más. Bate-se nas boas até virarem más e nos dizerem “vem-te na minha cara, seu cabrão!”.
E eu nunca recuso o pedido de uma senhora.
Até domingo e boas fodas.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.