18 Juli, 2019 A porteira com febre de piça
Desde que o Custódio ficou debaixo do camião tenho sido muito ciosa com a crica...
Olá querida mana.
Espero que esta carta te encontre bem, a ti, ao teu marido, aos teus filhos, ao teu amante e ao amante dele. O Chico já sabe do Humberto? E o Humberto já sabe do Rui?
Bem, hás-de-me contar essas novidades todas quando me escreveres de volta aqui para o apartado, bem sabes qual é.
Escrevo-te para te contar uma coisa muito importante e que te vai deixar muito feliz! A mim até me anda a redemoinhar as bordas…
Como tu bem sabes, desde que o Custódio ficou debaixo do camião tenho sido muito ciosa com a crica. Não é por nada, mas tu bem sabes que eu fui sempre uma mulher de um homem só. Primeiro foi o Caetano, depois o Marcial, depois o Albuquerque, depois o Zé Antunes, e a seguir o Roberto, o Beltrano, o Freitas, o Dinis, o Amaral, o Costa, o Cerejeira e o Samuel. Por isso, quando aos 18 anos casei com o Custódio, continuei casta como sempre fui, nem amantes tive nem nada, que eu não gosto cá que me chamem puta, embora não tenha nada contra as putas, tenho várias aqui no prédio e são as mais asseadas da vizinhança.
Como te deves lembrar, quando foi do enterro do Custódio cancelei logo o bebé que já vinha encomendado, e olha que muitas vezes me tenho arrependido, pois ao menos tinha alguém que me chupasse as mamas de vez em quando. Até porque agora já não estás cá para isso, não é verdade?
Mas isto para dizer que a tua querida mana há muitos anos que anda com os calores, e bem sabes como ficam as mulheres da nossa família quando andam de grelo escalfado. Tenho passado as passas do Algarve e mesmo a rata já parece ela também uma passa desenconada e passada do prazo…
Ontem, houve aqui uma vizinha, que já está meio taralhoca, que se enganou no andar e tentou abrir uma porta que não era dela. O vizinho, a estranhar aquele arrombamento em pleno dia, abriu para ver o que se passava e quando viu a velha prestou-se logo a servir-lhe um copo de água a ver se ela espertava. Ora assim que a velha entrou um bocadinho para agarrar no copo e ele a apanhou de costas, meteu-lhe uma mão na boca e outra nas mamas e carregou com ela para o sofá. Sentou-a, abriu-lhe as perninhas e disse-lhe que era para ver se tinha xixi e começou a lamber-lhe a rata velha.
Ela, como já não bate bem da bola, deixou. Então ele puxou-lhes as cuecas para baixo e meteu-lhe dois dedos na cona, e ela, como aquilo sabia bem, deixou-o fazer. Claro que assim toda aberta depois era tarde para se safar. Ele baixou as calças, já de pau feito, meteu um preservativo e fodeu-a. Primeiro devagarinho, mas depois ela começou a arfar e ele acelerou.
Quando percebeu que ela ainda aguentava um bom par de sacudidelas, virou-a ao contrário e fê-la sentar de joelhos com a cabeça enterrada numa almofada. E então, diz ela, despejou-lhe uns óleos no rabo e enfiou-lhe o marzapo no cu!
Isto tudo me contou ela, vê lá tu. Bem se vê que as velhas, quando lhes interessa a poda, são patarecas para umas coisas mas para outras tá quieto. E enquanto ela me contava tudo o que ele lhe tinha feito, tintins por tintins, eu só pensava, “porra, só eu é que não tenho a mesma sorte”! Para veres como tenho andado…
Fui logo bater à porta do ordinário, para tirar satisfações, não é verdade?, porque aquilo não se faz a uma pobre senhora indefesa. Mas ele não se mostrou interessado e lá fui eu para casa com o grelo a ferver ainda mais do que antes... Agora vê tu aquele sacripantas!
