20 Mai, 2021 Ema e o casal de degenerados
Quando Ema entrou no escritório não fazia a mínima ideia do que a esperava. Talvez por isso não exibisse nenhuma espécie de nervosismo. Apenas o que parecia uma leve curiosidade.
Trajando a rigor o seu uniforme, clássico negro com apontamentos rendilhados a branco, impecavelmente engomado, como sempre, parou em respeitoso silêncio diante da secretária onde eu a esperava sentado, teatralizando na medida do possível o meu estatuto de senhor da casa. O meu ar pesado supunha dar a cor final a toda a encenação, que fazia parte de um plano maior.
No entanto, a solenidade que eu tentava passar ao momento não pareceu impressioná-la. Nem quando a minha mulher entrou e fechou a porta, ficando ao fundo da sala – atrás dela, portanto –, Ema demonstrou inquietação.
A verdade é que não tinha nada a temer. Nada acontecera de assinalável ou à revelia da rotina normal da casa, onde a vida seguia como um veleiro por mares sempre calmos e ventos amiúde favoráveis. Sentia-se segura ali como sempre se sentira, desde o dia em que se apresentara ao serviço daquela família pacata, absolutamente trivial, de grande educação e evidente bom fundo.
Mas o estado de espírito de Ema estava prestes a mudar.
Quando, com o seu sorriso solar, com aquela espontaneidade que nunca deixava de me refrescar, me perguntou:
– Posso-me sentar?
E eu lhe volvi, secamente:
– Não.
Ema estremeceu. A resposta surpreendeu-a por não estar minimamente alinhada à nossa dinâmica usual, onde a familiaridade era estimulada e não se promoviam diferenças entre patrões e empregados.
De repente, sentia-se posta no seu lugar sem saber porquê.
E aí sim, Ema deixou vislumbrar nas janelas da alma uma pequena fresta de fragilidade emocional. Que era exactamente onde a queríamos.
Ema estava pronta.
– Fui chamado à atenção para o teu comportamento nos últimos dias – disse-lhe, mantendo a soturnidade ensaiada.
– O que se passou, Luís?
– Desculpa, mas a partir deste momento vou pedir-te que, quando te dirigires a mim, me trates por “senhor”. Creio, aliás, que a liberdade excessiva que te demos pode ter estado na origem do teu comportamento errático. Assim, somos obrigados a instaurar uma disciplina mais apertada e a recolocar as coisas nos seus devidos lugares. Eu sou o patrão, tu és a empregada. Eu trato-te por tu e tu tratas-me por “senhor”. Entendido?
– Peço desculpa, Luís… Desculpe, “senhor”… Mas não faço ideia do que está a falar.
– Penso que sabes. Desde o dia em que entraste nesta casa foi como se libertassem todos os demónios do Inferno.
As pernas de Ema tremeram diante da minha descrição dramática. Percebia-se que continuava sem saber do que eu falava. Claro que o suspense fazia parte do jogo…
– És simplesmente demasiado sensual. Ver-te todos os dias vestida dessa maneira, de espanador na mão a levitar pela casa, é demasiado, quer para mim quer para a senhora.
Do fundo da sala, quebrando o seu silêncio sepulcral, a minha mulher confirmou:
– É imoral. É indecente! É demais para aguentar.
– Antes de ti, tínhamos uma vida simples, os nossos hábitos muito bem estabelecidos e enraizados. Fazíamos amor às sextas-feiras. Agora a minha mulher obriga-me a fodê-la todos os dias! E tudo porque, ao longo do dia, consumimos o veneno sexual, a excrescência libidinosa que tu deixas pelos cantos da casa. Sabes como é difícil manter a compostura, a civilidade, quando se anda permanentemente de pau feito? Vou à casa de banho, cheira-me a cona. Vou à cozinha, sabe-me a cu. Passo por ti no corredor e só me apetece enterrar-te o caralho no meio das mamas. Percebes o que estou a dizer?
Ema estava atarantada. Tudo aquilo era tão inesperado, tão insólito para ela, que custava a entender se era efectivamente real ou se era algum pesadelo distorcido, encomendado por mentes ainda mais distorcidas. Era o momento de atacar com todas as forças.
– Não percebo nada, senhor… Não percebo de que me acusam!
– Não tens que perceber. Reduz-te à tua posição. Só tens quer aceitar o que quer que seja que decidamos fazer contigo. Percebeste?
Ema baixou os olhos, numa rendição submissa.
Estava domada.
– De início pensámos que era altura de te castigarmos. Mas depois falámos, a senhora e eu, e concluímos que, sendo um primeiro delito, uma repreensão verbal era suficiente.
Embora não soubesse o que eventualmente a esperava, ou exactamente por isso, Ema suspirou de alívio, avançou para mim e apertou-me as mãos, sobre a secretária, num gesto silencioso de gratidão. Pensava que tudo tinha terminado.
Estava enganada. Quando quis libertar-se, não conseguiu. Agora era eu que lhe apertava as mãos e não a deixava ir. Num lapso, Ema esqueceu as distâncias e os estatutos e deu luta, puxou, estrebuchou, gemeu de impotência quando constatou que não conseguia escapar da emboscada, que estava presa!
