24 junho, 2020 Um olhar sobre a bissexualidade
Há mais aceitação por parte da sociedade à homossexualidade do que à bissexualidade.
Olá malta! Para além de Junho ser o mês das Festas dos Santos Populares, para quem não sabe, também é o mês da Visibilidade LGBT. Por esse motivo, não poderia deixar de falar um pouco mais sobre a bissexualidade, até porque já faz tempo que estou a dever mais um texto sobre isso.
Grande parte dos bissexuais sofrem com a invisibilidade, não somente pelo padrão heteronormativo, mas também dentro da própria comunidade LGBT.
Na maioria das vezes, somos vistos como curiosos, indecisos ou promíscuos. Sendo os homens vistos como “enrustidos”, ou seja, que não têm coragem de assumirem que são gays, e no caso das mulheres, curiosas ou indecisas.
Existe uma pressão em cima do homem em relação a isso e faz com que a invisibilidade bissexual masculina seja ainda maior. O machismo da nossa sociedade e o medo causado pelo preconceito fazem com que muitos mantenham relações secretas com outros homens enquanto mantêm um relacionamento com uma mulher.
No caso das mulheres, a bissexualidade acaba por ser fetichizada e tachada como curiosidade.
Ora, qual homem já não ficou a imaginar-se com duas mulheres na cama a lhe satisfazer e a satisfazerem-se à sua frente? E em quantos filmes pornôs o homem aparece como “o dono do falo sagrado salvador do sexo entre duas mulheres”?
É de perder as contas.
O facto é que, no geral, há mais aceitação por parte da sociedade à homossexualidade do que à bissexualidade, já que muitos vêem a segunda como promiscuidade e não como sexualidade.
Segundo algumas pesquisas, bissexuais costumam sofrer mais de ansiedade e depressão, bem como a taxa de suicídio também ser mais alta neste grupo, justamente devido à invisibilidade na sociedade, por terem a existência de sua sexualidade negada e também pela dificuldade em assumirem-se como bissexuais, seja para os outros, quanto para si mesmos. Existe sempre o receio de assumirem-se dentro de seus pequenos círculos como família, amigos e trabalho.
Eu que estou do lado de cá, como bissexual, entendo bem disso. Como já contei no meu outro texto “Ensaio sobre a Bissexualidade”, nem sempre é fácil assumir-se, a gente praticamente escolhe para quem vai contar e, geralmente, só conta quando sabemos que a outra pessoa tem uma mente aberta e não vai julgar, mas dizer à família ou até mesmo para colegas de trabalho nunca é fácil. Mas quando conseguimos é extremamente libertador, é algo que parece como se tirássemos uma máscara fora e podemos ser nós mesmos.
E você que está aí do outro lado que identificou-se e quer contar a sua história, mande-me um email, independente se é cis ou trans. Eu prometo que tudo será tratado com o maior sigilo e carinho.
Precisamos mostrar ao mundo que nós bissexuais existimos e lembrar que o B da sigla LGBT não é de Banana.
Um grande beijo!
Suzana F.
Suzana F.
Suzana F. é mente aberta, observadora e crítica por natureza. Apaixonada por literatura, ama ler e escrever sobre sexo.