27 Julio, 2023 O meu padrasto e eu
Uma grande solidão apoderou-se de mim naquele dia...
A minha mãe faleceu recentemente, vítima de doença súbita. Foi um choque inesperado, tanto mais que éramos muito unidas. Depois do meu divórcio, há cerca de 10 anos, regressei a casa e voltámos a partilhar um espaço juntas, desta vez com o seu segundo marido, Frederico...
Habituei-me a chamar-lhe “padrasto”, dado que o meu pai faleceu também muito novo. Sempre se mostrou muito protector para comigo e, com naturalidade, passei a olhar para ele como uma espécie de pai que nunca tive. Vivemos os três juntos uma vida calma e de grande harmonia.
A funesta ocasião, além da tristeza brutal que comportou, teve o efeito colateral de me despertar para a precaridade da minha situação: adoptada aos 6, órfã de pai aos 16, divorciada aos 26 e definitivamente órfã, de pai e mãe, aos 36 anos... Restando-me, portanto, como única família, este senhor que casara com a minha mãe adoptiva e que, uma vez mais, em termos de sangue, não me era nada...
Uma grande solidão apoderou-se de mim nesse momento.
Sobre esses “ciclos” de 10 anos, que parecem orquestrar a minha vida, nem me peçam para falar... Às vezes, pergunto-me se não serei vítima de alguma maldição, até porque as manifestações são sempre más notícias. Isto é, até agora…
Como se esperava, o funeral foi bastante concorrido, pois a minha mãe, professora de profissão, era uma pessoa muito alegre e popular. Imensos amigos, alunos e antigos alunos quiseram prestar-lhe a sua última homenagem.
Depois das cerimónias fúnebres e de uma pequena recepção para os amigos mais chegados, ficámos finalmente sós na casa. Era preciso arrumar tudo e só então, com as emoções desviadas para assuntos práticos, nos caiu a ficha e começámos a pensar no que seria a nossa vida.
A minha mãe era o elo comum entre nós (e a proprietária da casa, já agora), o que faríamos agora que ela nos tinha deixado? Fazia sentido continuarmos a viver juntos sem ela? E caso contrário, quem teria mais direito a viver lá: eu, como herdeira natural, ou ele, o amor da sua vida e com quem ela construíra o que hoje chamávamos “lar”?
Acho que o Frederico estava a pensar nisso tanto como eu, mas a tristeza dominava-nos e nem eu, nem ele dissemos nada. Até por respeito à memória da minha mãe. Eu sentia-me completamente vazia, sem a luz que sempre me guiou. E bastava olhar para o meu padrasto para ver que era um homem derrotado. Sabia que a amava muito e a morte dela apenas o confirmou.
Depois de arrumarmos tudo, acabámos sentados na cozinha, num silêncio profundo. Finalmente, eu anunciei que ia tomar um banho e deitar-me. Disse-lhe boa noite e ele acenou, sinalizando que me tinha ouvido, mas sem dizer nada.
Então, eu estava deveras preocupada com ele, pois o dia inteiro não o tinha ouvido pronunciar palavra. Apenas chorava, mas até isso fazia em silêncio, como se não quisesse incomodar os outros com o seu sofrimento.
No banho não consegui deixar de pensar nele, nem na questão que nos atormentava. Como iríamos viver agora? Fazia sentido continuarmos juntos, sem nenhum parentesco oficial entre nós? O que diriam as pessoas? Achariam natural por nos verem como filha e padrasto, ou condenariam que dois estranhos sem qualquer relação entre eles, um homem e uma mulher adultos, vivessem juntos…? E se nos separássemos, como seria a minha vida?
Um flash de imagens e hipóteses acelerou na minha mente, tendo esse homem como protagonista. Nesse instante, entendi o quanto dependia dele. O ponto de apoio que me sobrava. Percebi que, sem ele, não me restaria ninguém.
Frederico era um homem apaixonado, vigoroso, interessante, intenso... Tinha que ser especial, para atrair uma mulher como a minha mãe. Sempre sentira orgulho na atenção que me dispensava, pois muitas vezes não me sentia sequer qualificada para tal. E no entanto, sempre estivera lá para mim, com uma palavra calma, um conselho sábio ou um abraço paternal, cheiroso, atlético... Sempre dera o seu tempo para me fazer sentir especial.