Não sei porque te contei isto, não era sobre nada disto que eu te queria falar… Mas ainda antes de passarmos ao assunto que me trouxe aqui, sabes lá o que me aconteceu! Imagina que, ao fim de 25 anos de viuvez, me deixei enrabichar por um senhor muito fino e educado que gostava muito de mim. Conheci-o no mês passado, quando esfregava a calçada à frente do prédio. Eu já o tinha visto passar, porque ele passa aqui todos os dias. É reformado das finanças ou da contabilidade, ou lá o que é, e não tem nada que fazer, por isso anda por aí a cirandar o dia todo.
Eu estava de joelhos a passar lixívia nas pedras encardidas, com o rabo um bocado espetado e as mamas a baloiçar dentro da camisola, e deve ter sido isso que lhe chamou a atenção. Pelo menos, essa era a minha esperança...
Ele deu-me as boas tardes e os parabéns por estar a lavar a rua, “um hábito que as novas gerações perderam”. Palavras dele. Fiquei a saber que se chamava Carlos e que estava interessado em levar-me a jantar e depois dançar. E assim fizemos…
Ele levou-me a um restaurante destes agora modernos, muito gourmet, onde comemos uns caracóis sem casca e umas ripinhas fatiadas de casca de limão, e assim saciados fomos a um hotel dançar valsas. Ora eu, quente da garrafa de Gatão que tinha emborcado ao jantar, e com ele a roçar na minha pobre cinturinha viúva, em menos de nada parecia uma braseira de picão e estava capaz de acender uma lareira. Mas ele, como era muito educado, cada vez que me tocava, ao de leve que fosse, pedia-me desculpas. Vê tu que nem sequer me pôs a mão no cu! O homem que inventou a valsa devia estar às voltas na tumba, pois então, para quê inventar uma coisa tão chocha se não para ter os benefícios de uma patorra bem ensebada no rego das nalgas?!
Enfim, quando me levou a casa, depois de uma lengalenga interminável de como sempre respeitara as mulheres, que para ele eram como princesas que deviam estar num pedestal, bla bla bla, bla bla bla, bla bla bla, espeta-me um beijo na cara e vai-se embora! Estás a ver isto?! Então este papalvo tira-me o chapéu, fala-me ao jeito, dá-me de comer, leva-me a fazer piruetas e no fim da noite nem sequer me pergunta se pode subir para beber um cafézinho?! Em vez de me rasgar a roupa e me foder como o velho tarado que devia ser?!
Estás a ver porque é que eu digo que os homens são todos uns sacanas…!
Sabes lá o que passei essa noite, parecia que tinha um coelho vivo dentro da cona e o mágico que era suposto tirá-lo da cartola tinha feito greve nesse dia. Não dormi nada de jeito e passei a noite a sonhar com caralhos, pois claro!
Bem, atalhando a coisa, só passada uma semana é que consegui metê-lo na cama, e depois aí foi um sarilho para o meter de pé. Quando finalmente conseguiu, diz-me que quer “fazer amor comigo”… Palavras dele! Bem, nem te digo como fiquei! Então este parvo mete-me na cama, despe-me as cuecas, põe-me toda a escorrer, e no final quer “fazer amor”?! Fiquei possessa, claro, e mal possuída! Ele pôs-se em cima de mim, sem preliminares nem nada, muito direito, muito católico, a entrar e a sair muito devagar, “com todo o respeito”, como ele estava sempre a dizer.
Quanto mais eu abria a boca de sono mais ele me fazia perguntas parvas:
– Assim magoa?
Eu só lhe respondia com o pensamento:
– O quê, essa piça de grilo?
– Assim é muita força?
– O quê, já está lá dentro?
– Assim é muito rápido?
– O quê, já estamos em andamento?
– Assim é bom?
Para esta não tive logo resposta... Era como foder um escuteiro de 60 anos que pensa que as mulheres são de vidro e as conas de cristal… Se não fosse eu cavalgá-lo, nem a aperitivo chegava a parecer.
Porque mesmo quando ele o conseguia manter teso, o que já era uma festa, acabava muito depressa, às vezes antes de começar! E isto que ele só fazia os serviços mínimos nas partes fodengas, nem pensar em contar com ele para o trabalho sujo ao nível das tetas e da regueifa. E tu bem sabes como ficam as mulheres da nossa família quando não lhes espremem os mamilos como deve ser e não lhes entalam o rabo como os padres proíbem.
