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01 February, 2017 Literatura erótica ou o prazer das palavras

Ler dá prazer. E ler sobre prazer também.

Podemos concordar que somos um povo literariamente adepto da fodanga. Reparem no nosso maior génio zarolho e de como ele descreveu uma orgia numa ilha. Atentem na relação proibida entre Carlos da Maia e Maria Eduarda e de como ela lhe deve ter mamado no malho em pleno Ramalhete. Florbela Espanca? Todos sabemos que era ninfomaníaca e aviava gajos e gajas a torto e a direito. Meus senhores, o nosso povo fode com as palavras e há até quem as foda todas quando escreve ao ponto de inventar algo parecido com a língua portuguesa.

Literatura erótica ou o prazer das palavras

Literatura erótica sempre existiu e remonta à pré-história: aqueles paneleiros de Foz Côa andam a esconder pinturas de piças ancestrais em bocas neandartais. De facto, a literatura erótica continua a ser um sucesso e não existem cinquenta sombras de dúvidas sobre isso. Dat tesão através da palavra escrito não é para qualquer um, mas é bem possível. Seja um conto erótico ou uma narrativa extensa de paixão com chavascal pelo meio, as palavras certas, na sequência ideal, é tesão garantida. Não vale a pena enumerar os clássicos da leitura erudita de punheta. Vão pesquisar e garanto que acharão algo ao vosso gosto. E não é coisa de gaja, caralho. Aliás, mesmo que seja, a literatura erótica é um óptimo guia de como dar prazer a uma mulher sem lhe meter nada onde quer que seja.

Todos nós temos um Bocagezinho dentro de nós em cada sessão de sexting que fazemos. Uma EL James que nos possui em chats picantes nocturnos. Não é fácil estimular o outro através do poder da sugestão da palavra, quanto mais se ele for melhor que nós:

Ela: “estou com ela molhada… a pedir… que a lambas…. como é que o tens?”
Ele: “opá lol tou ku karalhau todu teso, ó porca."

Estão a ver o que se passou aqui? Isto chama-se “impotência literária” e o único Viagra possível é um dicionário, apesar de não haver sinónimos que nos safem de uma situação destas. Por isso, a literatura erótica é também um excelente guia para quem queira fazer um upgrade ao seu “sex talk” digital. Mas cuidado, seus Casanovas da piça!

- “Jessica, o meu mastro pulsa a cada pensamento de toque no teu seio. A cada pensamento odorífero que emanas do centro do prazer feminino, onde eu me aventuro em fantasias nocturnas e a cada vez que..”
- “O que é que estás para aí dizer, caralho? Só quero que me comas como deve ser!”

Nem muito ao mar nem muito à terra, meus amigos. As palavras a usar devem se adequar à pessoa que as ouve da mesma forma que existem vários tipos de literatura erótica diferentes para cada tipo de leitor. Da dona de casa mal fodida à libertina de sábado à noite, haverá sempre a expressão certa na altura adequada a usar, aquela que a faz torcer o nariz em desaprovação ou a fará torcer os dedos dos pés com o prazer de uma “explosão” motivada por um dedo escorregadio para zona a sul. Goste-se ou não, as "50 Sombras de Grey" fizeram pela literatura erótica o que o "Garganta Funda" fez pelo porno. Passou a ser cool ler sobre fodanga no metro, no comboio ou no sofá a seguir ao jantar. Eu, pessoalmente, não gosto. O gajo perde muito tempo em joguinhos e brincadeiras de quem tem demasiado dinheiro para o seu próprio bem. Queria ver se ela ficava tão excitada se ele a tivesse levado para uma pensão na Baixa por 20€ à hora. É o ficavas! 9 em 10 gajas que andam com esse livro debaixo do braço não levam no cu. Aposto. E se te sentes ofendida, desafio-te a provares que estou errado.

Palavras que dão tesão? Sim. Está tudo na cabecinha e cabe-te a ti aprender a usá-la tão bem como usas a de baixo.

No final de contas, é só sexo. Até podem nem dizer nada e foderem na mesma, certo?

Boas fodas e até domingo.

Noé

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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