28 março, 2020 Quando uma punheta nos sai do bolso!
Isto acontece quando podemos sair de casa. Agora? #euficoemcasa
Uma das benesses da vida de solteiro aos 30 são todas as que temos aos 20 mas com mais 10€ no bolso da camisa e um maior know-how de como gerir situações. Mas a vida é uma caixa de Happy Meal de surpresas e quando queremos comer à força o menu, acabamos for ficar agarrado ao brinquedo.
Antes de mais, queria agradecer publicamente a todos os maridos que não sabem comer a mulher que têm em casa. Não estou a dizer que não saibam foder, estou a dizer que não sabem como foder quem dorme com eles. Porque se acham que foder é apenas pila na cena e cena na pila, então não vai demorar muito até que um gabiru vá preencher o espaço entre as pernas da companheira mal comida. Não me critiquem: não assinei nada, não tenho compromisso e se há alguém aqui a apontar o dedo não é a mim de certeza.
Eu presto um serviço público (ou púbico, neste caso).
Já andava há alguns meses a trabalhar a menina. 28 anos dos arredores de Lisboa, com cara de princesa, mente leviana e rabo galáctico que quando montado parece que nos leva a Marte para descobrir mais água do que a que lhe cai por entre as pernas quando fala comigo ao telefone. Como já revelei aqui antes, eu não sou muito fã de levar gajas para minha casa porque a velha máxima “não se come, onde se dorme” é um antigo lema meu. Com esta atitude fui ficando bastante conhecedor de residenciais, móteis e outras camas mais. Estando dependente da disponibilidade da indisponibilidade do marido, fui confrontado pelas 15:00 via SMS com:
“Hoje dá. Vou ter onde? Saio daqui lá para as 19:00”
Foda-se. Tenho 4 horas para arranjar um quarto na metrópole. Em pleno Agosto. BOA! Ainda por cima a menina com a mania da fineza, não queria ir para uma residencial fajuta a 20€ por hora (manias…). Tive de ser criativo e nada puxa mais pela criatividade fodangueira que uma foda épica em perspectiva. Pensei em arranjar um meio termo entre um hotel e uma residencial e lá me apareceu um quarto numa “guest house” em pleno bairro típico lisboeta. Para quem não sabe ou nunca esteve num sítio desses, é um pouco ambiente de residência universitária em que se ouve muitas linguas diferentes e é um entrar e sair de gente a toda a hora. Não é propriamente intimista mas... que se foda.
Faço check in e passam-me as chaves da suíte a troco da caução de 20€ (isto já me começa a sair do bolso e ainda nem um broche me fizeram). Com isto são 17:30. A menina só saía de onde vivia às 19. Tenho uma hora e meia para tomar um banho, bater uma (para durar mais) e ir fumar uma cigarrada à janela a ver os pombos a cagarem a calçada. Tudo sob controlo.
Lá faço os meus afazeres e estico-me na cama à espera da pessoa que teimava em não dizer nada há já algum tempo. Como não sou do tipo enfega, resolvo aguardar e acabo por adormecer na cama de toalha enrolada à cintura e telemóvel na mão. Telemóvel toca. Assusto-me.
“Estou? Não recebeste o meu sms? Porque não dizes nada?”
Vejo o telemóvel. Não tenho nada. Volto a ver melhor. Nada.
“Como? Não recebeste.. espera… ai.. AI… AI FODA-SE… ESPERA JÁ TE LIGO.”
Chamada desligada de forma abrupta. Fico à nora ainda meio atarantado do sono.
Telemóvel volta a tocar passado uns minutos.
“Foda-se… mandei a sms para ele. O meu marido leu o que te mandei.”
Perguntei pelo teor da mensagem com algum receio do vou ouvir e o meu medo tinha razão de ser:
- “Disse que me fodesses de quatro com a cabeça na almofada. E que te viesses todo na minha boca… merda. Merda. Foda-se”
- “Ok tem calma. Isso tem solução… acho eu.”
- “Mas tu estás maluco? Como é que se explica isto? Han?”
E aqui entram os anos e anos a dar tangas a jovens inocentes
- “Vais precisar de uma amiga. Alguém que já saibas algum podre para ficarem em pé de igualdade. De seguida, vais ligar a rir ao teu marido e dizer que a mensagem era para essa amiga que te ligou a pedir um conselho sobre como fazer sexting para com o namorado. Vais te mantendo sempre a rir durante o processo todo e vais lhe pedir desculpa. Não vaciles. Lembra-te: sempre a rir.”
- “Mas eu não consigo mentir…”
- “Ok. Então… não sei”
- “Ele está-me a ligar. Já digo algo…”
Aguardo na cama ainda de toalha enrolada e telemóvel na mão. Silêncio. Lá fora apenas o barulho dos eléctricos e do final de um dia de azáfama citadina. No quarto, ligo a TV e aguardo por noticias. São 20:30 e ainda nada.
Liga-me são 21:00 e de voz trémula:
“Desculpa. Hoje não vai dar. Gosto muito de ti… ”
Foda-se. E agora? Estou sozinho numa “guest house” em pleno centro de Lisboa com 20€ de caução já fora do bolso. Desço à rua para comer e pensar numa forma de rentabilizar a situação. Ao mastigar o meu overpriced hamburguer artesanal tive uma ideia simples e de génio, só ao alcance de quem quer foder: vou ligar a uma amiga!
- “Estou..alloooooooooooooo baby, tudo bem? Olha.. nem vais acreditar. SUPRESAAAA! Reservei um quarto para nós em pleno centro histórico de Lisboa porque sei que adoras. Estás onde?”
- “Num jantar de anos. Noé… conheço todos os teus truques e expressões. Isto não és tu. O que se passou?”
- “Nada. Mas um gajo não pode supreender uma amiga de forma simples e espontânea?”
- “Quem é que se cortou?”
- “Han?”
- “Noé… eu conheço-te. Tu és meticuloso e planeias tudo. Jamais farias isto sem ter a certeza que eu podia ir. Lamento, “campeão”. Não gosto de ser segunda opção. Pena… és uma boa foda. Adeus”.
(telefone desligado na cara)
Pronto. Há dias que simplesmente devemos olhar para o céu e falar com São Rocco (Santo Protector dos Fodilhões) e perguntar de braços no ar, pelo mal que fizemos.
Volto à “guest house”. A minha mão não me vai negar. Bato um PUNHETÃO, mas que senhor Punhetão. Venho-me. Fumo um cigarro. Durmo.
Acordo no dia seguinte com o despertador Lisboa a soar ao ouvido com o seu toque de autocarros da Carris e buzinadela de táxi.
- “Boa noite. Gostou da noite? Só tem de pagar 20€, dado que o resto é da caução. São 40€. Precisa de factura com número de contribuinte?”
“Não. Preciso é de deixar de pensar com a cabeça de baixo”
40€ por uma punheta!
Até quarta, fiquem em casa e boas fodas.
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.