Não sei porquê, no meio destes pensamentos, comecei a sentir-me inquieta, excitada e fui surpreendida por uma grande necessidade de me tocar por baixo.
Habitualmente, não sou uma mulher com uma líbido muito activa. Não sei se pelas sequelas que me ficaram do casamento, ou pelo trabalho que me consome imenso, não costumo pensar nisso. Mas diz-se que o luto pode ser afrodisíaco e no meu caso... acho que pode ter sido.
Comecei por acariciar os seios, depois deixei a mão escorregar por entre as pernas. Sentia a vagina muito quente, mais quente que a água do banho, e mais escorregadia do que molhada... De alguma forma, dei por mim a acariciar os sonhos e deixei-me levar até que, quase sem contar, acabei por chegar ao orgasmo.
Como não esperava que pudesse acontecer tão abruptamente, deixei escapar um gritinho e, por reflexo, olhei para a porta para ver se alguém me podia ter ouvido. Claro que ao fazê-lo não contava ver realmente ninguém, sabia que tinha fechado a porta, como fazíamos sempre em casa por uma questão de privacidade.
Mas, para minha grande surpresa, lá estava ele: o meu padrasto a espiar-me no banho!
Tapei imediatamente as partes delicadas, aflita, mas sem deixar de olhar para ele. O mesmo ar de tristeza dominava-o, mas continuava parado à porta, observando-me nua na banheira, e nem ao sentir-se “apanhado” recuou.
Não fazia ideia há quanto tempo estava ali, nem imaginava o quanto tinha visto...
Inicialmente, senti-me muito incomodada, até atordoada... O olhar dele fazia-me sentir mais nua do que estava, como se tal fosse possível. Depois sobreveio um misto de emoções, mas, principalmente, tinha dificuldades em acreditar que o acontecimento pudesse ser real. Nada o fazia esperar, nada condizia com o que conhecia daquele homem.
Lembro-me de fechar os olhos com muita força, desejando ardentemente que aquele momento nunca tivesse acontecido e, quando voltei a abri-los, para meu grande alívio, o meu padrasto já lá não estava. Saí logo do banho, enrolei uma toalha e fui a correr para o quarto. Ainda hoje me pergunto porque não fechei a porta...
Quando saí da casa de banho sentia-me amedrontada, exposta... Mas, confesso-o agora, excitada ao mesmo tempo. Há muito tempo que um homem não olhava para mim. Há muito tempo que não me sentia admirada, apelativa para alguém.
É curioso como somos capazes de matar partes de nós, compartimentalizando as coisas que nos afectam, de forma a podermos continuar a viver. O meu casamento não durara muito, apenas 3 anos, mas foram anos de muita infelicidade.
Depois disso, não quis saber mais dos homens, mergulhei na carreira e consegui atingir um estado de relativa paz que, por vezes, até se confundia com felicidade. Talvez por tudo isso, agora não conseguisse esquecer os olhos do meu padrasto a observar o meu corpo despido. Talvez por isso me tenha “esquecido” de fechar a porta...
Sozinha no meu quarto, desenrolei a toalha e pus-me à frente do espelho. Para princípio de conversa, precisava de uma depilação urgente, isso era certo. Lá em baixo os pêlos já começavam a trepar pelas virilhas e pelo umbigo...
Mas observar a minha própria nudez fez-me sentir, de repente, cheia de volúpia.
Deixei-me cair na cama, abri as pernas e comecei a masturbar-me sofregamente, sem me preocupar em ocultar os decibéis do meu prazer. Acariciei o clitóris, esfreguei e belisquei os bicos dos seios, meti os dedos na vagina e, não sei porquê, porque jamais o tinha feito na vida, enfiei um dedo no ânus.
Levei depois os dedos ao nariz e o cheiro da minha essência desvairou-me... Quase de imediato entrei em convulsões e gemi o mais alto que pude, celebrando o segundo orgasmo da noite, desta vez com um destinatário declarado: nesse momento, desejava, com todo o ardor, que o meu padrasto estivesse do outro lado da porta!
Queria que ele tivesse ouvido tudo. O meu prazer, os meus gemidos, os uivos lancinantes do meu orgasmo...
