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19 maio, 2015 O que eu ganhei não me masturbando durante um mês...

Um mês inteirinho de abstinência total que mudou a minha vida do avesso...

Aqui há uns tempos, por vicissitudes pessoais, nomeadamente o facto de ter estado sem parceiro sexual ou amoroso durante cerca de um mês, e depois de uma GRANDE decepção sentimental, resolvi abdicar dos prazeres carnais! Forcei-me - e o termo adequado é mesmo esse - a abdicar das maravilhas do orgasmo, seja por via do sexo, seja através da masturbação.

O que eu ganhei não me masturbando durante um mês...

Esta abstinência que escolhi durou cerca de um mês inteirinho - nada de sexo e nada de esfreganços sequer! E a minha vida mudou do avesso - mas não necessariamente para pior...

Nunca antes consegui despachar tanto trabalho, nem a minha casa alguma vez andou tão impecavelmente limpa!

Consegui reduzir substancialmente a minha lista de "to dos" - aquelas coisas que apontamos para fazer e que nunca conseguimos terminar. E nunca a minha cabeça teve tantas ideias ou projectos em andamento!

Acabei por perceber que passar um período de tempo continuado afastado dos prazeres carnais faz um bem do caraças ao corpo e ao espírito! Mesmo. E quando voltei a eles, bem... Tudo pareceu melhor do que NUNCA!

Evidentemente, que há uma altura em que a abstinência começa a ser mais do que benéfica, torturante. E aí, o melhor é pôr de lado tudo e deitar mãos à obra!

É sabido que a masturbação contribui decisivamente para a redução do stress, conforme apontam diversos estudos científicos. Aliás, o mesmo se passa com o sexo. Investigações variadas confirmam ainda os benefícios cardíacos que o orgasmo e a satisfação sexual regulares também acarretam.

E há ainda especialistas que defendem que a prática regular de sexo contribui para alimentar as fantasias sexuais e o lado mais criativo e imaginativo do ser humano.

Porém, a ausência da prática pode mudar o foco da nossa vida, por algum tempo, e fazer-nos concentrar em aspectos que não relevávamos antes. Até enfatizar a importância que a masturbação tem para nós - abster-se dos orgasmos, acabará também por criar na ideia de os voltar a ter um peso que os valoriza.

Imaginem, suster durante 30 dias o prazer, fugir da sua satisfação plena, mantendo a excitação em ponto de rebuçado. É um tipo de conceito caro ao sexo tântrico, onde a energia da excitação é mais importante do que o orgasmo em si, defendendo-se a ideia de que manter a erecção e adiar o mais possível a ejaculação e o orgasmo transforma-o numa experiência muito mais intensa e incrível. 

E foi um pouco isso que percepcionei, nesta minha peculiar experiência sexual - após tanta energia acumulada, tive um daquels orgasmos que nunca mais acabava! 

 

Quando nos impomos um desafio deste tipo - de "fugir" da masturbação como o Diabo da cruz! -, somos forçados a concentrar-nos noutros aspectos da nossa vida. E, de certa forma, a pôr o sexo e o prazer sexual de parte. Por incrível que pareça, isso imprime uma leveza no dia-a-dia que soará inacreditável a quem nunca experimentou uma abstinência deste tipo.

Há para quem a masturbação, o atingir o orgasmo, o fazer sexo, sejam quase obsessões diárias! Muitos homens, particularmente adolescentes ou homens em idades mais avançadas, quase que vivem com esse único pensamento na cabeça, como se não houvesse mais nada para lá disso, o que se torna altamente improdutivo e quase perturbador de todas as outras áreas da vida.

Nestes casos, a masturbação é um processo praticado com demasiada recorrência, o que pode até ser perigoso, como já falamos aqui noutro artigo.

Neste domínio estamos também a falar de não se ser capaz de controlar desejos, algo que é extremamente grave, não apenas no âmbito sexual, mas em tudo o demais. Trata-se, ainda, de uma circunstância altamente limitadora e quase sufocante, se pensarmos bem no assunto.

Logo, libertarmo-nos desse espartilho de obsessão, suscita um sentimento de liberdade e de quase alívio. Senti-me, verdadeiramente, mais desperta para a vida!

Todavia, é preciso ter em conta a fisicalidade da coisa, particularmente do processo de excitação em si. Quando estamos com tesão, há um bombear de sangue, seja para o pénis, seja para o clitóris que também tem erecções, funcionando como um verdadeiro pénis feminino.

Estes órgãos ficam tumefactos, inchados, em tensão, e é depois do orgasmo que voltam ao estado de relaxamento normal.

A ausência de orgasmos regulares transforma este processo de excitação em algo mais agressivo, particularmente nos homens, com as erecções a ficarem crescentemente mais fortes e mais duras. Isso pode, em última instância, criar desconforto e uma percepção de não se poder aguentar mais.

Pelo que, importa sublinhar que este tipo de decisão, de se abster da masturbação e do sexo, deve ser medida e pensada por cada qual, conforme as suas características pessoais e até profissionais. Ou, de resto, nem sequer alguma vez em tempo algum ser posta em prática!

A masturbação não é nada de que nos devamos envergonhar. É uma parte importante da intimidade de todos nós, nomeadamente no sentido da auto-descoberta.

Por isso, a abstinência é aconselhada em pequenas e muito infrequentes doses.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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