25 November, 2021 O patrão e a empregada - Parte I
Uma paixão que desperta...
Depois de um casamento de 30 anos, não se esperam grandes surpresas na vida conjugal. No entanto, para mim significou um segundo início da minha afirmação sexual. Falo concretamente da relação que, após o divórcio com a minha mulher, iniciei com Aurora, a minha empregada doméstica.
O comediante Jerry Seinfeld explicou numa piada o fetiche masculino pelas camareiras de hotel: é uma mulher no nosso quarto! O nosso caso foi parecido. O facto de ser uma empregada interna, com alojamento no local de trabalho, e de eu trabalhar preferencialmente em casa, fazia com que convivêssemos muitas horas debaixo do mesmo tecto.
Acho que podemos dizer que não foi procurado nem premeditado por nenhum dos dois, aconteceu porque o contexto falou mais alto: pela minha parte, saíra há pouco de um casamento em ruínas e vivia a ansiedade e o vazio de não saber que rumo iria dar agora à minha vida; pela parte dela, longe da sua terra de nascimento, a solidão da grande cidade tornava-a aberta às sugestões da companhia amorosa.
Um homem divorciado e uma mulher solteira, ambos carentes, juntos, dia após dia... De alguma forma, encontrámo-nos “condenados” um ao outro...
Mas não foi do dia para a noite que passámos a dormir juntos. Desde logo, porque havia "questões". A diferença de idades, para começar. Eu já estava quase nos meus 50 anos e ela tinha 25. Mas talmbém as diferenças sociais. Eu era um empresário de sucesso que frequentava a alta sociedade; ela fazia limpezas para pagar e finalizar os seus estudos universitários.
O que nos podia separar, porém, não só não o fez como a soma de pequenas situações foi construindo entre nós uma equação de resultados cada vez mais inevitáveis - e potencialmente tórridos...
Começou, como sempre acontece, com um simples evento inesperado: Aurora no duche; uma corrente de ar que fez abrir a porta da casa de banho (mão do destino ou mão humana…?); e eu a passar pelo corredor nesse exacto momento!
Congelei como se diante de mim se abrisse um portal para um novo universo: vi-a de frente, completamente nua...
Toda a cena decorreu sem palavras. Simplesmente olhámos um para o outro. Ela não correu as cortinas. Não procurou a toalha. Não fechou a porta. Continuou a ensaboar-se e a esfregar-se. Fazia-o agora para mim, mas como se eu não estivesse ali.
As regras da decência deveriam ter-me levado a fechar a porta e terminar aquele encontro imediato o mais depresa possível. No entanto, não o fiz.
Nem é que tenha sido muito tempo. Foram, talvez, 30 segundos. Mas esses 30 segundos pareceram uma longa hora. Nesse instante, que parecia parado, o tempo escorria por uma ampulheta líquida, gota a gota, molhando-lhe a pele a ela e humedecendo-me a mim o aparelho sensual.
Chegou e bastou para fixar cada parcela e nuance do seu corpo. As mamas cheias e muito redondas. Maravilhosos mamilos côr de rosa. A barriga apenas ligeiramente pronunciada. E um proeminente papo vaginal, com um equilibrado buxo negro a rodear os lábios da vulva, cuja fenda se distinguia perfeitamente. Era de cortar a respiração!
Depois de escrutinar cada recanto do seu corpo, voltámos a encontrar-nos no olhar. Foi onde ficámos mais tempo e, julgo, o que mais nos uniu.
Nunca falámos sobre o assunto mas esse evento acidental fez com que mudássemos as nossas atitudes. Comecei a estar mais atento às suas movimentações na casa, tentando surpreendê-la num momento mais íntimo.
Cheirei, aspirei e lambi a roupa interior que ela deixava para lavar. Também a apanhei, um dia, a cheirar as minhas cuecas retiradas da roupa suja. Comecei a “distrair-me” com a porta quando me despia ou tomava banho. E masturbei-me muitas vezes a pensar nela - às vezes até em cima da roupa dela…!
Pensamentos que nunca nos tinham ocorrido tornaram-se ideias-fixas em ambas as nossas mentes. E o que fora, afinal, um mero acidente, passou a repetir-se com uma frequência geométrica: várias vezes nos apanhámos, um ao outro, completamente nus ou perto disso.
Mas isso não era o melhor: o melhor era a transformação que ocorrera na forma de nos olharmos.
De repente, já não era uma situação embaraçosa, um constrangimento, mas uma expectativa partilhada que ambos alimentávamos no nosso dia. Eu pelo meu turno e ela pelo dela, procurávamos essas situações. Eu adorava ver o seu corpo nu. E supunha que, no mínimo, ela sentia curiosidade pelo meu.
Estas coisas aconteceram e foram acontecendo, até que uma tarde, enquanto trabalhava no escritório, ouvi o som de gemidos. Não podiam ser outra coisa... Fui, obviamente, ver do que se tratava e pela porta semi-aberta do quarto de Aurora, descobri-a a masturbar-se à frente do espelho.
Senti-me enlouquecer! Tive que lutar contra mil demónios para não irromper pelo quarto e cair-lhe em cima, meter-lhe os dedos na cona e fazê-la vir-se de repuxo nas minhas mãos!
Resisti o mais que pude... Por fim, sem mais defesas, saquei o caralho para fora e comecei a bater uma. Tudo aquilo era demasiado bom, tinha que descarregar! Quando Aurora se começou a vir, esporrei-me na alcatifa.
Como também eu gemi, com bastante violência, no momento do paroxismo, era impossível que Aurora não me tivesse ouvido. E claro que foi ela quem acabou por limpar a mancha da carpete, pelo que quaisquer dúvidas que ainda tivesse sobre a minha inconfidência, ficariam dissipadas ali.
Isso tinha uma vantagem: agora as cartas estavam na mesa! O desejo era conhecido - e sentido - em reciprocidade...
Ainda assim, nos dias seguintes, mal trocámos uma palavra. Procurávamo-nos mas escondíamo-nos ao mesmo tempo. Os dois estávamos inquietos, irrequietos, desconexos. Vários sentimentos emergiam em conflito aberto: vergonha, pudor, desejo, paixão. Essa convergência de factores contraditórios deixáva-nos, para já, num impasse.
No entanto, eu estava decidido a fazer tudo o que pudesse para rasgar duma vez aquele véu que ainda nos separava, que nos impedia de nos consumarmos um no outro, um ao outro… Era uma questão de esperar pela oportunidade.
E, finalmente, ela chegou...
Armando Sarilhos
O patrão e a empregada - Parte II
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com