03 März, 2022 O patrão e a empregada - Parte XI
O romper da bela Aurora…
Sim, estava a pensar na sua nova fantasia, no seu novo “projecto”. Mas tinha receio que eu não gostasse. Que a achasse louca ou tarada. Ou pior, que eu pensasse que ela não me amava. Porque o que ela tinha imaginado ia ser… Hesitou na palavra por uns momentos até, finalmente, se decidir por: “radical”!
Quando Aurora me acordava com a língua no cu, eu sabia que ela queria qualquer coisa. O cheiro de um rabo matinal não constava do menu das suas preferências (como constava do meu), de maneiras que se consentia em fazê-lo, era apenas por ter em mente uma recompensa. Era assim que o seu cérebro-sexual, como eu lhe chamava, funcionava na maioria dos casos.
Neste caso específico, o que Aurora queria era continuar a conversa da noite anterior, que apesar de abundantemente exploratória, não tinha ficado concretizada.
Não porque tivesse, no final, encontrado a minha resistência. Não digo que foi uma decisão fácil, mas Aurora tinha uma forma particular de me convencer a fazer coisas que eu não queria – ou que pensava não querer. Mas porque a prática do evento seria bastante mais complicada de produzir do que a teoria podia fazer crer.
Mesmo Aurora concordou que nenhum de nós estava equipado para responder à logística que uma coisa destas requeria. Nem eu nem ela alguma vez tínhamos estado num “bacanal”, ou mais concretamente, porque não são exactamente a mesma coisa, um “gangbang”…
Pois era esse o pedido radical que Aurora me fazia. Já tinha comido dois homens, por várias vezes e com diversos exemplares, e recentemente, no meu aniversário, degustara simultaneamente um homem e uma mulher (Aurora nunca dizia que era “comida”, era sempre ela a que “comia”).
Agora, simplesmente, desejava aumentar os números da equação.
Eu compreendia, não compreendia? Se a amava tanto como dizia, então tinha que compreender.
Era assim que ela dirigia a conversação, como uma diplomata brilhante que nunca deixava uma razão que pudéssemos usar para a contrariar.
Não tinha um valor estipulado em termos de caralhos e conas pululantes, apenas a imagem de “um grupo” de pessoas, homens e mulheres bem parecidos (fazia questão) a entrar na casa sem que nenhum de nós o esperasse e desatassem, imediatamente e sem contemplações, a fodê-la.
Teriam autorização para fazê-lo, pois ela própria assinaria um documento atestando que os actos praticados derivavam da sua vontade.
Isso, claro, enquanto eu via tudo…
Aurora não abdicava desse ponto. Eu tinha que ver! Depois das experiências bipolares que vínhamos ensaiando, ela descobriu que lhe dava tanto prazer foder, como ver-me a vê-la foder…
Este voyeurismo desconstruído – e reconstruído a partir dos seus olhos lúbricos – tirava-a do sério, dizia. Era como se os orgasmos que atingia rebentassem nela com o dobro da intensidade!
Não podia argumentar contra isto.
Portanto, “tudo” o que precisávamos para o próximo projecto de Aurora, para o qual ela solicitava a minha aprovação, era arranjar um grupo de elementos, não uns tarados quaisquer mas cidadão bem parecidos, disponíveis para um acto de perversão incomum para a maioria das pessoas, coordená-las para que a situação fosse minimamente credível (e não descambasse), e ficar à espera, indeterminadamente, para que quando finalmente acontecesse, pudéssemos sentir-nos realmente surpreendidos!
A surpresa era capital, garantia Aurora. Ela não queria fazer sala a um bando de desconhecidos e depois enrolar-se com eles. Queria sentir a paixão assaltada, arrombada, de forma crua e anónima. Só assim se aproximaria do expoente de libertação que almejava.
Mais uma vez, diante do calibre desta argumentação, não tive nada a acrescentar. No entanto, insisti com Aurora no ponto em que o plano parecia mais frágil: o que era, indubitavelmente, excitante no papel, seria bastante difícil de realizar! A especificidade das variáveis fazia antever um desfecho bastante improvável...
E a noite tinha ficado assim, sem uma conclusão que bastasse para sossegar a minha amada.
Agora acordava-me com a língua quente e molhada, vibrando movimentos circulares na orla do meu ânus, o que só interrompia para me penetrar com a ponta da língua, que não ia muito fundo mas o suficiente para me excitar.
Enquanto isso, massajava-me carinhosamente a picha e acariciava-me os tomates.
Virei-me repentinamente e pensei que se ia ter que levar com um discurso já de manhã, pois ela ia começar a falar do assunto mal achasse uma aberta, então ia precisar de um substituto para o café.
Aurora estava a olhar para mim com uns olhos de bicho, sinal de que as manobras anais da sua língua de cobra lhe estavam a dar tesão também a ela. Acariciei-lhe a face um bocado, depois segurei-a pela nuca e encaminhei-a para o meu narço, duro e já com a cabeça a escorrer, e fi-la abocanhá-lo até ao fundo da garganta.
Adorava tudo em Aurora e esta era uma das razões… Mesmo impaciente para me acordar e voltar a discutir o seu projecto, entregou-se ao broche matinal como se fosse o último das nossas vidas!
A sua língua era como um caracol passeando por veludo. Podia mamar-me às meias-horas, sabendo sempre parar no momento preciso em que eu sentia o orgasmo nascer. Então parava, não deixava, e levava as coisas tão ao limite que quase sempre tinha que lhe segurar a cabeça para não a deixar fugir de novo, e assim conseguir, finalmente, alagar-lhe a boquinha com o meu leite já bem gordo…
Fazia-me sempre gritar, e foi o que voltei a fazer quando, depois de me acordar com a língua, lhe esporrei a boca toda.
