13 Abril, 2023 Dom Afonso Henriques e a mulher do amigo
Poema baseado numa história verídica, adaptado com certas e determinadas liberdades...
Preâmbulo
Reza a História que, um dia, Dom Afonso Henriques foi ao Douro visitar o bom amigo conde Dom Gonçalo de Sousa. Depois dos cumprimentos, o anfitrião deixou o rei na sala a conversar com a sua mulher enquanto foi à cozinha dar instruções aos criados. Quando voltou, deparou com o rei a fazer amor com a condessa sobre um tapete de pele de urso.
O conde veio com cara de poucos amigos mas limitou-se a dizer:
“Levantai-vos que a comida já está pronta”.
Mal D. Afonso Henriques se foi embora, a ira do conde abateu-se sobre a mulher: mandou tosquiar-lhe o cabelo e devolveu-a a casa dos pais montada numa mula, voltada para a garupa.
É deste conto que trata o seguinte relato...
O Rei Dom Afonso Henriques
Soberano de paixões e apetites
Largou do paço rumo ao Douro
Aconselhado a acalmar as celulites
Lá foi encontrar um patrício
De sua graça Dom Gonçalo de Sousa
Que todos conheciam por estrupício
Por seu fastio não ser pouca cousa
O tédio compensava-o com requintes
Pagou por bon vivant o Conde Sousa
Não só serviu ao Rei bons acepipes
Caiu no erro de lhe apresentar a esposa
Ao experimentar os olhos na Condessa
Não teve o Rei senão nobres intenções
Até a dama pôr as mamas sobre a mesa
E deixá-lo de pau feito nos calções
Dom Afonso aí não hesitou
Manda o Conde ir tratar com os criados
E quando o anfitrião regressou
Já o Rei a tinha entalado
Estava ela então mais que pingada
E nunca o régio pau fôra de modas
Abriu-lhe bem as pernas flambejadas
E ali mesmo lhe espetou uma grande foda
O bom Sousa nem assim se descoseu
Avisou alto que a ceia estava pronta
O Rei vestiu-se, comeu e bebeu
E nenhum mais se referiu àquela afronta
Anos depois Dom Afonso confessou
Pela dama nem sentir inclinações
Mas que ela mesma o abocanhou
Inclinando-lhe os monárquicos colhões
Deixou também para os almanaques
Que não passara de acidente de percurso
Que ela se tivesse vindo aos traques
Quando a fodeu no tapete de urso
Ao conto se atribuem devaneios
Porventura frutos históricos sem rigor
Em todo o caso, que explicam sem rodeios
Lhe chamassem El Rei O Conquistador
Da fortuna de Gonçalo se olvidou
Diz-se que nunca recuperou das chagas
Mas certas noites era visto todo nu
No redil a perseguir as cabras
Ruinosa foi a sorte da condessa
Deserdada e encomendada para a loucura
Desprezível, foi devolvida à procedência
Tosquiada e montada numa burra
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com