26 Oktober, 2023 4x4 - Capítulo 1
Apanhámos os nossos amigos a foder...
Eu a minha namorada, Elsa, temos um casal amigo, a Júlia e o Júlio (não é brincadeira!), e passamos muito tempo juntos. Sempre que temos um bocadinho para sair, para jantar, ver um espectáculo, viajar ou passar férias, nem se discute, somos sempre os quatro. E mesmo quando não vamos a lado nenhum, o hábito é estarmos juntos na casa de uns ou de outros.
Além de nos conhecermos há bastantes anos, temos feitios complementares e até as nossas relações são semelhantes. Como acontece comigo e com a minha namorada, eles também discutem muito, mas há um amor tão grande que vai sobrevivendo a tudo.
Eles foram feitos um para o outro, assim como acho que nós também. E quando há confusão com um casal, está sempre lá o outro a apoiar e a fazer o ponto de equilíbrio.
Há uns tempos as coisas aqueceram um pouco demais e, num jantar na nossa casa, por ocasião do meu aniversário, os nossos amigos envolveram-se numa discussão que nos fez pensar se não seria o fim de tudo.
Sinceramente, não recordo o que despoletou a situação, mas lembro-me das expressões de fúria, mesmo ódio, de parte a parte, e creio que se não estivéssemos ali, as coisas poderiam ter escalado para outras consequências.
Claro que acabei eu a consolar o Júlio e a Elsa a consolar a Júlia, rapazes para um lado, raparigas para o outro, o normal na guerra dos sexos, mas da nossa parte sem tomar partidos. A nossa solidariedade estava com a união deles, não com um ou o outro em particular.
Finalmente, conseguimos voltar a pô-los frente a frente e quase lhes ordenámos que se entendessem. Deixámo-los no nosso quarto, dando-lhes espaço, e voltámos para a sala.
Tinham passado uns vinte minutos e o tom da discussão baixara até ao silêncio total. Lembro-me de nos olharmos, a Elsa e eu, orgulhosos do nosso poder diplomático, pois graças a nós eles tinham-se entendido.
Embaixadores da paz, felizes por tudo ter acabado bem e podermos voltar à normalidade, pegámos nos copos e fomos ter com eles para celebrar juntos. Mas mal saímos da sala, o inesperado apresentou-se...
Os sons que de repente começaram a sair do quarto, mal dobrámos a esquina do corredor, não ofereciam dúvidas: os nossos amigos estavam a foder!
Um jogo de gemidos cadentes, de homem e mulher, e os estalos da cama que tão bem conhecíamos.
Vimos a luz que saía da porta aberta e percebemos, de imediato, que tinha sido impulso de momento, pois nem tiveram tempo de a fechar. Claro que já todos tínhamos bebido a nossa dose, o que ajudava à loucura do comportamento deles... e do nosso!
Lembro-me que ainda hesitámos um momento. Depois, os nossos impulsos voyeurísticos falaram mais alto. Aproximámo-nos da porta e ficámos a ver os nossos amigos a foder!
Víamo-nos todos os dias, basicamente, já fizéramos tudo à frente uns dos outros, já todos se tinham visto nus... Mas nunca nos tínhamos visto a fazer sexo!
Claro que, várias vezes, já tínhamos brincado com a ideia. Em tanto tempo, em tanta história, em tanta bebedeira, é óbvio que já tínhamos falado em trocas de casais, orgias e afins. Mas sempre nesse registo cómico, nunca uma ideia mais física do que isso. Pura fanfarronice alcoólica, só permitida pela abertura duma grande amizade...
Agora víamo-los noutra dimensão e, para o impacto ainda ser maior, nada de meiguices, nada de missionário íntimo, de olhos nos olhos, sexo por amor. O contrário, tudo animal, bruto, ela de quatro submissa como a mulher pré-histórica e ele com o pau enfiado no cu posto a jeito, a investir como um touro de cobrição! Ela babava-se de gozo...
O quadro, completamente inesperado, associado à resposta natural dos sentidos, puseram-me o caralho aos saltos e, ao pé de mim, senti a Elsa a tremer de tesão. Já tinha levantado a mini-saia e esfregava a cona como se ninguém a pudesse ver.
Logo a seguir, com os olhos vidrados de luxúria, pôs-me a mão em cima das calças e começou a massajar o que conseguiu agarrar. Agarrei-lhe na cabeça e baixei-a até se ajoelhar. Só abri o zipper, ela fez o resto.
Não recordo bem a sequência dos eventos, lembro-me do prazer brutal, da tesão da transgressão, do inédito de tudo. A Elsa a mamar-me e a enfiar-me as unhas no cu, enquanto eu observava o meu amigo a enrabar a namorada, que arfava e se babava toda dum prazer surreal.
Também eu já era só um animal... Vim-me na garganta da Elsa, que se engasgou com a quantidade de meita que lá depositei. Uma parte ficou-lhe nas beiças e na cara e poucas vezes me lembro de ver a minha namorada com uma expressão tão satisfeita! Mais a mais, não era uma coisa normal para nós.
Ela própria, com os dedos enfiados na cona, já vinha no arrastar dum orgasmo quando começou a tossir sonoramente. Eu comecei a urrar assim que lhe comecei a disparar jactos quentes para o céu da boca.
Quando parámos com os nossos respectivos estertores e voltámos à realidade, vimos os nossos amigos, parados, a olhar para nós...
Nessa noite, acabámos os quatro a rir, pensando que ficaríamos com mais uma história para contar e que não haveria mais consequências.
Mas a verdade é que tudo mudou a partir daí. Porque, cada um à sua maneira, todos ficámos com a “cena” na cabeça.
Ainda assim, estávamos longe de imaginar onde este pequeno incidente isolado nos haveria de levar...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com