19 Mai, 2022 A pior foda da minha vida (e da dela)
Estávamos os dois muito tímidos. De viva voz não tínhamos trocado mais do que três ou quatro frases pelo telefone, numa conversa de teor meramente informativo. O nome do hotel, indicações, a hora do encontro.
Nenhuma da excitação apaixonada que prodigalizávamos nos nossos posts no chat “Pessoas à procura de pessoas para…”, num grupo de sexo na internet.
Tínhamos trocado fotos. Ela tinha o corpo mais atraente que já vira na vida. Depois de no início se conter um bocado, enviando-me apenas vislumbres sugestivos das suas zonas mais secretas – um decote, o rego do rabo acima das calças, as cuequinhas por debaixo da saia – tinha-se despido de pudores e partilhado comigo fotos de corpo inteiro, completamente nua e encenadas com poses provocantes.
Ela era alta, de cabelos pretos, compridos, que se derramavam como a tinta de um grande mestre a escorrer-lhe pelas mamas. Eram de tamanho médio e desviadas uma da outra, com as conchas dos mamilos arrebitadas. O melhor par de mamas que os engenheiros da genética humana alguma vez conseguiriam produzir.
O dorso era longo e as pernas altas, bem desenhadas, que centralizavam um cu absolutamente soberbo, redondo e volumoso mas não em demasia, e a cona depilada, que mais parecia uma ranhura. Fechada não deixava ver os lábios, oferecendo apenas uma boca bem desenhada em linha recta, vertical.
Mas bastava ajeitar-se um pouco para o lado, comprimir uma perna com a outra e flectir um pouco a anca, para lhe fazer sobressair as fressurinhas, vivas, engelhadas e riscadas ao meio pelo buraquinho que, agora sim, se abria ao mundo.
Masturbei-me compulsivamente com cada uma das suas fotos e tentei caprichar na resposta, embora com a consciência de que nunca me poderia equiparar a ela em sensualidade.
Ainda assim, orgulhei-me de alguns registos, principalmente ao enquadrar o caralho por baixo, o que lhe dava um aspecto gigantesco.
Ela confessou que riu muito com essas, para além de a excitarem ao ponto de, como eu, se masturbar com elas.
Em certo momento duvidei que as fotos dela, tão expressivas, tão íntimas, pudessem ser verdadeiras. Tenho a certeza que ela não achou o mesmo das minhas…
Estava feliz por comprovar in vivo que a proprietária das imensidões que me deliciaram nas fotografias, a partir das quais já batera 101 punhetas, era ela mesma e estava de verdade, não na minha imaginação nem no meu telefone, à minha frente.
Mas agora o jogo era diferente. Ainda estávamos vestidos e não sabíamos por onde começar...
Falávamos primeiro como pessoas civilizadas? Beijávamo-nos um bocado como adolescentes? Ou despíamos a roupa como adultos com tesão e começávamos a esfodaçar, como ambos, mortos de desejo, ameaçávamos durante as nossas conversas online, verdadeiras acendalhas de deboche…:
– Quando finalmente te puser as mãos em cima rasgo-te a roupa, vou-te ao cu e encharco-te o buraco! – jurei eu.
– Vou apanhar-te a cagar e quando estiveres sentado na sanita enfio-te a cona na cara até parares de respirar! – prometeu ela.
Os nossos diálogos eram isto e pouco mais, nem sabíamos nada da vida um do outro.
Agora estávamos nervosos e provavelmente era por isso. Só tínhamos linguagem sexual, idioma de fantasias e devassidões. Por isso estávamos calados, num silêncio pouco cómodo. Por sorte bateram à porta.
O empregado do hotel, que ainda não tinha vindo ao quarto desde o check-in, perguntava se estávamos bem ou precisávamos de alguma coisa. Não precisávamos de nada. Só da coragem de dar o primeiro passo…
Quando fechei a porta e atravessei o pequeno corredor que dava ao quarto propriamente dito, ela tinha dado esse passo…
Estava ajoelhada em cima da cama, completamente nua, de costas para mim com o pescoço torcido na minha direcção, a mostrar-me os quartos traseiros como vieram ao mundo.
Recebi a visão da sua racha e do olhinho do cu curioso como um choque de realidade, mas ainda assim uma realidade que se podia confundir com o sonho.
Fiquei parado à frente dela, cheio de tesão mas meio bloqueado pela surpresa, e a primeira coisa que me ocorreu dizer-lhe foi:
– Posso meter-te os dedos na rata e cheirar?
Como resposta, ela abriu mais as pernas, com um sorriso em cima e outro em baixo…
Fui por trás dela a gatinhar como um tarado e enfiei-lhe um dedo. Depois enfiei outro e ela não fez nenhum som, mas abriu a boca como se fosse fazer. Estava quente e esponjosa e esfreguei-a por dentro um bocado, tirando depois os dedos e levando-os directamente ao meu nariz, primeiro, e depois ao dela.
– Cheiras bem. Cheiras a cona.
