12 maio, 2019 Peregrinação no país dos bons costumes
O “quarto F” ainda é tabu.
A fé de cada um, apenas ao próprio diz respeito, mas não deixa de ser curiosa esta capa da moral e dos bons costumes que vestimos sob a nossa perversa e pecadora sociedade portuguesa.
“Fado, futebol e Fátima” era o mote da mentalidade do Estado Novo. O “quarto F”, esse, continua a ser tabu de ser falado, mostrado e discutido abertamente. Não estou a falar de frango assado, pese embora seja um grande apreciador, mas de FODER. Com F maiúsculo de quem sabe Foder e gosta de Foder. Nós, os pecadores, amantes da luxúria, o mais saboroso e inocente dos pecados mortais (talvez a gula seja o meu segundo pecado preferido).
Se Deus existe ou não, eu não sei. Parte de mim quer acreditar que sim para justificar de forma mais simples como é que andamos todos aqui de um lado para o outro de telemóveis na mão. Por outro lado, podemos ser apenas fruto de uma enorme coincidência do choque aleatório de átomos. Seja como for, com ou sem Deus, tenho a certeza absoluta que “Igreja” (no sentido de organização) é uma criação do Homem e totalmente real. Esta mesma Igreja dedicou-se a queimar e perseguir pessoas no passado apenas por se deixarem consumir pelo desejo natural da espécie humana, ou seja, o instinto natural que possuímos para nos reproduzir. Por outras palavras, a tesão. Nós não temos culpa de Deus nos ter feito assim, certo? Se existe Deus – e vamos assumir que Ele existe para bem deste argumento – contrariar o desejo natural e puro que sentimos por outros membros da nossa espécie é, a meu ver, estar a ir contra a Sua vontade.
Que tipo de Criador é que nega ou condena a necessidade de reprodução?
Será o prazer que tiramos do sexo um erro grave do Senhor? Ou será que fomos vítimas neste último século de censura por parte de um grupo de pessoas agarradas ao poder? A hipocrisia desta instituição tão manchada por casos de abuso sexual é demasiada para continuar a ser debatida. Sexo continua a ser tabu na terra dos peregrinos. Preferem foder os joelhos até Fátima em vez do marido. Preferimos continuar a censurar imagens sensuais e a abrir telejornais com cabeças cortadas. Nesta terra de Fátima em que a instituição marcada de violência e sangue manda, a imagem de um pénis erecto é pecado. A imagem de um pénis decepado é “algo que acontece”.
Chocante é estarmos em 2019 e ainda existirem pessoas que acreditam que sexo antes do casamento é pecado. E depois são apanhados a levar no cu.
Valha-me Deus.
Até quarta e boas fodas.
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.