Aproveitando a sua própria força, dei um pequeno puxão que a desequilibrou imediatamente. Desamparada, tombou para cima da mesa, ficando dobrada sobre ela, com as mamas esmagadas no tampo e o rabo no ar.
– Não resistas. Vai ser pior se resistires.
Bem segura pela frente, só era capaz de mexer os quartos traseiros. Mas não por muito tempo, pois a minha mulher foi por trás dela e segurou-a pelas ancas. A partir daí foi um deleite.
Olhei para a minha mulher e vi uma expressão de luxúria que nunca lhe tinha visto. Ver os seus olhos raiados, a língua fora da boca, enquanto apalpava obscenamente o cu da empregada, não tinha preço!
Finalmente, depois de muito remexer, esfregar, cheirar e lamber, levantou-lhe a saia e baixou-lhe as cuecas. Ao sentir esta violação abrupta da sua intimidade, Ema quase que entrou em colapso. Mais uma vez lutou, esperneou, escoiçou, tentando libertar-se. Só parou quando a primeira chibatada lhe rasgou a pele da nádega esquerda, ainda a resvalar ligeiramente no ânus.
A vara não era mais que um ramo longo de pessegueiro. É o que se aconselha, de resto. É ágil, flexível e não quebra. E deixa marcas finíssimas, como um bisturi de cirurgião ou o sabre de um samurai.
O primeiro golpe fez Ema soltar lágrimas de esguicho. O segundo golpe, aplicado pela mão certeira da minha mulher, que andava em treinos havia semanas, pô-la a gemer como uma viúva em pranto. Seguiram-se mais cinco, porque nos tínhamos decidido pelas sete. Por nenhuma razão em especial. Por ser um número mágico e nos parecer ideal, nem muito nem pouco, para que o castigo não a consumisse por inteiro. Porque o devaneio ainda ia a meio…
Instituídos os golpes finais, a minha mulher aproveitou a posição precária da sua vítima e, depois de lhe lamber as feridas, fez-lhe um longo e profundo minete, que pode ou não ter incluído a penetração de vários dígitos na península anal.
Do ângulo em que estava não conseguia ver exactamente onde as perversões da minha mulher a conduziam, de maneira que apenas o podia calcular medindo as expressões de Ema. A sua face estava muito próxima da minha e contorcia-se em espasmos que, ou muito me engano ou mesclavam dor e prazer na mesma equação. Era divino de observar e pôs-me o caralho a debater-se em fúria dentro das calças. Era hora de passar à fase seguinte…
No novo quadro, a minha mulher e eu trocávamos de lugar. Agora era ela que segurava as mãos de Ema e eu que a tinha, com a saia levantada e as cuecas a meio das pernas, à minha mercê. Olhei-lhe para as traseiras como um poeta se deixa deslumbrar pelos encantos da planície. Vi com vagar a sua racha felpuda, bem doseada de pintelhos negros, que aligeiravam, mas não desapareciam, nas orlas do cu. Tinha os lábios arroxeados, o que, a coberto da pintelheira, lhe faziam a cona escura: o meu tipo de cona preferido, pelo contraste com as alvuras da pele.
Penetrei-a com dois dedos e senti-a molhada. O minete da minha mulher pusera-lhe o motor sexual em andamento. Cabia-me a mim continuar a olear as engrenagens.
Masturbei-a pacientemente, durante muito tempo. Primeiro na cona e depois no cu. Porque também constava do plano. Não queríamos, de forma alguma, espantar a fera, bem pelo contrário, queríamos trazê-la para o nosso jogo de lençóis, assim mesmo como estava, nessa condição submissa. Queríamos fazer ninho com ela, mantendo, claro, uma hierarquia em que nós permanecêssemos os seus mestres e ela a nossa escrava. Para isso acontecer, não lhe podíamos ministrar apenas a dor, era preciso que um prazer entusiasmante a marcasse também. Não a queríamos usar e deitar fora. Queríamos que voltasse e se deitasse connosco.
Confesso que vivi com Ema dos momentos mais memoráveis da minha vida, que não necessariamente dos mais nítidos. A própria memória dos eventos é difícil de replicar, tão fora se encontrava dos nossos regimes normais enquanto seres humanos e animais sociais. Nunca tinha feito nada assim na vida. Por isso foi tão sublime.
Terminámos esse dia como uma unidade familiar mais fortalecida e consistente. A minha mulher, já sentada em cima da mesa, de pernas escancaradas, forçava Ema a lamber-lhe a cona. Agarrava-a pelos cabelos e revirava os olhos enquanto a criada a chupava. Enquanto isso, eu enrabava-a com investidas secas e brutas. Claro que a lubrificara primeiro, mas não ofereceu resistência e percebi desde logo que o sexo anal não lhe era estranho. Menos mal, porque acabou por se render com naturalidade ao prazer.
Quando cheguei ao limite, juntei as duas carinhas lindas à minha disposição e esporrei-me abundantemente para cima delas, fortalecendo desse modo o nosso laço, o elo de ligação de uma nova corrente susceptível de dar grandes alegrias a todos e cada um dos intervenientes.
A partir desse primeiro encontro, praticamente todos os dias idealizamos novos castigos para Ema.
E ela sente-se, por isso, cada vez mais em casa.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com