Imaginei como seria a forma do seu pénis erecto, teso por me ver… Imaginei-o a bolsar o seu leite branco... Sabia que tudo o que imaginava era errado e, no entanto, isso apenas aumentava a minha excitação.
Mas ele não deu sinal...
Ele não estava lá ou, se estava, não entrou. Fosse como fosse, entendi que aquilo que experienciara não passara duma fantasia. Tive mesmo dúvidas de que ele tivesse estado, de facto, a ver-me no banho…
Um pouco desiludida, mas aquecida pelos dois orgasmos, adormeci placidamente, sem pensar em funerais.
Não sei quanto tempo passou até acordar com um raio de luz a ferir-me os olhos. Mal despertei, recordei imediatamente o desejo que me assaltara momentos antes. Sem conseguir ver nada, perguntei:
– Frederico?
Em resposta ouvi apenas silêncio.
– Frederico, é você…?
Apenas silêncio, mas desta vez seguido de um jorro de luz, a luz da lâmpada que vinha do corredor e me encandeava na escuridão do quarto...
Então vi o seu recorte negro, alto, másculo, em contra luz, parado na ombreira da porta, e ouvi a sua respiração hesitante.
– Frederico...
O meu padrasto aproximou-se e eu sentei-me na cama, nua como me tinha deitado. Talvez por pensar que ele não me podia ver me sentisse mais tranquila e desinibida... Ou isso ou estava simplesmente cheia de tesão.
Ele parou à minha frente. Naquela posição, a cintura dele ficava à altura dos meus olhos. Apesar do breu do quarto, as minhas mãos acharam com facilidade os botões da sua braguilha. Abri-os um a um e baixei-lhe as calças.
Só depois acendi o candeeiro da minha banquinha de cabeceira. Tive que o fazer, o desejo era mais forte que o pudor... Queria vê-lo, precisava contemplá-lo e, talvez mais do que tudo, precisava que ele me visse. Queria ver os seus olhos a observar o meu corpo nu, como há minutos atrás. Queria voltar a sentir a mesma excitação... Queria voltar a sentir-me especial!
E então vi-o, em carne e osso. Ainda vestia a camisa que levou ao funeral. Queria ver o seu tronco nu, que já tinha visto tantas vezes, mas... Mais urgente, queria ver o que nunca tinha visto.
Baixei-lhe os boxers e, imediatamente, saltou lá de dentro uma pila de proporções consideráveis...
Lembro-me de pensar como a minha mãe, uma mulher delgada de baixa estatura, conseguira receber aquele membro dentro de si. Por duas ou três vezes os tinha ouvido na cama e os suspiros da minha mãe não davam azo a enganos: fosse o que fosse que ele lhe fazia, ela adorava cada segundo. Pensava nisso então, desejando que ele me fizesse gozar assim, com aquela coisa enorme, como se esse acto proibido e gigantesco a homenageasse, a mulher que ambos amávamos acima de todos.
Um dos problemas do meu casamento fora a minha inibição sexual. Fui sempre muito tímida e exageradamente púdica e recusava muitas coisas que o meu marido me propunha. Uma delas era o sexo oral... Não gostava de o fazer, nem permitia que ele mo fizesse.
E no entanto, nesse momento, nem pensei duas vezes... Ao ver o pénis erecto e palpitante de Frederico à minha frente, pu-lo na boca e comecei a mamar com sofreguidão, como se desejasse engoli-lo.
Não sei se com muito ou pouco jeito, mas o meu padrasto pareceu gostar. Ouvi a sua respiração acelerar e a sua mão acariciou-me a nuca, como que ensinando-me os movimentos que queria que eu fizesse.
Adorei sentir todo o seu volume a preencher-me a boca, adorei sorver todos os líquidos que ia derramando, mas sobretudo adorei o cheiro que exalava, algo entre o doce e o salgado, orgânico e sujo, pecaminoso…
Enquanto lhe dava o prazer da minha sucção, sentia os líquidos quentes a escorrerem-me da vagina. Levei os dedos até lá e surpreendi-me, pois era como tocar uma esponja quente. E novamente meti o dedo no cu. Era ainda melhor assim…
Foi ele que achou que já era suficiente e puxou o membro para fora da minha boca, posto o que se dobrou ligeiramente para beijar-me o pescoço e lamber-me os seios, um de cada vez. Senti cócegas e parecia que a minha racha ia explodir… Então ele fez-me deitar na cama e posicionou-se sobre mim.
