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09 Febrero, 2017 Há um lugar no mundo onde a ejaculação feminina é sagrada

No Ruanda, há rituais e técnicas ancestrais que a ensinam como tradição.

A ejaculação feminina é uma verdadeira instituição no Ruanda, onde há técnicas que ensinam homens a provocá-la e mulheres a deitar toda a sua luxúria cá para fora! E está tudo contado no documentário "A água sagrada" que fala das tradições sexuais do país africano.

Há um lugar no mundo onde a ejaculação feminina é sagrada

"A água sagrada" - "L’eau sacrée" no original em francês - é um documentário do realizador belga Olivier Jourdain que fala da tradição que a ejaculação feminina é no Ruanda.

Uma das ruandesas que intervém no documentário refere que, para as mulheres, é um verdadeiro orgulho e que, para os homens, é um grande prazer e honra.

"Se eles encontram essa água, é uma verdadeira honra. Sentes-te como uma mulher de verdade. É como se uma presa se rompesse."

Primeira ejaculação feminina veio de uma traição

Esta tal de ejaculação feminina, diz a lenda ruandesa, terá nascido, há cerca de mil anos, de uma rainha que pediu a um criado para a satisfazer na cama, por estar aborrecida e farta de esperar pelo marido que andava em guerras que nunca mais acabavam.

O criado começou a mexer-se desleixadamente, sem muito jeito para a coisa e nervoso, com medo de ser apanhado pelo rei virado marido cornudo. Assim, esfregou-se de forma inesperada e especialmente vibrante nas partes íntimas da rainha que verteu, deste modo, uma nascente infinda de "águas" pela sua real passarinha.

Assim, nasceu o método kunyaza que todos os homens ruandeses desejam imitar. E todas as mulheres ruandesas almejam poder espraiar-se num manancial sem fim de água, como a sua antiga rainha.

Como verdadeira instituição, as técnicas para conseguir a ejaculação feminina passam de geração em geração, como um ritual, em que se passa dos tambores, das danças mais ou menos sensuais, aos movimentos com a língua, com os dedos, com a palma da mão... O que for!

Os métodos para poder fazer a mulher gozar e ter o privilégio de aproveitar a sagrada ejaculação feminina são os mais variados possíveis. Um "educador" da técnica explica, no documentário, a jovens ansiosos por aprenderem como se faz a coisa.

"Tudo começa com os preliminares entre marido e mulher. Devem estar relaxados. Não é bom que se faça amor se ela estiver seca, ninguém goza. No princípio, ela pode ensinar-te."

Ritual de passagem

Para as ruandesas, o "ensinamento" da técnica é um ritual de passagem de menina a mulher. Chegado esse momento de passagem, elas deixam a aldeia e reúnem-se com outras mulheres no meio do bosque, onde aprendem o chamado gukuna, uma técnica de estiramento dos lábios vaginais.

Têm que treinar essa distensão durante vários meses, para apurarem o método.

Uma locutora de rádio que participa no documentário, de nome Dusabe Vestine, explica que "os estiramentos têm que ser feitos com cuidado" porque o treino intenso pode "provocar uma queimadura". Assim, recomenda as mulheres a usarem uma mistura de ervas caseira para que não haja tanta fricção.

Mas o processo também levanta preconceitos e algumas dúvidas entre as mais jovens - umas temem que a prática seja pecado, outras dizem que ajuda as mulheres a serem fiéis aos seus homens.

Certo é que é algo que provoca uma imensa pressão sobre as mulheres, particularmente sobre as que não conseguem dominar a técnica.

O processo não está relacionado com os orgasmos e será, basicamente, a expulsão de urina, porque as mulheres não ejaculam como os homens fazem. Podes explorar o assunto lendo "Ejaculação feminina: verdade ou mito?", onde abordamos as dúvidas em torno do assunto.

Há mulheres que não conseguem praticar a técnica durante o sexo, ou pelo menos, não são capazes de a dominar sempre, e então, recorrem muitas vezes, a mesinhas caseiras ou a "bruxos" para tentarem remediar o "problema".

"Mostrar as pessoas como seres humanos"

O realizador Olivier Jourdain falou do que pretendeu com o documentário, depois de este ter sido exibido no Festival Internacional de Cinema Documental de Miradasdoc de Tenerife, em Espanha.

"É uma abordagem humanística à realidade. Acredito na humanidade. Queria mostrar algo natural, as pessoas como seres humanos, como todos iguais. Como pessoas que podem decidir sobre as suas vidas.

É muito interessante ver as reacções. Há quem pense que é machista ou feminista. Creio que é como um espelho da vida real do espectador. Podes rir-te, discutir, ser mais aberto, tentar entender, sentir empatia. Gosto que o documentário deixe muitas perguntas abertas."

O projecto, que foi financiado com crowdfunding e com o apoio financeiro da televisão belga e de uma fundação, levou três anos a concluir porque demorou "muito tempo" a ganhar a "confiança" dos habitantes locais. Mas depois, eles falaram abertamente desta tradição sexual e um ruandês até deixou um desafio ao realizador.

"Diz aos brancos que procurem também aprender como se faz."

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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