Bem, quando já quase no final daquele baptismo disfarçado de foda, uns três minutos depois, me voltou a perguntar se “assim era bom”, eu já tinha a resposta na ponta da língua – a mesma língua onde ele não metia porque não metia aquela piça murcha de contabilista:
– Tive mais prazer a preencher a última declaração de impostos! – disse-lhe eu, para ele aprender!
Claro que não lho disse de viva voz, mas bem sabes como me custou. Nessa altura já estava com uma febre de piça que nem te passa!
Atalhando a coisa (que, a bem dizer, era o que ele me fazia a mim), quando começou a correr pelo prédio que ele me “visitava”, apareceram as vizinhas todas (menos as putas) a dar-me os parabéns pela sorte de encontrar um senhor tão respeitador, tão educado, tão bom partido. Que era coisa para dar em casamento, que até se dizia que ele tinha propriedades no Ribatejo e conta no Montepio.
Enfim, uma mulher não é de ferro e nunca se sabe o dia de amanhã, de maneiras que, pesando os prós e os contras, “começámos a andar”, como se diz agora.
Ele levava-me a jantar, a ver as montras, a saraus e vernissages, coisas parvas de cultura, e depois de me pregar secas de morte o dia inteiro, íamos para minha casa “fazer amor”. Como podes imaginar, eu andava com a cona aos saltos, porque de respeito já tinha a minha conta e de bons partidos está o Inferno cheio.
Em vez de um bom partido, o que eu precisava era da cona partida, isso sim! De levar umas boas palmadas para não ser tão puta!...
…De um homem que me soubesse comer a sério, que me chafurdasse nas mamas, que me encavasse como um trolha, que me enfiasse a gaita pela garganta, que me lambuzasse a pintelheira, enfim… Que me pregasse uma enrabadela das antigas! O que, agora calhando em conversa, nos traz ao Eduardo…
Como tu bem sabes, isto do amor manso nunca deu jeito às mulheres da nossa família. Já a avó dizia, “há os que nascem com o rabo virado para a lua e há as que nascem com o cu aberto à espera que as enrabem”. De maneiras que um destes dias, já eu andava com o Carlos por aqui, estava a lavar as pedras da calçada quando ouço um assobio. Eu estava de joelhos, com o cu espetado e as mamas a abanar, e acho que deve ter sido isso que lhe chamou a atenção. Essa, pelo menos, era a minha esperança. Quando olhei para ver de quem se tratava, vi um rapaz de pele negra muito escura, que não devia ter mais de 20, 25 anos, e que me olhava com um sorriso baboso. Eu já o tinha visto por ali, pois tinha começado a trabalhar como porteiro ou segurança no Hotel do outro lado da rua. Vim depois a saber que se chamava Eduardo, e era aquilo a que se chama um pedaço de mau caminho…
– Estás a assobiar para mim? Olha que eu sou uma mulher de respeito, ouviste? E para além disso tenho idade para ser tua mãe!
– Se fosses minha mãe, eu nunca tinha nascido!
Confesso que fiquei baralhada com aquela resposta...
– O que é que estás para aí a dizer?
– A julgar por esse par de nalgas e por esses pêlos debaixo dos braços, deves ter uma daquelas conas que parecem um forno e todas pintelhudas. Se eu tivesse tido a sorte de ser teu filho, tinham que se esforçar muito para me arrancar de uma cona assim! Hoje ainda lá estava…
Tu bem sabes que eu não sou de me ficar e geralmente tenho resposta para tudo. Pois olha que aquilo me deixou sem palavras! A ele, pelos vistos, é que não faltava o pio:
– O que é que dizes? Vamos até à tua casa ronronar como as gazelas? Ãh? Arranco-te as cuecas com os dentes e meto-te um nabo preto na cona como nunca apanhaste! Ou chupo-te essas mamas até os mamilos se me colarem ao céu-da-boca e depois enfio-te um nabo preto na boca como nunca apanhaste! O que é que dizes? Agrada-te a ideia?
