23 julho, 2017 Cross-dressing! É um fetiche?
“Querida, Maria: vesti-me de mulher? Posso engravidar?”
Perguntem a dez pessoas o que é o cross-dressing e muito provavelmente irão obter dez respostas diferentes (excepto se perguntarem a dez cross-dressers!). Vivemos numa época algo difusa onde a questão da identidade de género já atingiu contornos tão complexos que se torna por vezes muito complicado fazer uma separação de ”águas” do que é ou não é um fetiche, orientação sexual ou, simplesmente, um gajo que gosta de se vestir de mulher para se divertir.
Define-se cross-dressing como o acto de usar items de vestuário e outros acessórios associados ao do género oposto numa determinada sociedade. Praticamente todas as sociedades possuem normas definidas em relação que cada género deverá vestir - ou se espera que assim seja. No entanto, não existe nenhum artigo na Constituição que proíba quem quer que seja de andar vestido como quer. Pelo menos, no nosso caso. Todos sabemos que em países cujo fundamentalismo religioso é dono e senhor da lei, a coisa adquire outros contornos. No entanto, o termo cross-dressing indica precisamente apenas isso: usar roupa e acessórios do sexo oposto. Não é indicador de forma alguma da razão que leva a pessoa a o fazer e, se vamos por aí, vamos ficar aqui toda a noite a discutir os motivos. Pego já no primeiro exemplo mais familiar para todos: as matrafonas. Todo o folião que se veste de mulher no Carnaval, é um cross-dresser (temporário). Assumimos à partida que aquela “personagem” nasce com um propósito, uma finalidade e que em nada tem a ver com identidade de género, fetiche ou orientação sexual. Noutro contexto, a mesma pessoa vestir-se de mulher, já poderá ser alvo de outra interpretação. O cross-dressing é algo bastante circunstancial e bastante individual no que às razões de cada um dizem respeito.
Existe alguma confusão com os cross-dressers e os transgenders, estes últimos, também algo incompreendidos em relação à orientação sexual. Tanto existem cross-dressers heterossexuais como transgenders homossexuais e vice-versa. Não vamos confundir o que somos com quem queremos foder.
Alguns exemplos dos vários tipos de cross-dressing:
- Disfarce de género em sociedades e outras organizações onde se assume o papel do sexo oposto por uma questão de necessidade.
- Peças de teatro, cinema e outras formas de expressão artística.
- Drag, uma das mais famosas performances, expoente máxima do cross-dressing.
- Fetichista, em que uma pessoa - por norma, um homem heterossexual - assume o papel de mulher com vista a obter prazer sexual.
- Fato de Carnaval de pessoas que se esqueceram de comprar um fato de carnaval.
Respondendo à questão inicial: é um fetiche? Sim, mas não só.
Deixem as pessoas vestirem-se como quiserem, foda-se.
Até quarta e boas fodas.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.