07 Mai, 2021 Lembras-te?
Foder enquanto se é fodido. Foi o que me ensinaste nesse dia...
Lembras-te da primeira vez? Não sabias quem eu era, mas isso não te impediu de me arrastares para o teu quarto. A tua avó não se importava, era onde costumavas brincar com os teus amigos. Era surda-muda. Disseste.
Brincar ao quê, mostraste-me depois.
Nem interessava que fosses rica e eu pobre.
Onde me tocaste, suponho que seja igual a todas as classes.
O caralho, chamaste-lhe tu e eu fiquei a saber.
Lembro-me de como conseguiste desembaraçar-te rapidamente de toda a roupa que encontraste até o pores para fora.
Agarraste-o com a tua mãozinha de luvas cor-de-rosa.
Lembro-me de ficares impressionada como era grosso.
Mais grosso que os dos teus amigos.
Disseste.
Lembro-me de ficar orgulhoso sem saber exactamente do quê.
Pelos teus olhos, de como o olhavas.
Ficou logo assim, à grossura que espantava.
Não sabia ainda mas saí bem dotado.
Dotado demais para algumas.
Mas não para ti.
Adoraste imediatamente a escala.
As proporções.
A desproporção.
Os teus olhos redondos de admiração.
A tua mãozinha, pequena, a deslizar, para cima e para baixo, no meu caralho.
Lembras-te?
Lembro-me dos arrepios quando me apertaste a haste com muita força e de seguida o aninhaste dentro da tua boca.
O caralho.
Aninhado o possível, só a cabeça parecia encher-te a boca toda.
Foste sempre pequenina em tudo.
E eu grande.
Lembras-te?
Lembro-me das tuas unhas a subirem pela perna, a marcar-me o rabo.
Os teus dedos eram pequenos mas tinhas as unhas compridas.
As tuas mãos eram como aranhas sem dono que picavam como escorpiões.
Enquanto me chupavas.
E então encontraste-o.
A minha outra virgindade, intocada como a que tinhas na boca.
O teu dedo no meu olho do cu, metido até ao fundo, foi o despertar da minha virilidade.
Lembras-te?
Como imediatamente me transformei numa animal?
Numa besta para ti?
A agarrar-te pelos cabelos, a forçar-te a cabeça para meteres mais caralho na boca duma só vez.
Toquei-te na garganta e só me apetecia empurrar mais.
Ainda havia bastante.
Quando te libertaste da fúria, ainda não sei como, deste-me uma bofetada e despiste a camisola do pijama.
O pijaminha laranja, às riscas, lembras-te?
E vi pela primeira vez as tuas mamas.
Pequenas, sumarentas como tângeras.
Geométricas, com largos círculos alaranjados na base dos bicos erectos.
Davas-mas assim, de presente.
As mamas. Os mamilos tesos.
E senti que gostavas de mim.
E gostei de ti.
Ali, assim, logo.
Não obstante toda a violência.
Puro como apenas pode ser o selvagem.
Só baixaste as calças até meia perna, porque tinhas frio.
Lembras-te?
Viraste-me as costas e debruçaste-te sobre a cama.
Com o rabo para o ar, imperativo, as maminhas esmagadas contra o edredon.
Virada para mim.
Vá.
Disseste.
E eu fui sem saber o que era.
Hesitante.
Quando observei pela primeira vez a tua racha soube que havia destino.
E que desse destino constariam muitas, dezenas, milhares, incontáveis rachas.
Se há momentos realmente religiosos, este foi o meu.
Cona.
Sabe-se onde se quer morar quando se descobre a casa perfeita.
Não há mais quê.
Lembro-me de agarrar no pau e estar todo carameloso.
Escorria abundantemente, desde a cabeça até aos colhões.
Uma torrente imparável clamava por sair de mim.
Assim grosso e untado parecia um grande instrumento envernizado, dos que servem para decorar mas se for preciso meter ao uso.
Não acusaste dor quando comecei a enfiar, mas sim quando o volume já era tão imenso no interior que os pintelhos se arregalaram todos cá fora.
Lembras-te?
Quando te descobri essa dor, a nossa primeira dor?
E imediatamente te puxei pela pintelheira, até gritares?
E outra vez e outra vez e outra vez, até te rolarem lágrimas dos olhos?
Lembras-te?
Tu, a princesinha de cristal, dominada pela fúria de um pagão, um inferior de pau feito.
Lembras-te de como te passou a majestade?
De como desenconei com um único golpe, como se desembainhasse uma espada,
e em seguida te enrabei, sem me inquietar sequer saber que era por ali que cagavas?
Custou a entrar, a cabeça não passava.
Mas depois passou como o teu maior cagalhão a sair.
Com prazer.
Guinchaste como uma porca.
Uma porca a cagar-se toda.
Vergonha, dor, luxúria, tudo o que é degradante é uma coisa só.
É na degradação, na sargeta, que realmente nos encontramos.
Que sabemos quem somos.
Princesa com caralho de pobre enfiado no cu.
Guinchaste na proporção exacta dos factos.
E que fizeste tu?
Que usaste para pagar a volúpia absurda que te propiciei?
Nada senão condenar-me à minha própria receita.
Banquete irónico é dizer pouco.
É um amigo meu.
Disseste.
Quando estremeci por me sentir amarrado por trás por uma força superior à minha.
É um amigo meu.
Repetiste.
Não parecia.
Na posição em que me encontrava, praticamente a nadar de bruços em cima de ti, dentro de ti, era impossível reagir.
Ele tinha-me completamente manietado.
Vais gostar, meu amigo.
Disse o meu amigo.
Não achei que fosse.
Não quando senti uma bola de carne do tamanho duma ameixa a tentar forçar-me o olho do cu.
Não quando a ameixa, depois de muito empurrar, finalmente passou, arrancando-me escamas do coração.
Mas tudo era diferente cinco minutos depois.
Como num filme.
Ele há milagres.
Enquanto ele me espetava, eu espetava-te a ti.
E parecia que te espetávamos os dois, pois cada vez que ele me espetava eu sentia o caralho crescer para o dobro e eras tu que recebias o total.
Estavas totalmente louca.
Eu também.
Nunca te tinham enrabado assim.
A mim também não.
De tal ordem que a tua avó nos apanhou a todos.
Não era surda-muda, afinal.
Tinha até um ouvido apurado para as coisas.
Quando lhe disse que me tinhas obrigado, acreditou.
Porque sabia como tu eras.
Uma desnaturada.
Que todos sabiam que já tinha feito com o irmão.
E com os primos.
E com as primas.
Disse ela.
Lembro-me que me suplicaste com o olhar, pedindo-me socorro.
Implorando que eu assumisse responsabilidades.
Pelo menos parte delas.
Qualquer coisa que a livrasse da culpa.
Lembras-te?
E de como eu te mandei foder, passando-me pela pobre vítima dos ricos caprichosos e desocupados?
Foder enquanto se é fodido.
Foi o que me ensinaste nesse dia.
Aprendi a lição.
Logo ali.
Nesse momento.
Lembras-te?
Então se te lembras, porque não esquecemos isso e te vens sentar aqui ao pé de mim e do meu amigo?
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com