Senti o seu corpo pesado, pois era um homem grande, e só soube o que ele queria fazer quando senti a grande bola de carne da sua glande posicionada entre os meus lábios inferiores. Apenas um pequeno encosto, que me fez pensar que a introdução ia ser difícil. Era demasiado grande, talvez não coubesse... Mas ele fez uma ligeira pressão e imediatamente essa bola transpôs a primeira embocadura, fazendo-me imediatamente suspirar de prazer...
Depois, com muita gentileza, enterrou-se dentro de mim.
Senti cada centímetro do seu pénis penetrar-me e escorria cada vez mais. Ao invés de dor ou dificuldade, o que senti foi um imediato afrontamento de calor e delícia suprema. Logo ele estava completamente dentro de mim, a meter e a tirar delicadamente, arrancando-me gemidos de gozo delirante...
Enquanto me penetrava, acariciava-me o corpo todo com as suas mãos grandes e duras. Finalmente, colocou ambas as mãos em concha debaixo do meu rabo, uma em cada nádega, e começou a espetar com força, agarrando-me de encontro ao seu ritmo, controlando em absoluto cada movimento da nossa união, arrancando-me gritos que eu desconhecia ser capaz de produzir... Apesar de o acto incidir todo ele na vagina, pressentia o ânus escancarado, como se estivesse a rasgar...
Nunca me tinha sentido assim. Nunca um homem me fizera sentir assim...
Durante todo o tempo, mesmo na parte final em que intensificou ainda mais a velocidade e intensidade das suas estocadas dentro de mim, e o seu dardo ainda me parecia maior que ao início, nunca abandonou a sua postura gentil e carinhosa. Não era apenas sexo, eram várias dimensões carnais e mentais a ligar-nos.
Só no prelúdio do seu orgasmo pareceu hesitar um pouco, como se perguntasse o que fazer, vir-se dentro ou tirar...
Não obstante a minha inexperiência, consegui discernir o seu dilema e sosseguei-o:
– Venha dentro de mim. Quero senti-lo...
Apesar de praticamente não pensar nisso, nunca deixei de tomar a pílula, de forma que não corríamos maiores riscos. E então ele veio-se, abundantemente, gemendo com inequívoco prazer, como um coração selvagem, e eu senti os seus jactos quentes disparados nas paredes do útero...
Ao terminar, o meu padrasto deixou o seu corpo cair sobre o meu, sem o tirar de dentro. Todo ele permaneceu inerte, à excepção de uma mão, com a qual me acariciava os cabelos debaixo da nuca.
Então, debaixo dele, movi as ancas e, aproveitando o remanescente da sua erecção, consegui chegar também ao orgasmo. Foi como se o meu corpo derretesse todo e saísse como uma papa pela minha fenda alagada...
No limite do prazer, abracei-o com muita força e foi como se acordasse de um pesadelo e voltasse a sentir como era bom o gozo sexual com um homem, o seu peso maciço, o cheiro do seu suor inebriando-me, as minhas entranhas sedentas e escancaradas ao conter o seu mastro longo e grosso, em perfeita harmonia e unidade.
Hoje, quando recordo os eventos dessa noite, compreendo que não estava em mim. Foi certamente o choque da morte prematura da minha mãe que me deixou vulnerável e sensível. O mesmo, com certeza, lhe terá acontecido a ele. No entanto, não me arrependo de nada.
Falámos no dia seguinte, de forma muito descontraída e bela, e acordámos continuar a viver juntos. Que maneira melhor podia haver de homenagear a minha mãe e a sua mulher, para ambos o maior amor das nossas vidas?
Para todos os que nos conhecem, somos filha e padrasto, unidos pelas trágicas circunstâncias e por um amor genuíno e familiar… Mas dentro das nossas quatro paredes, no nosso lar, somos os melhores amigos e os melhores amantes. Até rapei a cona, porque ele gosta mais.
Enfrentamos juntos as dificuldades dos dias e celebramos o amor no confim das noites, onde os lençóis se enchem de suores e sumos e aprendemos a redescobrir os prazeres da vida. Até a forma de lidar com a morte...
E vistas assim as coisas, quem pode dizer que estamos errados?
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com