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07 agosto, 2016 Ser gay ou não ser

Poderá uma experiência definir a nossa orientação sexual?

“Serei gay por achar outro homem atraente?”. Esta pergunta que alguns homens já fizeram a si próprios, carrega em si todo um passado de sentimento de culpa e exclusão que teve o seu inicio nos tempos de escola. 

Ser gay ou não ser

Deixemos de lado toda a questão ética, moral, dos direitos humanos e das liberdades adquiridas da nossa excelente comunidade gay portuguesa e vamos focar-nos um pouco da dúvida de orientação sexual que um homem hetero consegue imprimir nele mesmo por querer reprimir também algo.

Eu sou heterossexual. Pelo menos até à data! Até posso ter feito metade do jogo da vida a comer gajas e a restante vá comer gajos. Sei lá. Mas vamos assumir que assim irei manter-me até aos fins da minha vida. Eu, e muitos de vocês, conseguem ver se um gajo é atraente sem querer meter um caralho na boca, certo? Ou é estranho um homem achar outro atraente? Um homem consegue pôr-se a si mesmo “bonitão” para ir dar a queca, olhar para o espelho a pensar “até eu fodia comigo hoje” e não consegue olhar para um gajo no meio da rua e pensar “foda-se, aquele gajo é mesmo giro”? Não se estejam a rir, porque eu sei que estão. Esta lógica faz sentido, por muito parva que seja. Não é aceite socialmente num grupo de amigos a apreciação em grupo de homens, até porque seria estranho. Nem elas fazem isso umas às outras, por amor de Deus. Mas elas conseguem reconhecer quando uma delas é boa como o milho, enquanto nós estamos aqui presos com mordaças de sentimento de culpa/inferioridade/medo de qualquer coisa que eu nunca percebi. Com isto eu também não quero dizer que se vá gritar na cara de todo o gajo giro que passa “epá tu és bom todos os dias, podemos ir sair os dois e comer umas gajas?”.

Ser gay não é uma escolha. Ninguém acorda e decide que a partir de agora quer levar com cabeças de caralho no meio dos olhos. Eu também não escolhi ser moreno: fizeram-me assim. E se no meio de uma cowboyada de homem/homem/mulher houver ali contacto intencional de homem para homem, o que é que acontece? Digamos que até era uma merda que nem te fazia impressão e alinhavas em agarrar num tarolo alheio para te divertires com outro gajo. No final disso tudo e quando a maluqueira da tesão passasse, o que é que irias sentir? Que dúvidas sobre ti mesmo é que poderiam surgir? Sabem aquela máxima “um gajo que beba uma mini, não vira logo alcoólico”. Eu sou adepto disto, sabiam? Nunca tive curiosidade de me embrulhar com um gajo e esgrimar piças, mas também não é nada que me deixe assim tão desconfortável ou incomodado quando penso. No final, seria apenas uma mini. É normal que a curiosidade no campo sexual aumente à medida que vamos concretizando fantasias e desejos e tendência aumenta com o avançar do tempo. 

Reprimir fantasias por receio de "ai mas o que iriam pensar de mim?" é triste. Gostavas de comer um gajo para experimentar? Força. Ninguém nasce a gostar de sushi até meter um rolo de peixe na boca. Sabes lá se meteres na boca um rolo de carne a cheirar a peixe que não seja essa a tua cena, afinal? E podes muito bem nem ser gay.

Claro que um gajo que beba 20 minis e ainda enfie as garrafas no cu, talvez deva repensar a sua vida e o que anda a reprimir.

Giro era mesmo nos deixarmos destas amarras de “eu sou isto, logo tenho de fazer isto” e começarmos a viver fazendo aquilo que nos sabe bem.

Os outros que se fodam.

Boas fodas e até quarta.

Noé

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