19 April, 2025 Compreender e superar ressentimentos
O caminho para o perdão e a liberdade emocional.
O ressentimento tem, frequentemente, origem em sentimentos de raiva não resolvidos. Quando não somos capazes de processar ou expressar a nossa raiva de forma adequada, esta transforma-se em ressentimento. Tentar justificar ou reprimir a raiva equivale, na prática, a negá-la.

A raiva é um sinal emocional de que algo está errado e precisa de atenção. O ressentimento cresce, assim, no silêncio onde a raiva não foi reconhecida.
Entre os fatores que contribuem para o ressentimento destacam-se:
- Fingir que está tudo bem quando não está.
- Evitar conflitos e, posteriormente, sofrer emocionalmente.
- Esperar que os outros compreendam necessidades e sentimentos não expressos.
- Reprimir a dor, que pode evoluir para desejos de vingança.
Se não for confrontado, o ressentimento solidifica-se ao longo do tempo – tal como o cimento. Eventualmente, distorce a nossa perceção, levando-nos a ver os outros como inimigos, mesmo quando estes podem não ter consciência do que sentimos.
Como se desenvolve o ressentimento?
O ressentimento alimenta-se dos seguintes fatores:
- O que os outros nos fizeram (por exemplo, roubar, mentir).
- O que não fizeram (por exemplo, não pediram desculpa, não ofereceram apoio).
- O que acreditamos que deveriam ter feito (por exemplo, agir de forma diferente).
Este ciclo de expectativas não cumpridas e injustiças percebidas pode aprisionar-nos em padrões obsessivos de pensamento.
Repetimos os acontecimentos passados na mente, fixamo-nos na pessoa que nos magoou, e sofremos emocional e fisicamente — com sintomas como dores de cabeça, ansiedade ou irritabilidade.
O impacto do ressentimento
O ressentimento não resolvido impede o crescimento emocional e espiritual. Entre os seus efeitos mais comuns estão:
- Fixação emocional na pessoa ou situação que causou dor.
- Frustração contínua e sentimentos de autocomiseração.
- Sintomas psicossomáticos (dores físicas associadas a emoções).
- Relações interpessoais prejudicadas.
- Tendência para desumanizar ou demonizar os outros.
O perdão: Uma jornada pessoal
Perdoar não é imediato nem fácil. Não significa esquecer, justificar comportamentos abusivos ou reconciliar-se com quem nos magoou.
Perdoar é uma escolha consciente de libertar-se do poder emocional que o outro exerce sobre nós. É recuperar a paz interior, sem fingir que a dor nunca existiu.
Perguntas para reflexão
- Estamos a tirar algum tipo de conforto do ressentimento?
- Usamos o ressentimento para evitar olhar para dentro?
- O ressentimento está a justificar comportamentos negativos nossos?
Perdoar exige honestidade consigo próprio e paciência. É um processo gradual que começa no momento em que desejamos, verdadeiramente, libertar-nos da dor.
O custo do ressentimento
Os ressentimentos privam-nos de:
- Liberdade emocional.
- Capacidade de estar no presente.
- Oportunidades de cura.
- Respeito próprio e clareza mental.
Exercício
- Escreva três formas como o ressentimento está a afetar negativamente a sua vida.
- Reflita sobre o que ganha ao manter-se preso à raiva.
- Decida se deseja seguir em frente ou permanecer no passado.
O perdão como processo contínuo
Perdoar leva tempo e esforço. Mesmo após perdoar, feridas antigas podem voltar a surgir.
O perdão é uma prática contínua que exige intenção e dedicação.
Passos para iniciar o perdão
- Escolher perdoar, mesmo que as emoções ainda não estejam alinhadas.
- Praticar atos de bondade em relação à pessoa em questão (quando for seguro e apropriado).
- Usar visualizações positivas: imaginar a pessoa num ambiente tranquilo e oferecer perdão mentalmente.
- Refletir sobre as qualidades positivas da pessoa.
- Aceitar que perdoar nem sempre implica reconciliação.
O perdão a si mesmo
Perdoar-se a si próprio é essencial, mas, muitas vezes, mais difícil. A culpa diz-nos que fizemos algo errado; a vergonha diz-nos que somos errados.
Para alcançar o perdão pessoal siga estes passos:
- Reconheça os comportamentos específicos que magoaram os outros.
- Aceite que todos cometem erros, incluindo você.
- Abandone a necessidade de justificar ações negativas.
- Reconecte-se com os seus valores e princípios.
Exercícios
- Escreva três coisas específicas que precisa de perdoar em si próprio.
- Liste três pensamentos negativos que tem sobre si.
- Substitua-os por três qualidades positivas que reconhece em si.
- Planeie três gestos de cuidado consigo mesmo esta semana.
Dez sugestões para facilitar o perdão
- Faça uma lista de pessoas que está pronto(a) para perdoar e as razões para tal.
- Identifique de que forma o ressentimento o(a) está a magoar.
- Escreva os pensamentos hostis que tem em relação a cada pessoa.
- Registe ações negativas que teve contra elas.
- Comprometa-se a abandonar esses pensamentos e comportamentos (comece por duas pessoas).
- Liste qualidades positivas que vê nessas pessoas.
- Ore ou envie intenções positivas por elas.
- Identifique três atitudes concretas que pode adotar (ex: sentar-se próximo dessa pessoa numa reunião).
- Lembre-se:
a. Seja paciente consigo.
b. Não espere retorno ou perdão da outra pessoa.
c. Perdoar não é esquecer.
d. Perdoar é um presente para si próprio, não para o outro. - Peça ajuda a pessoas que compreendem o valor do perdão.
Prevenir novos ressentimentos
As pessoas vão inevitavelmente fazer coisas que nos incomodam. No entanto, podemos aprender a prevenir o desenvolvimento de ressentimentos.
Sugestões práticas:
- Fale abertamente sobre o que o incomoda, sem exagerar ou dramatizar.
- Mantenha-se ativo(a); a inatividade favorece o ressentimento.
- Evite comportamentos de vitimização.
- Permaneça no presente — não reviva feridas antigas sem necessidade.
- Confronte comportamentos, não a pessoa como um todo.
- Procure ajuda antes que a raiva se transforme em ressentimento ou ódio.
- Cultive a sua serenidade interior — não dependa dos outros para se sentir em paz.
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- Já conhece o seu cérebro e as suas funções?
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