Lambi os dedos e voltei a metê-los, agora os dois duma vez, e comecei a meter e tirar ritmadamente, usando o polegar para lhe acariciar o clitóris.
Aí sim, estatelou-se na cama de cu para o ar e começou a gemer baixinho.
– Posso cheirar-te o cu?
Ela rolou na cama e apontou-me o alvo de forma a não haver dúvidas sobre o rumo a seguir. A caminho do cu farejei-lhe a cona, que ficara de olho aberto depois da minha penetração manual…
Desci um pouco e inalei profundamente, aspirando para os pulmões o néctar suado do seu ânus, ambrósia revitalizante que me deixou o caralho aos pulos.
Desta vez nem perguntei nada, meti dois dedos na boca para lubrificar e enfiei-lhos no rabo, ao mesmo tempo que lhe massajava o clitóris com o polegar da outra mão. Ela tremeu toda.
Por fim voltei a meter os dedos na boca, para saborear as suas essências, de um buraco e do outro. Eram tão maravilhosas que tive que lhe lamber aquele rego todo, aquelas virilhas suadas, o vale todo das nalgas, com aquela penugem que não se via mas estava lá, aquela cona e aquele cu, cada um com o seu mosto particular.
Demorei-me vários minutos com a língua de volta daquele parque de tesão, com especial incidência no furo negro, que sonhava enrabar em algum momento.
Tinha verdadeiramente essa expectativa depois de, nas conversas, ela me ter repetido várias vezes que amava anal.
“Quando estou com um homem e me apetece, não quero cá conversas, quero que me vá ao cu.”, dissera, com muita naturalidade.
Ocupar-me do cu da fêmea é algo que nunca fiz esperando o respectivo quid pro quo. Sei que não é para toda a gente e muitas mulheres não apreciam. Mas ela não demorou a perguntar…:
– Posso fazer eu agora?
Nunca me tinha acontecido… Ainda não havia 30 segundos que me estava a lamber o cu e comecei a esporrar-me desalmadamente!
Na posição em que estava, deitado de costas com as pernas todas abertas, como um peru na montra do talho à beirinha do Natal, os jactos de meita dispararam na vertical oblíqua, acabando por aterrar nas costas dela e no cabelo…
Ao início ela olhou para mim meio divertida, mas logo se lhe sobrepôs uma nuvem de desilusão, porque afinal, mal tínhamos começado…
Naturalmente, ela estava longe de estar satisfeita.
Sem saber o que fazer, bastante envergonhado pela minha explosão precoce e sentindo muita necessidade de reciprocar, voltei a meter-lhe os dedos e desta vez não parei.
De início ela estava reticente, insensível àquele tratamento mais brusco, como se não fosse capaz de se concentrar em sentir, mas a seu tempo o prazer sobreveio ao desconforto e deixou-se levar.
Acabou por se vir, mas mesmo sem a conhecer percebi que o máximo que consegui arrancar dela foi um orgasmo leve, que mal a fez estremecer. Julgo até que foi mais uma libertação líquida do que propriamente um clímax sensorial, emocional.
Era como se o seu corpo se viesse mas a mente nem por isso. Nem sequer ficou naquela tontura do orgasmo por um momento, puxou logo duma toalha e começou a limpar a fenda e regiões adjacentes, que de facto estavam abundantemente molhadas. Mas era um molho sem o sal da luxúria…
Não foi decididamente a melhor foda das nossas vidas. Não foi seguramente o momento mais alto da minha masculinidade. Mas foi o que aconteceu no dia em que tive o privilégio de dar de caras com o corpo perfeito – logicamente, perfeito para mim.
Todos nós seleccionamos as nossas respectivas perfeições. Para mim não oferecia dúvida, era um corpo mais belo do que qualquer poema.
Sei que não é desculpa, mas nada me preparara para tanta beleza, para tanta tesão.
Depois disto, com bastante naturalidade, voltámos a ficar tímidos. Ela parecia distraída e eu só pensava em compensar a minha pobre performance, que não fora o que nenhum de nós esperava e muito menos o que ela merecia – e procurava.
Vestiu-se apressadamente e não demorou a sair porta fora, com esporra no cabelos e um sorriso diplomático.
Acho que só queria fugir de mim e não a condeno por isso… Vi o seu rabo maravilhoso bandear-se para longe, sem sequer se voltar uma última vez para me olhar.
Logo a seguir desapareceu do grupo de sexo – ou mudou o nome fictício que todos usamos nesses sítios – e, como não sabíamos nada um do outro, nunca mais a consegui contactar.
Não consigo sentir nada a não ser violentos ciúmes pelos homens e respectivos caralhos que a andam a foder desde então, seguramente a dar-lhe o prazer que eu não fui capaz de entregar…
Ainda a vejo muitas vezes, quando penso nela e no sonho irónico onde finalmente tenho à minha disposição o corpo perfeito, estou prestes a atingir o clímax e acordo antes do tempo...
Enfim, já nos aconteceu a todos. Fodas…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com