Pensei que ele era um bocado apanhado, mas como aquela conversa me tinha deixado o grelo a grelhar como um bico de bunsen, perguntei:
– E metes-me de quatro, como se eu estivesse a lavar o chão com as ventas, enquanto me espetas um nabo preto no cu como nunca apanhei?
Eu moro no primeiro andar, mas fomos de elevador. Bem sabes que eu não sou mulher de me impressionar por dá cá aquela palha, mas aquilo que ele tinha no meio das pernas estava longe de ser um mero caniço contabilístico. Aquilo parecia o rolo da massa que a avó usava para fazer empadas!
Nem te sei dizer ao certo o que aquele porco me fez durante a tarde toda… Virou-me para cima e foi por baixo, virou-me para baixo e foi por cima, foi pela frente, por trás e pelos lados! E assim começámos a passar os dias…
A dada altura as vizinhas vieram-se queixar que a calçada estava a ficar encardida, mas eu não tinha cá vagar para limpezas. Tinha trocado o sabão azul e branco por aquela piça de carvão que me tirava do sério. E tu bem sabes como eu prezo de ser séria...
De maneiras, querida mana, que estava assim. Eu, que sempre fui uma mulher de um homem só, e que tanta fomeca passei desde que o Custódio se finou, de repente tinha de um lado um homem que me respeitava, que me venerava, que me mimava, e que tinha propriedades no Ribatejo e conta no Montepio; e do outro, um preto com uma tromba de elefante entre as virilhas, que cada vez que se enfiava por mim adentro me desorbitava os olhos e me punha a falar estrangeiro!
Bem se costuma dizer que não há fome que não dê em fartura. E esse, querida mana, era o meu caso…
Mas vejo agora que que estou quase a chegar ao fim da folha e ainda não te disse porque te escrevi. Bem sabes como eu sou, uma boca de ovelha… Estou para aqui com histórias e não era sobre nada disto que te queria falar.
A razão que me leva a escrever-te, querida mana, é para te dizer que estou noiva! É verdade, a tua mana está noiva e com casamento marcado!!
Foi tudo muito rápido, mas não podia estar mais feliz. Mais até do que no dia em que o camião do Germano passou por cima do Custódio… Finalmente tenho o homem com que sempre que sonhei: chama-se Carlos Eduardo, tem 40 anos, é mestiço e trabalha como segurança nas finanças. Mas só faz isso para não se aborrecer, porque tem propriedades em Angola e conta na Caixa Geral de Depósitos. É muito culto e educado, adora levar-me a exposições e concertos, comemos sempre nos melhores restaurantes e vamos dançar mornas em clubes a cheirar a catinga. E no fim da noite, quando já tenho a cona a escaldar de emoção, depois de me tratar como uma princesa o dia todo, leva-me para casa, arranca-me a roupa como um endemoniado e trata-me como se eu fosse a maior puta à face da terra!
E tu bem sabes como eu não tenho nada contra as putas, só no condomínio temos aqui meia dúzia e são muito mais asseadas que as vizinhas do lado.
Já eu, quando estou debaixo do Carlos Eduardo (uma coincidência juntar os nomes dos outros dois, não achas? Só pode ser destino!) sou tudo menos asseada. Sou ainda mais porca do que tu alguma vez foste, querida mana, e bem sabes como isso é dizer pouco…
Tenho que me despedir, não posso falar mais porque tenho um nabo preto na boca, o que quer dizer que daqui a bocado já não vou conseguir dizer coisa com coisa. Bem sabes como eu sou, nunca disse uma mentira na minha vida! E se te disser que até agora nenhum homem me tinha feito vir até me mijar toda pelas pernas abaixo, ficas com uma ideia de como a minha cona, essa coninha que tão bem conheces e tanto estimas, tem andado feliz!
Escreve-me brevemente a contar as novidades e dá um beijo ao Chico e aos miúdos.
E vai pensando no vestido para o casamento! Traz as cuecas de renda que te dei no Natal, porque o Carlos Eduardo tem montes de primos. Quem te avisa tua amiga é!
Um beijo enorme da tua querida mana que te ama.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com