07 abril, 2015 Cientistas estão a cultivar pénis em laboratórios
Parece ficção científica, mas é realidade.
Há uma equipa de cientistas que está a "cultivar" pénis em laboratórios e que espera poder fazer os primeiros transplantes em homens a breve prazo. Um avanço médico extraordinário, graças à bio-engenharia, que pode prolongar e melhorar a vida sexual de alguns...
Reis do sexo são cobaias na investigação
É no Instituto Wake Forest para a Medicina Regenerativa, na Carolina do Norte, EUA, que o cirurgião urologista Anthony Atala e uma equipa de 300 investigadores "cultiva" pénis em laboratório.
Já lá vão mais de 20 anos de pesquisa e estes cientistas esperam estar prontos para fazer os primeiros transplantes de pénis criados pela bio-engenharia dentro de cinco anos.
Até agora, têm feito várias experiências com sucesso em coelhos, amplamente conhecidos pelo seu fervor sexual. Em 2008, recorreram a 12 destes animais apetrechados com pénis criados em laboratório e verificaram que todos tentaram entrar em acção sexual com uma companheira coelha e que oito conseguiram ejacular.
Mas, até partirem para o primeiro transplante num homem querem que tudo esteja perfeito, pelo que os testes prosseguem minuciosamente. Não é caso para brincadeira e não há margem para erros.
A equipa de Anthony Atala já fez diversos transplantes de órgãos criados em laboratório. Em 2006, anunciaram transplantes bem sucedidos de bexigas "bio-engenhadas" em sete pacientes, feitos em 1999. Já neste ano, deram conta do transplante de vaginas laboratoriais em quatro mulheres, durante os anos de 2005 a 2008. Em 2004, fizeram transplantes de uretras criadas em laboratório em cinco rapazes.
Mas os pénis são outra história! Trata-se de um órgão que acarreta desafios mais difíceis por causa da sua estrutura e forma, bem como devido à densidade das suas células e ao tecido esponjoso com capacidade eréctil.
Cultivar pénis como quem constrói um edifício...
Quando se verifica uma erecção, os tecidos nervosos propiciam a dilatação dos vasos sanguíneos, enchendo o tecido esponjoso de sangue e provocando o crescimento do pénis e a sua rigidez. É este processo que é difícil de recriar.
No sentido de o imitar em laboratório, Anthony Atala e a sua equipa tiveram a ideia de recorrer ao pénis de um dador e de o mergulhar num detergente de enzimas, para retirar todas as células existentes.
"O que fica é uma espécie de andaime de colagéneo - um esqueleto, se se quiser, que se parece exactamente com o órgão. Pensa nele como um edifício. Se removeres toda a mobília e as pessoas, ainda ficas com a estrutura principal do edifício. Então substituis os inquilinos por outros novos. Essa é a ideia. Só que o edifício é um pénis e os inquilinos são células", explica James Yoo, um dos colaboradores de Atala, em declarações ao jornal The Guardian.
Estes pénis criados em laboratório são, deste modo, elaborados com recurso às células do próprio paciente que receberá o novo membro.
"O falo é, na verdade, muito maior do que se pensa. Ele vai até bem atrás da pélvis, por isso, não interessa a extensão do dano, haverá sempre uma grande probabilidade de haver células aproveitáveis", explica Anthony Atala no referido diário.
Os danos de que o professor de Medicina Regenerativa fala podem ser variados e estar associados a defeitos genéticos, a lesões traumáticas, a cirurgias para cancros do pénis demasiado severos ou até a casos de acidentes trágicos ou de "vinganças" perpetradas por companheiros ou companheiras.
A própria degeneração típica do avançar da idade também causa disfuncionalidades ao pénis que podem encontrar nos órgãos criados em laboratório por Atala e pela sua equipa uma solução para uma vida sexual mais prolongada.
Enxertos de pele e transplantes são soluções pouco satisfatórias
A reconstrução de pénis implica, actualmente, o uso da pele e do músculo da coxa ou do ante braço do paciente. As funções sexuais do membro são garantidas com a inserção de uma prótese peniana no interior da pele - essas próteses podem ser constituídas por hastes maleáveis que deixam o pénis num estado permanente de semi-rigidez, o que torna difícil escondê-lo, ou por hastes insufláveis, apetrechadas com uma bomba com uma solução salina alojada no escroto.
Estas soluções são bastante insatisfatórias, quer em termos de aparência, quer no domínio da função sexual efectiva, nomeadamente aquando da penetração.
Outro método que é utilizado, hoje em dia, é o transplante de um pénis de outro indivíduo. Mas é um processo que pode suscitar a rejeição imunológica e o uso de medicamentos para evitar a morte do órgão transplantado acarreta inúmeros efeitos secundários graves indesejados. Além disso, há que ter em conta as questões psicológicas associadas ao facto de se implantar o pénis de outro homem.
Em 2006, foi reportado o caso de um homem chinês que recebeu um pénis de um doador e que, após uma cirurgia de 15 horas, solicitou aos médicos que lhe retirassem o novo órgão.
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)