E afinal, era tudo ao contrário do que pensei. Como sempre, Aurora surpreendia-me!
Começava sinceramente a pensar, nas horas vagas, como podiam as outras pessoas viver as suas vidas normais, sem surpresas, sem uma Aurora para lhes abanar o dia e dar sentido à vida… Com Aurora não havia momentos aborrecidos. Era como habitar o cano duma espingarda que disparasse balas de adrenalina, que explodiam no coração e o faziam pulsar mais rápido do que se supunha ser possível…
Agora Aurora já não queria um gangbang. Já não queria mais ninguém. Apenas a mim.
Como de costume, demorei a entender os motivos da sua repentina mudança de ideias. Como de costume, ela teve que me explicar.
Amava-me agora mais do que nunca. Porquê? Porque não lhe dissera que não!
Não a julgara louca ou tarada. Não a julgara, simplesmente. Tinha aceitado a possibilidade de ficar como espectador enquanto ela se deixava possuir por vários homens e mulheres, perfeitos desconhecidos, na minha própria casa, no santuário sexual de ambos.
Que os observasse a abrirem-na toda, a posicionarem-se para que o maior número deles se acomodasse dentro dela ao mesmo tempo. Que aceitasse ver, sem julgamentos, que a rompessem assim à minha frente, despossando-me do que era meu por direito, porque ela dissera ser minha…
O romper da bela Aurora…, pensei, imaginando-a a ser fodida em todos os buracos por um bando de gajos corpulentos e com pichas astronómicas, saídos directamente duma prancha do Tom of Finland. Por momentos, senti as entranhas colapsar.
Mas tudo terminara em mais um surpreendente volte-face. Agora ela só queria acordar e lamber-me o cu. Engolir-me o caralho durante meia-hora, até me fazer gritar. Abrir a cona e dar-ma a beber, até jorrar. Eu era sua fonte de prazer, ela o meu chuveiro do amor.
Ouvi-la falar assim deixou o meu coração a bater como a bomba de um carro de bombeiros à vista duma cidade a arder. Senti uma necessidade urgente de a agarrar. Levantei-a do chão e pu-la em cima da mesa, erguendo-lhe as duas pernas como se fossem coxinhas de frango. O pau, teso como um tronco, ficava apontado para a cona semi-aberta. Mas quando ela pensava que lho ia meter por ali, enfiei-lho vorazmente no cu.
Enrabei-a assim, vigorosamente, enquanto as lágrimas me escorriam pelos olhos.
Na posição em que estava, com ela toda escancarada para mim, podia observar em primeira mão como o meu caralho, grosso como um rolo da massa, penetrava aquele buraquinho mínimo, que fazia qualquer um menos cavalheiro pensar que por ali só conseguiria cagar esparguete.
Quando entrava todo parecia que a barriga dela levantava, como se um nado vivo navegasse pelas suas entranhas. As bordas do cu arregaçavam-se tanto que emanavam tons vermelho-vivo.
Era espantoso como não estava aos berros de dor. E no entanto, adorava sentir a minha grossura a alargar-lhe a tripa. Nenhuma outra modalidade sexual a inspirava tanto. Os melhores orgasmos de Aurora eram sempre os do cu.
Quando senti que vinha a enxurrada, tirei-me dela e ia começar a vir-me. Mas Aurora estava tão excitada que ainda se veio primeiro que eu. Não se veio apenas no interior, o seu corpo estremeceu todo e começou a ejacular vibrantes mangueiradas de líquido translúcido.
Fiquei tão maravilhado com os seus dotes de repuxo que até interrompi o orgasmo. Mas logo a seguir esporrei-me abundantemente para cima dela.
Num impulso certamente provocado pelo delírio, ainda tive a ideia luminosa de reservar uma réstia dos meus fluídos para temperar os ovos mexidos do pequeno-almoço, cujo prato se encontrava ali mesmo ao lado. Ficaram a marinar com a minha boa nata orgânica sem lactose…
Acabou por ser giro, porque depois pedi a Aurora que os comesse. Ao princípio fez um ar de repulsa, mas depois viu que gostava. Ainda há dias lhe dera a provar, pela primeira vez, uns ovos escalfados. Agora apresentava-lhe uns ovos esporrados!
Apreciou tanto o acepipe que chegou a pedir-me uma dose extra da proteína, mas então eu estava para lá de seco. Ainda não me tinha levantado há uma hora e já me tinha vindo duas vezes… Com Aurora, isso era apenas mais um dia no escritório.
Depois desse dia nunca mais o tema gangbang voltou a entrar numa conversa. Confesso que pensava nisso, talvez até mais do que gostaria de admitir. Mas a minha amante parecia ter esquecido por completo. Talvez, como a ideia tinha partido dela e foi ela própria que a dispensou, lhe fosse mais fácil deixá-la para trás. Em mim ficaram sementes estranhas e deslocadas, que não sabia exactamente onde colocar. Foram precisas várias semanas para também eu esquecer tudo.
Daí que, na manhã que vos relatarei no próximo capítulo desta história, nada me tivesse preparado para o que vi quando entrei na cozinha: Aurora, ainda de roupão, com o soutien descaído na barriga e as cuecas enfiadas numa só perna, esmagada entre dois homens, um que a fodia e outro que a sodomizava, enquanto vários outros, homens e mulheres, nus, eles de pau feito e todos indiscriminadamente esfregando os respectivos sexos, aguardavam a sua vez.
Nem sabia se estava acordado ou a dormir. A única coisa que consegui pensar foi que precisava urgentemente de um café…
O patrão e a empregada - Parte XII
O patrão e a empregada - Parte I
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com